Em uma carta aberta publicada nesta quarta-feira (24) pela agência de notícias TASS, onze médicos renomados de várias cidades russas convidaram celebridades e políticos com opiniões antivacina a visitar as zonas vermelhas de covid em hospitais e a ver com os seus próprios olhos os efeitos dramáticos da pandemia.
A Rússia, um dos países mais atingidos pelo surto de coronavírus, está lutando contra uma oposição generalizada à vacinação, embora tenha desenvolvido vários imunizantes nacionais, como o Sputnik V. Apesar dos apelos do presidente Vladimir Putin, apenas 37% da população está totalmente vacinada, e o país vem registrando mais de 1.000 mortes por dia nas últimas semanas.
A carta é endereçada a personalidades antivacina em geral, como cantores, atores e personalidades da TV, mas também a pessoas específicas, incluindo os líderes do Partido Comunista da Federação Russa e Rússia Justa, Guennádi Ziuganov e Serguêi Mironov, bem como o vice-presidente da Duma (câmara baixa do Parlamento russo), Piotr Tolstói.
“Estamos todos um tanto ocupados, vocês provavelmente podem adivinhar por quê”, lê-se na carta, que possui dentre os signatários o proeminente médico moscovita Denis Protsenko, responsável pelo principal hospital de covid na capital russa.
“Mas, considerando a quantidade de pessoas que leem e ouvem o que vocês têm a dizer, encontraremos tempo para acompanhá-lo através das zonas vermelhas, unidades de terapia intensiva e departamentos de patologia de nossos hospitais”, escreveram os médicos.
“Talvez, depois disso, vocês mudem de posição e menos pessoas morram”, continua a carta.
O Kremlin elogiou a postura dos médicos, segundo o porta-voz da presidência russa, Dmítri Peskov. “Estamos cientes [desta carta], vemos isso de forma muito positiva”, disse Peskov a repórteres na quarta-feira.
Cabe lembrar que recentemente foram divulgados casos em que russos pagaram propina, infringiram a lei e compraram certificados de vacinação falsos.
“Não diferimos de outros países. Ainda há um número limitado de pessoas pessimistas sobre as vacinas, mas graças a Deus, esse número não é grande”, acrescentou o porta-voz, alegando que existem mais pessoas antivacina em alguns países do que em outros, mas a tendência é a mesma. “Basta dar uma olhada no que está ocorrendo na Alemanha, França, Áustria e Holanda. Tudo é muito parecido, as tendências são as mesmas.”
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