Quanto você receberia de aposentadoria na Rússia?

Como é a pensão na Rússia?

Assim como no Brasil, a aposentadoria, ou pensão, na Rússia é um pagamento mensal dos fundos de pensão públicos ou privados pagos a uma pessoa desde o momento em que atinge a idade oficial de aposentadoria até a morte. De acordo com a lei, isso não significa que uma pessoa que atingiu a idade de aposentadoria não possa continuar trabalhando ou deva se aposentar – neste caso, pode-se acumular a pensão e um salário.

Também existem vários tipos de aposentadoria, e a que uma pessoa específica receberá depende de fatores diversos: local de trabalho, tempo de serviço, invalidez, lesões militares, prêmios estatais etc. A mais comum é a aposentadoria por idade, que é paga pelo Estado sob o nome “pensão de seguro” (porque se baseia em princípios de seguro).

Qual é a idade de aposentadoria na Rússia?

De acordo com a recente reforma previdenciária, desde 2019 essa idade vem aumentando gradativamente, seis meses a cada ano. Esses acréscimos seguirão até 2028, quando a idade de aposentadoria para as mulheres atingir 60 anos e para os homens, 65 (antes da reforma, eram cinco anos a menos para ambos, ou seja, as mulheres aos 55 e homens, 60).

Algumas categorias de cidadãos (há cerca de 30 delas) podem se aposentar mais cedo. Por exemplo, mulheres que têm três ou mais filhos, pessoas empregadas em indústrias de risco ou que trabalham nas condições difíceis do Extremo Norte e pessoas com deficiência.

No entanto, para obter a aposentadoria, não basta apenas atingir uma certa idade.

Em que se baseia a pensão?

Para receber uma pensão de seguro, é necessário ter pelo menos um tempo mínimo de serviço e os chamados pontos de pensão (unidades convencionais atribuídas por cada ano de trabalho de uma pessoa; e dependem do valor das contribuições de seguro feitas pelo empregador). Quanto mais tempo o serviço e mais pontos, maior será a pensão.

Alguns pensionistas também têm direito a pagamentos adicionais. Entre eles, por exemplo, estão aqueles com 80 anos ou mais, aposentados que trabalhavam no meio rural e no Extremo Norte, ou pensionistas com dependentes. Os pagamentos adicionais são em grande parte simbólicos, mas em alguns casos podem ser bastante significativos.

Em 2022, a aposentadoria média por idade na Rússia é de 18.500 rublos (US$ 230).

As pensões mais elevadas são pagas a pessoas que exercem profissões de risco, figuras das artes e da cultura que receberam o título de artista popular, deputados, juízes e cosmonautas. A aposentadoria de um juiz varia de 35.000 a 200.000 rublos (US$ 460 a US$ 2.640), a de um deputado da Duma do Estado é superior a 46.000 rublos (US$ 600) e a de um astronauta chega, em média, a 446.000 rublos (US$ 5.900).

O que acontece se o tempo de serviço e os pontos estiverem abaixo do mínimo exigido?

Se o tempo de serviço e os pontos de pensão de uma pessoa estiverem abaixo do exigido, ela pode continuar trabalhando até atingir o mínimo necessário (a partir de 2022, é de 13 anos de trabalho e 23,4 pontos). Se uma pessoa tem trabalho informal ou não tem emprego, ainda assim receberá uma aposentadoria por idade. Só que não será mais uma pensão de seguro, e sim uma pensão social (a mais baixa possível).

A pensão social na Rússia é atualmente de 6.242 rublos (US$ 82), abaixo do nível de subsistência, que varia de região para região. É por isso que os valores de aposentadorias também mudam: em Moscou, a pensão social este ano é de 21.193 rublos (US$ 280), em Barnaul é de 10.882 rublos (US$ 143) e em Vladivostok, 12.119 rublos (US$ 160).

É possível sobreviver com uma pensão?

Em 2019, a Câmara de Contas da Rússia calculou que, para sobreviver com uma pensão, um aposentado na Rússia precisa de não mais de 200 rublos (US$ 2,6) por dia. Este é o valor que os aposentados teriam para fazer compras depois de pagar as contas de serviços públicos e comprar medicamentos. Gastos com roupas e calçados não estão previstos.

É comum que pessoas na Rússia comecem a pensar na velhice muito antes da aposentadoria e a investir em fundos de pensão privados, controlados por grandes bancos, corporações, ou seguradoras. Estes são os chamados seguros previdenciários voluntários. Não substituem a pensão garantida pelo Estado, mas são uma opção adicional.

Trata-se, na verdade, de uma pensão complementar, sob os termos escolhidos pelo futuro pensionista, com um programa de investimento adequado. Pelo acordo, o cliente faz uma contribuição inicial para sua conta e, em seguida, novas aplicações conforme um cronograma definido. O fundo de pensão privado investirá seu dinheiro em ações de baixo risco, títulos e metais preciosos para gerar renda. O esquema é simples: primeiro você faz contribuições, depois se aposenta e o fundo devolve o dinheiro acumulado em parcelas mensais.

“No momento em que a pensão for paga, o valor na minha conta será maior do que o valor das minhas contribuições”, diz Oleg Tikhomirov, que possui uma conta em um fundo de pensão não estatal. “Se eu quiser sacar o dinheiro antecipadamente, o fundo pode aplicar uma multa: vou receber menos do que depositei. (...) Se eu não viver para ver minha pensão, não haverá multa: meus herdeiros receberão integralmente o valor acumulado.”

No entanto, a parcela de pessoas que usam essa opção para obter uma segunda pensão, não estatal, é baixa. Como tem suas desvantagens, não goza de muita confiança entre os russos. Por exemplo, o rendimento é afetado a longo prazo pela alta inflação, e uma pessoa não pode passar de um fundo para outro mais de uma vez a cada cinco anos; caso contrário, perderá sua renda. Além disso, o futuro aposentado nem sempre pode influenciar em que o fundo investirá seu dinheiro. Por isso, é comum ouvir: “Que esquema duvidoso. O que acontecerá se algo acontecer a este fundo daqui a 20 anos? O que é típico do nosso país. É mais fácil e confiável economizar para comprar um imóvel e viver de aluguel mais tarde.”

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