Badalado entre Instagrammers, lago paradisíaco na Sibéria é um lixão tóxico

Estilo de vida
EKATERINA SINELSCHIKOVA
Lago azul-turquesa nos arredores de Novosibirsk ganhou popularidade por parece uma espécie de Maldivas russa. Mas há um enorme “porém”: entrar em suas águas pode custar sua vida.

O verão está a todo vapor na Rússia. Os moradores de Novosibirsk estão lotando a internet com suas fotos ao lado do majestoso lago. Há cliques de biquíni, videoclipes, recém-casados ​​de mãos dadas e todo tipo de romance rolando. Foi assim que o local adquiriu o nome de “Maldivas da Rússia”.

A água é um tom de azul imaculado, que não escurece nem mesmo em dias chuvosos, o que deixa todos espantados – pelo menos é assim que tudo se aparece no Instagram. Mas a realidade é bem diferente.

“Ao se aproximar do lago de carro, sente-se um tipo de cheiro de detergente muito alcalino. Perto da água, o cheiro desaparece. Mas claro que não dá vontade de tocar na água. Sente-se vibrações perigosas”, escreve o jornalista Mikhail Reshetnikov.

O lago muitas vezes ganha na internet apelidos como “envenenado”, “mortal” e até mesmo “radioativo”. É possível ver nas fotos como não crescem plantas ou vegetação nas proximidades, ou simplesmente morrem.

Qual é o problema com o lago?

Para começar, isso não é um lago, mas uma “construção hidrotécnica”, parecida com um lago. Este poço da morte pertence à usina hidrelétrica local; foi cavado pelos operários e depois preenchido com água. Embora seja muito azul, não se pode considerá-lo limpo. É basicamente um depósito de cinzas, onde a fábrica elimina todos os produtos químicos e subprodutos do carvão por meio de tubos subaquáticos. Em outras palavras – trata-se de um local de eliminação de resíduos tóxicos.

O tom azul-turquesa do lago artificial se deve a vários fatores: sais, cálcio e vários metais oxidados. Os níveis de álcali são altíssimos. Tem profundidade de 1 a 2 metros – o que é considerado profundo pelos padrões de resíduos químicos. Se fosse mais profundo que isso, as pessoas não conseguiriam apreciar essa cor majestosa.

Até as gaivotas são azuis aqui. E não está claro de onde vem essa coloração – se é reflexo da água ou contato real com ele? ”

De uns tempos para cá, a margem do lago permanece lotada – apesar dos rumores malucos de níveis elevados de radiação em torno do depósito.

“Você não sairia da água com vida”

Não é difícil chegar ao lago artificial, que fica a apenas 10 minutos de carro da cidade. Duas estradas de cascalho levam a ele, com absolutamente nenhum sinal de aviso. É um passeio panorâmico com vista para as florestas e datchas (casa de campo). É possível que a administração da usina hidrelétrica não tivesse pensado que era necessário alertar as pessoas ou que alguém sabia da existência do lago. 

A Companhia de Energia da Sibéria tem tentando explicar aos locais que “não é aconselhável tocar na água, pois qualquer contato com a pele pode resultar em uma forte reação alérgica devido ao conteúdo mineral”.

Quanto à suposta radioatividade e outras teorias malucas, não passam de lendas. “O depósito de cinzas não é venenoso: não há gaivotas azuis, as plantas não morrem, e os níveis de radiação não estão aumentando.” Estas são as conclusões tirados com base em resultados de laboratório de dois estudos independentes.

Nadar ali é mais impensável ainda – sobretudo sozinho. “O chão é cheio de ervas daninhas, portanto, sair sozinho é praticamente impossível. Imploramos para os visitantes não caírem enquanto tiram selfies”, declarou a usina. “Esse é o principal perigo aqui.”

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