Charles Berman (EUA): “Sem questões psicológicas”
Sou um professor on-line de inglês de Binghamton, Nova York, EUA. Em 2018, me candidatei e consegui um emprego em uma escola on-line de inglês com sede na Rússia e o que mais me surpreendeu: sem perguntas psicológicas – apenas sobre qualificações, experiência, técnicas e abordagem de trabalho. Para alguém dos EUA, foi uma surpresa muito agradável.
A entrevista foi prática e clara. Perguntaram sobre minha experiência. Pediram para eu descrever a minha abordagem ao trabalho. Dei uma amostra de aula para o entrevistador, o que demonstrou minha forma de trabalhar e competência. Pediram para eu explicar um tempo verbal em inglês, provando que eu realmente entendia a gramática que iria ensinar.
As entrevistas nos EUA envolvem mais questões psicológicas, como: “Onde você se vê daqui a 5 anos?”, “Qual seu maior ponto fraco?”, “Porque você quer trabalhar aqui?” etc. Eu preferi muito mais a entrevista russa. Nos EUA, estou sempre ciente de que a entrevistada tem expectativa de que eu dê uma resposta pronta e adaptada às perguntas esperadas. Eles também esperam que os candidatos se elogiem até certo ponto. Na entrevista da Rússia, senti que poderia ser mais sincero e não precisaria ser artificialmente orgulhoso.
Hunter Cawood (EUA): “Você é um espião americano?”
Depois de concluir meu mestrado na Universidade de São Petersburgo, resolvi me candidatar a um emprego de desenvolvimento de negócios internacionais em uma empresa russa com sede em Moscou. Foi em 2019. A primeira e a segunda rodada de entrevistas foram ótimas. Isso levou à terceira rodada, que foi um teste de detector de mentiras. A empresa contratou um ex-funcionário da FSB que encontrei perto de um shopping em Moscou. Eles me levaram a um prédio de escritórios, onde me ligaram a um detector de mentiras. Depois de me fazer perguntas básicas para estabelecer os parâmetros, eles me questionaram: “Você é um espião americano?” Resumindo a história, não me deram o emprego. Tire suas próprias conclusões… Mas sim, acabei conseguindo outro emprego em uma startup russa que faz automação de processos robóticos.
Radha Zaveri (Índia): “Não é impossível”
É meu quarto ano na Rússia e sempre tive entrevistas incríveis. Não é impossível conseguir um emprego se você tiver as qualificações e o conjunto de habilidades corretas.
Sou professora da de educação infantil [para crianças entre o nascimento e os 5 anos] com 20 anos de experiência e me candidatei a uma vaga de emprego na Rússia em 2019. Fiz uma entrevista à distância, pois morava na Índia, e o processo foi muito simples. Não posso dizer que algo no processo de entrevista foi diferente – fiz uma entrevista como faria em outros países. Acho que ser você mesmo é essencial.
Bob Lemmens (Canadá): “Você deve ter um conjunto de habilidades único”
Em 2010, fui contatado por uma empresa norte-americana que criou uma joint venture com a Lukoil Western Siberia. Eles estavam procurando um diretor-geral para administrar a joint venture. Fui à Rússia para me encontrar com eles em Moscou e depois visitar a fábrica em Kogalim. Fizeram muitas perguntas sobre a minha experiência no gerenciamento de uma instalação de produção química (experiência em engenharia, conhecimento financeiro, gerenciamento de despesas, de projetos, se eu conseguiria me adaptar à cultura local etc.). Na época, eu estava no comando de uma usina no Canadá muito semelhante à de Kogalim. O processo de entrevista também incluiu uma checagem de antecedentes. Assim que todas as partes chegaram a um consenso, assinamos um contrato e fui para Kogalim. Passei 3 meses acompanhando o diretor-geral e depois passei a ocupar seu cargo por três anos. Eu não falava russo, mas tinha um tradutor como assistente.
Para trabalhar no exterior, é preciso ter habilidades únicas. É preciso descobrir quais são as necessidades de longo ou curto prazo da empresa e eles precisam de um advogado com experiência em direito russo e internacional. Trabalhar no exterior parece emocionante e exótico, mas é preciso fazer a devida diligência. Além do mais, trabalhar na Rússia não é fácil – é um processo de decisão muito burocrático, lento e rígido.
Acredito que pessoal técnico altamente qualificado tem grandes oportunidades de conseguir empregos no exterior. Apenas certifique-se de entender o seu contrato. Quais as condições e como deseja receber. Se você pretende se mudar em definitivo…isso aí é outro assunto!
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