Na quarta-feira passada (17), o Facebook decidiu restringir a publicação e o compartilhamento de notícias por usuários e veículos de comunicação na Austrália, como resposta da empresa aos planos do governo australiano de propor uma legislação que obrigaria as grandes plataformas de tecnologia a pagar pelo conteúdo jornalístico.
Em uma reviravolta inesperada, isso teve um impacto direto nas operações do grupo Russia Beyond. Depois que o Facebook listou os sites do Russia Beyond como uma fonte de notícias australiana, qualquer pessoa que tentasse compartilhar no Facebook algum link para os sites do grupo acabava se deparando com a seguinte mensagem de erro: “Em resposta à legislação do governo australiano, o Facebook restringe a publicação de links de notícias e de todas as publicações de páginas de notícias na Austrália. Mundialmente, a publicação e o compartilhamento de links de notícias de publicações australianas estão restritos”.
A equipe do Russia Beyond entrou em contato com os representantes do Facebook, e a medida foi enfim revertida nesta quinta-feira (25), após um acordo entre o governo australiano e a própria rede social. No entanto, o ocorrido também nos fez pensar que, talvez, a Rússia e a Austrália não sejam assim tão diferentes.
De acordo com Ania Fedorova, que é a mente por trás do canal do Russia Beyond no YouTube e passou seus primeiros anos na Austrália, “do mundo de língua inglesa, eu diria que os australianos são muito mais próximos dos russos do que os ingleses ou americanos”.
“Eu faço essa ligação pelo aprendizado em lidar com condições climáticas adversas. Tanto os russos quanto os australianos são muito resistentes e flexíveis, sabendo muito bem que circunstâncias imprevisíveis podem arruinar todos os esforços em um minuto (inundações, incêndios e geadas). Sem colheitas, gado morto - uma receita para o desastre em algumas nações, mas os australianos e os russos se levantam, sacodem a poeira e continuam o trabalho. Porque é o que fazemos: nós sobrevivemos. Secas, guerras, aranhas, revoluções - vamos lá. Eu, pelo menos, fiquei orgulhosa de ser chamada de australiano mais uma vez, mesmo que seja por uma falha digital boba”, diz Fedorova.
Dois terços dos russos vivem na porção europeia do país, que compreende apenas 20% do território total da Rússia. Da mesma forma, a Austrália também é povoada de forma desigual: a maioria das pessoas vive nas áreas costeiras, enquanto a parte central do país é bastante vazia. Portanto, em ambos os países, as distâncias entre as cidades costumam ser grandes. No entanto, passar algumas horas na estrada não incomoda nem os russos nem os australianos, que podem facilmente gastar horas apenas para ir ao shopping ou à escola.
Nos dois casos, as viagens de trem também podem ser inspiradoras: na Rússia, é possível viajar de trem por uma semana e ainda permanecer dentro do país - de Moscou a Vladivostok. Na Austrália, uma viagem de trem de Sydney a Perth leva mais de três dias.
Além disso, território enorme também significa natureza intocada, com espécies únicas de flora e fauna selvagem. Não é surpresa alguma que tanto a Rússia quanto a Austrália tenham tantos parques nacionais com vistas incríveis.
Como passar um fim de semana maravilhoso quando o clima está quente? Fazendo um churrasco, é claro! Os russos adoram fazer chachlik ao ar livre. Desde as férias de maio (no início do mês) até o final do outono, os russos passam os fins de semana na datcha, ou simplesmente vão para o campo levando muita comida para grelhar e boa companhia.
“Os australianos fazem o mesmo nos fins de semana de verão”, diz Maria Stambler, que se mudou de Melbourne para Moscou. “Os australianos convidam amigos, familiares, grelham tudo, bebem e depois cantam e dançam até o nascer do sol”, acrescenta.
(Leia mais sobre churrasco russo aqui)
Para os australianos, o surf é um esporte nacional e uma das atividades preferidas na praia. Os russos que vivem na Península de Kamchatka, no Extremo Oriente, também são fãs de ondas enormes, e a escola de surfe deles é uma das mais famosas da Rússia. A única diferença é que o clima é bem mais severo, e os surfistas precisam usar roupas de borracha quase o ano todo.
Um estereótipo popular sobre a Rússia é que há ursos andando nas ruas. Às vezes, isso até acontece, mas apenas em cidades pequenas e áreas rurais.
Na verdade, os ursos nem são os únicos animais selvagens que se pode encontrar nas cidades russas: também existem veados, guaxinins e raposas-do-ártico.
Nas cidades australianas, as pessoas também enfrentam animais selvagens e não se surpreendem ao ver coalas fofos em farmácias, ou vombates em seus jardins.
Para a maioria das pessoas, Austrália significa clima quente e sol o ano todo, mas não é bem assim. Durante o inverno, pode nevar muito em uma região no sul do país.
Veja como os cangurus gostam da neve branca:
No Norte da Rússia, nevar o ano inteiro, inclusive no verão, não é algo extraordinário. Em cidades árticas, como Norilsk ou Salekhard, a neve do inverno pode durar o ano todo.
Bônus: Balachikha conectando os continentes
Graças ao emigrante russo Vlad Balachov, este bairro de Moscou foi transportado ao Parque Nacional das Montanhas Azuis, no coração da Austrália. Ele decidiu recriar sua cidade natal em sua fazenda e até trouxe dois SUVs Niva e placas de trânsito em russo.
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