Em vilarejo russo soterrado por areia, moradores convivem com os perigos da natureza

Areia pode cobrir uma casa inteira da noite para o dia. Mas isso não assusta as poucas centenas de moradores de cidade no norte russo que, embora isolada, guarda riquezas.

Shoina, o “deserto” mais setentrional do mundo, não está em destaque em mapa algum. Ali, dunas de areia se estendem por dezenas de quilômetros ao longo da costa do mar Branco. O vilarejo está localizado a uns 370 quilômetros a leste da maior cidade da distrito autônomo de Iamália-Nenets, Narian-Mar.

Em Shoina, há areia por toda parte, até onde a vista alcança.

As dunas se movimentam com a ação do vento de oeste e podem enterrar uma casa inteira da noite para o dia.

Ainda assim, os moradores não temem a ação da areia.

Alguns cuidados são necessários: não fechar a porta à noite – porque é capaz que, pela manhã, não seja possível abri-la. Metade da aldeia, que possui de 280 a 400 habitantes, segundo estimativas diversas, está no epicentro de uma lenta, porém inexorável onda de areia.

Os locais estão habituados ao fato de a luz do sol penetrar apenas na parte superior das janelas, mas os recém-chegados estranham a sensação de estar debaixo da terra.

As casas costumavam ser desenterradas com a ajuda de um trator, mas o equipamento estava quebrado havia dois anos. O novo chegou poucos dias antes de nossa visita.

Na década de 1930, Shoina era um grande assentamento, descrito até como a “segunda Murmansk”. Cerca de 70 barcos de pesca se aglomeravam pela costa.

A vida em Shoina não é luxuosa, mas come-se bem. O golfo está repleto de peixes; solha e salmão branco são alguns deles. Já o dinheiro, vem dos noruegueses do outro lado da fronteira, que há anos compram as frutas silvestres locais.

A grande maioria dos homens ganha a vida com a caça. Um caçador local se orgulha de que “há tantos gansos quanto grãos de areia nas dunas.” Também há ursos, mas raramente são caçados, “pois a carne não é saborosa”.

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A vizinhança é lar de uma grande variedade de vida selvagem, incluindo espécies raras de aves. Por esse motivo, recebe um grande fluxo de ornitólogos todos os anos.

Como chegar? Apenas de avião leve. Os ‘aviões agrícolas’ com passageiros voam regularmente para Shoina, mas atenção: como chacoalha muito, é recomendável não comer nada antes do voo.

E onde ficar? Como se pode imaginar, Shoina não tem um hotel sequer. Mas há um casebre com quatro quartos disponível para reserva. De qualquer maneira, conte com a hospitalidade dos locais – eles não o deixarão dormir ao relento.

Os locais também demonstrarão sua hospitalidade oferecendo quantidades insanas de peixe e ovos de gaivota, em troca de um pouco de humildade. Se o orgulho falar mais alto, a aldeia possui um ou dois restaurantes pequenos.

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