As maiores diásporas na Rússia

Aleksandr Riúmin
A Rússia sempre foi um país multinacional. Além dos inúmeros povos indígenas, não faltam comunidades de Estados vizinhos – sobretudo da ex-URSS.

De acordo com o último levantamento, de 2021, a Rússia possui cerca de 147 milhões de habitantes e em torno de 200 grupos étnicos, que incluem tanto os povos indígenas do país quanto cidadãos das ex-repúblicas soviéticas. Armênios, azerbaijanos, tadjiques e quirguizes vivem em quase todas as cidades do país. Cabe lembrar que os cidadãos de muitos Estados pós-soviéticos têm a possibilidade de entrar na Rússia sem visto e, por isso, formam as diásporas mais numerosas. Embora as mais antigas remontem ao século 16, as estatísticas oficiais dão apenas uma ideia aproximada da presença de várias comunidades étnicas.

Em fevereiro passado, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmítri Medvedev, afirmou que os membros de grandes diásporas no país variam de 1 a 5 milhões. 

1. Armênios

Feriado anual multinacional

A diáspora armênia é uma das mais antigas e maiores da Rússia. De acordo com estimativas diversas, há entre 1,7 e 2,5 milhões de armênios vivendo no país, principalmente no sul: territórios de Krasnodar e Stavropol e na região de Rostov. Há também grandes diásporas em Moscou e São Petersburgo. Considerando a população do Estado armênio (cerca de 3 milhões), os russos brincam que todos os armênios provavelmente se mudaram para a Rússia. Mas não são apenas pessoas que migraram para a Rússia nos anos pós-soviéticos, e sim também descendentes de armênios que vivem no país desde os tempos tsaristas. Em Moscou, por exemplo, a comunidade armênia surgiu no final do século 16 e seu legado é preservado nas ruas, como a Armyanskiy Pereulok (Rua Armênia), no centro, e várias ruas com nomes de armênios famosos. Em São Petersburgo, um antigo cemitério armênio ainda existe na Ilha Vasilevsky. Há também 120 igrejas armênias na Rússia, a maioria no sul.

2. Azerbaijanos

Membros de um grupo de dança do Azerbaijão durante a celebração do Navruz no pavilhão nº 14 da República do Azerbaijão no VDNKh

Os azerbaijanos russos são um dos povos indígenas do Daguestão (república no norte do Cáucaso russo que faz fronteira com o Azerbaijão) e a língua azeri é considerada uma das línguas oficiais desta república caucasiana.

No entanto, também existem milhares de azerbaijanos vivendo em toda a Rússia hoje que vieram diretamente do Azerbaijão. O censo de 2010 estimou o número total deles em mais de 600.000, mas alguns relatórios citam números bem maiores, de até 2 milhões. Historicamente, sua maior diáspora vive em Ástrakhan desde o século 19, envolvidos na prospecção e extração de petróleo na região. Após a queda da União Soviética, as comunidades do Azerbaijão na Rússia se concentraram no comércio de frutas e vegetais. “Se você ainda não experimentou tomates do Azerbaijão, não sabe o que são tomates de verdade”, diz Shahin Shykhlinsky, líder da diáspora do Azerbaijão nos Urais.

3. Uzbeques

Inauguração do centro de língua e cultura uzbeque na Universidade Linguística Estatal de Moscou (MSLU)

A migração em massa de uzbeques para a Rússia começou nos anos 2000, com a ascensão da economia. Seus representantes vêm, em sua maioria, trabalhar em serviços de construção, comércio e limpeza, enviando parte dos ganhos de volta para sua terra natal. De acordo com estimativas de 2017, existem cerca de 2 milhões de migrantes do Uzbequistão na Rússia e menos de 300 mil deles com cidadania russa. O maior número de uzbeques vive em Moscou, São Petersburgo e nos Urais – e há comunidades regionais que ajudam os uzbeques a obter documentos para trabalhar e resolver questões jurídicas. Além disso, as diásporas uzbeques costumam participar de festivais folclóricos, oferecendo aos visitantes o chamado plov (um prato de arroz popular) e pão assado em um forno tradicional. A propósito, a culinária uzbeque é muito popular na Rússia, e restaurantes que servem sua culinária nacional podem ser encontrados em todas as grandes cidades do país.

4. Georgianos

Festival da cultura georgiana Tbilisoba em Moscou, no jardim Hermitage

Como os armênios, os georgianos formam uma das diásporas mais antigas da Rússia. Por muitos anos, existiu o Sloboda georgiano em Moscou, local onde se estabeleceram (aproximadamente na área do atual zoológico), e existe a conhecida Igreja de São Jorge, o Vitorioso, centro espiritual dos georgianos na capital da Rússia. Os nomes georgianos também seguem preservados em diversas ruas. De acordo com o censo de 2010, quase 160 mil georgianos vivem na Rússia, embora os especialistas estimem que o número seja de até meio milhão. A diáspora georgiana está reunida em várias sociedades regionais e mantém fóruns culturais, principalmente em Moscou. Além do mais, a cozinha georgiana continua sendo a mais popular na Rússia desde os tempos soviéticos, porque, afinal, 50 versões de khachapuri (tipo de massa coberta com queijo) são capazes de conquistar qualquer um.

5. Tadjiques

Artista do Tajiquistão no festival Ethnomir, em Moscou

Os tadjiques, assim como os uzbeques, começaram a migrar para a Rússia em busca de trabalho nos anos 2000. Hoje existem cerca de um milhão deles (300.000 apenas em Moscou), mas não há dados exatos devido à grande rotatividade. Existem diversas organizações tadjiques nas principais cidades russas que ajudam seus compatriotas a encontrar emprego, preencher documentos e se adaptar em geral à vida em uma cultura diferente. “Tentamos fazer com que os compatriotas que (por várias razões) se encontram longe de sua terra natal não se sintam solitários”, dizem os líderes da organização ‘Nur’ (Luz) em Moscou, uma das maiores da diáspora. A organização ajuda os migrantes a se prepararem para a escola, passarem nos exames de acordo com os padrões russos e encontrarem um idioma comum com as crianças locais. Tudo isso de forma gratuita.

6. Moldávios

Colégio eleitoral em Moscou durante as eleições parlamentares na Moldávia

De acordo com dados diversos, de 200.000 a 600.000 moldavos vivem na Rússia. A difícil situação econômica forçou as pessoas a deixar a Moldávia no início dos anos 2000 e o principal destino foi a Rússia, que se mostrava mais próxima em termos de mentalidade e tradições. Os jovens da Moldávia muitas vezes chegam à Rússia depois de sair da escola para cursar ensino superior e encontrar um emprego. Os moldavos também se mudam a trabalho. E 99% desses imigrantes falam russo. Paralelamente, os moldavos que vivem no exterior participam de várias associações e até realizam o seu próprio Congresso das Diásporas Moldavas, de forma a preservar as tradições e os laços com a sua pátria natal.

7. Ucranianos

Na construção do aeroporto de Roschino, em Tiumên

Os ucranianos compõem uma das maiores diásporas da Rússia – de 2 a 5 milhões de pessoas, tanto cidadãos russos quanto imigrantes. O ucraniano é uma das 10 línguas mais faladas na Rússia, com o maior número de falantes residindo no norte do país: em Iamal e na região de Tiumên, onde estão localizados muitos locais de produção de gás e petróleo.

8. Bielorrussos

Fila na embaixada bielorrussa na Rússia no dia principal das eleições presidenciais na Bielorrússia

A comunidade bielorrussa na Rússia conta com pouco mais de meio milhão de pessoas e é a maior comunidade de bielorrussos no exterior. Curiosamente, os centros culturais deles estão localizados longe da fronteira: em Novosibirsk, Samara, Iaroslavl e Níjni Novgorod.

9. Quirguizes

Assentamento quirguiz na aldeia de Klichino, região de Tula

De acordo com dados de 2018, existem cerca de 650.000 quirguizes e 100 diásporas na Rússia. “O sul do Quirguistão associa seu futuro apenas à Rússia. Via de regra, um membro da família necessariamente deve trabalhar aqui”, diz Amir, dono de salão de beleza em Moscou.

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