Apesar do sofrível 63° lugar alcançado pela Rússia no ranking da Fifa, sua seleção se esforça para mostrar sua melhor forma em amistoso contra o Brasil na tarde desta sexta-feira (23).
Alguns jogadores colaboram para criar dificuldades para a seleção canarinha.
Fiódor Smólov, glamour e gols
Aos 28 anos, Smólov nunca vestiu a camisa dos grandes clubes, mas os adversários devem ficar atentos com este moço: marcar gols é algo que ele sabe fazer muito bem e na última temporada foi o melhor batedor do Campeonato Russo (com 20 e 18 gols nas temporadas de 2015/2016 e 2016/2017, respectivamente).
Smólov já era considerado um talento brilhante há 10 anos, quando estreou, aos 17 anos de idade, no time do “Dinamo” (que, aliás, pronuncia-se “Dinámo”, diferentemente de nosso “dínamo” em português) de Moscou – clube em que jogou, entre os anos 1950 e 1960, o lendário Lev Iáchin.
Mas o atacante mostrou seu melhor jogo já em idade mais madura, quando percorreu as mais diversas equipes, desde o holandês “Feyenoord” até o “Ural” de Iekaterimburgo.
Ele se tornou o melhor atacante da Rússia, porém, no “Krasnodar”, de propriedade de um dos homens mais ricos do país, o magnata do varejo Serguêi Galitski. Foi ali que seu talento de batedor se mostrou com toda a força.
Nos times anteriores, ele era mais usado nas laterais, mas Smólov se mostrou muito mais eficiente na posição de centroavante.
Apesar de Fiódor jogar em times das províncias, ele se comporta e se parece com uma superestrela. Com tatuagens da moda, ele é o herói ideal do campo.
Seu romance e rompimento tempestuoso com Viktória Lopirióva, modelo e apresentadora que foi Miss-Rússia em 2003, as baladas em companhia de rappers russos, as fotos na capa da “Esquire” russa... Seguir o Instagram de Fiódor não deixa ninguém entediado!
A vida de glamour, porém, não atrapalha Smólov na carreira futebolística. Em suas entrevistas, ele sempre ressalta o sonho de ir para um clube europeu de alta categoria.
E seu jogo confiante leva a acreditar que ele tenha um caminho brilhante pela frente. Em novembro, após marcar dois gols seguidos contra a Espanha, rolaram boatos sobre um interesse do “Borussia Dortmund” e do londrino “West Ham” no atacante.
O fator decisivo, porém, será seu desempenho nesta Copa.
Ígor Akinféiev, uma lenda mal-amada
Dá a impressão de que Ígor está há uma eternidade na seleção russa. Ele estreou defendendo as traves da equipe russa há 18 anos e vestiu 102 vezes a camisa da seleção principal da Rússia nos últimos 14 anos.
Akinféiev é capitão da seleção russa e seu mais experiente jogador. Durante sua carreira, diferenciou-se por sua invejável estabilidade. Não o intimidaram nem mesmo as duas rupturas dos ligamentos nos joelhos, lesão mais temida para um futebolista.
Resumindo, ele não tem sorte nos grandes campeonatos. Na Copa do Mundo de 2014, a seleção russa não conseguiu mudar de grupo, em grande parte, graças aos erros crassos de Akinféiev contra Coreia do Sul e Argélia. O próprio goleiro classificou esses erros em entrevistas como “infantis”.
A má sorte perseguiu Akinféiev também na Liga dos Campeões: no time do “CSKA”, ele não conseguiu deixar o gol zerado em 43 jogos consecutivos, e essa triste novela se prolongou por um total de 11 anos, de 2006 a 2017.
As desventuras do goleiro o tornaram uma espécie de Rubinho Barrichello russo, alvo de piadas dos torcedores que, apesar de todos os serviços prestados por Akinféiev, dispensam-lhe grande antipatia.
Os motivos foram dados pelo próprio Ígor, que chegou a chamar um jornalista esportivo de um grande portal de “lixão”, dizendo que não lia nada sobre si, principalmente os comentários de torcedores – e, por isso, eles não o perdoam até hoje.
Nada disso exclui, porém, o fato de que Ígor é excelente goleiro e um jogador a ser temido nesta Copa.
Aleksandr Golovín e a rispidez siberiana
O Campeonato Europeu 2016 na França tornou-se um verdadeiro pesadelo para a Rússia. Uma performance sem graça, placares deprimentes e esperanças não realizadas.
O treinador daquela seleção, Leonid Slútski, foi acusado de todos os piores pecados. A principal crítica foi gerada pelo fato de ele ter colocado na principal área central um desconhecido Aleksandr Golovín, de 20 anos de idade.
Já Slútski afirmou que a performance do jovem Golovín foi um dos momentos mais brilhantes dessa infeliz história.
“Vergonha por quê”, irritou-se Golovín em resposta a um jornalista provocador no aeroporto de Moscou quando a equipe retornava do campeonato. De diplomacia ficou claro que o rapaz, descoberto por olheiros do “CSKA” na Sibéria, não entende.
O caráter complexo de Golovín, porém, não atrapalhou seu progresso. pelo contrário: ele é muito sério e quase não se distrai do trabalho.
Aleksandr rapidamente tornou-se líder do “CSKA” de Moscou, que levou às quartas de final da Liga Europeia na última temporada, vencendo no fase das oitavas de final do “Olympique Lyonnais”.
Um belo gol no estádio Gerland causou tanta impressão aos jornalistas que Golovín foi considerado o melhor jogador da semana.
Também os olheiros ficaram impressionados com o progresso do jogador: na Copa ele certamente será observado por representantes de grandes clubes europeus.
Aleksandr, por sua vez, afirma que o aumento da atenção a ele dedicada não faz pressão nele: “Não penso nisso. Se você coloca o carro na frente dos bois só rola prejuízo”.
Mas queria mesmo era saber os pontos fracos da seleção russa? Então leia “Por que a seleção da Rússia não vai pra frente?”
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