A Casa dos Soviéticos é um dos edifícios mais famosos de Kaliningrado, rivalizando, talvez, apenas com a Catedral de Königsberg e o túmulo de Immanuel Kant, nas proximidades. Paradoxalmente, o famoso prédio, que foi apenas 95% concluído, está vazio há mais de 30 anos.
No lugar das ruínas
Este local costumava abrigar o Castelo de Königsberg na época medieval — lar dos marechais da Ordem Teutônica e dos reis prussianos, danificado durante a Segunda Guerra Mundial, com quase todos os vestígios destruídos quando a construção da Casa do Soviéticos teve início.
O governo soviético optou por não trazer o castelo de volta à sua antiga glória – pois era considerado uma “personificação do nazismo”, dada a forma como as bandeiras com a suástica costumavam adorná-lo não muito tempo antes. As ruínas foram destruídas em 1970 e começou então a construção do prédio do governo, com base no projeto do arquiteto Lev Misojnikov.
A ideia era transformá-lo em prédio administrativo — o escritório da representação regional do Partido Comunista. A construção foi praticamente concluída em 1980 e o edifício foi envidraçado e eletrificado. Fontes e flores decoravam a praça externa. Restavam apenas os retoques de polimento. No entanto, o projeto foi repentinamente abandonado.
As obras inacabadas mais duradouras
Os funcionários do governo soviético nunca puderam usufruir da Casa dos Sovietes. A perestroika chegou e começaram as dificuldades financeiras; vários projetos como este foram suspensos. Com a dissolução da União Soviética no início da década de 1990, veio a privatização em massa. Quando a empresa que recebeu o prédio faliu, acabou vendendo-o a outra por migalhas.
Isto levou as autoridades municipais a entraram imediatamente com um recurso junto à Procuradoria-Geral para definir a transação como ilegal. O julgamento durou 15 anos, e a cidade só conseguiu recuperar a propriedade abandonada da Casa dos Sovietes em 2019.
Apesar de vazio todos estes anos, o edifício ganhou um status cult entre os moradores locais, além de muitos apelidos – cabeça de robô, monstruosidade e orelhas, dentre outros. Não à toa que hoje até estampa souvenires da cidade.
Ao longo de todos esses anos, o espaço ao redor do prédio sempre foi bastante animado. A praça à sua volta, por exemplo, recebe o Dia da Cidade, sendo o próprio edifício utilizado como superfície para projeções; também houve uma fan zone ali durante a Copa do Mundo FIFA 2018; todos os tipos de eventos e mercados sazonais também são realizados nesta área.
“A Casa dos Sovietes é um símbolo, é história”, dizem os moradores locais. Muitos também o criticam – referindo-se a ele como “monstruosidade”.
A história termina
Depois que o prédio foi devolvido à cidade, os debates sobre uma possível reconstrução se arrastaram por anos. Em meados de 2020, o governo regional desistiu da ideia, pois, com o passar dos anos, a estrutura já não era mais segura. Agora, um novo conceito foi criado para ocupar o espaço.
O edifício será em breve demolido (as obras já foram iniciadas) e então substituído por todo um complexo — com edifícios governamentais e de escritórios, hotéis e espaços de lazer.
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