De acordo com o dicionário explicativo, o termo филькой (Fílkoi) era um apelido usado para uma pessoa inculta ou estúpida. Portanto, uma “fílkina gramota” se referia a um documento mal escrito ou sem sentido. Uma das teorias sobre a origem da expressão remonta à época de Ivan, o Terrível, e a um conflito entre o tsar e o metropolita Filipe 2º.
O clérigo se opunha à “opritchnina” (política repressiva de Ivan, o Terrível) e pediu ao tsar que a abolisse e interrompesse as execuções. No entanto, o imperador não cedeu. Em 1568, após retornar da campanha da Livônia, ele compareceu a uma missa na Catedral da Assunção do Kremlin de Moscou.
Na ocasião, Filipe 2º se recusou a abençoá-lo e o repreendeu publicamente por derramar sangue inocente. Enfurecido, o tsar prometeu fazer com que o metropolita e seus seguidores “se arrependessem”.
Filipe não se intimidava facilmente. Pouco depois, durante uma procissão no Convento Novodevichy, ao ver um membro da “opritchnina” com um chapéu redondo de tafetá, proibido pela Igreja, ele teceu um comentário crítico.
Essa foi a gota d’água. A indignação de Ivan, o Terrível, havia chegado ao limite. Logo após, durante uma cerimônia na igreja, os carrascos do tsar invadiram a igreja, despiram o metropolita de suas vestes, espancaram-no e anunciaram seu afastamento. Mas isso não foi suficiente: o sobrinho de Filipe foi assassinado e trouxeram-lhe a sua cabeça decepada como advertência.
O clérigo foi então exilado em um mosteiro. De lá, ele continuou a enviar cartas ao tsar, instando-o a abolir a “opritchnina”. Ivan, no entanto, não demonstrava misericórdia, referindo-se ao metropolita com desprezo como Єилькой e às suas cartas como ‘Єилькина грамота’ (fílkina gramota). Um ano depois, Filipe 2º foi encontrado morto; segundo uma versão, ele teria sido estrangulado por Maliuta Skuratov, um dos capangas de Ivan.
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