As necessidades da corte real russa eram atendidas por um exército de comerciantes e empresas privadas. Eles produziam e forneciam uma variedade de utensílios domésticos e de luxo para o imperador e membros de sua família: confeitaria, joias, alimentos, bebidas alcoólicas, móveis etc.
A partir da primeira metade do século 19, aqueles que colaboravam constantemente e executavam seu trabalho com perfeição passaram a receber o título de “Fornecedor da Corte de Sua Majestade Imperial”. Isso era muito honroso e permitia que a empresa colocasse o brasão russo em seus logotipos e anúncios. Além disso, era incrivelmente lucrativo — afinal, os Romanov nunca costumavam economizar para manter o seu estilo de vida luxuoso. No entanto, também era possível perder este título; por exemplo, se o proprietário da empresa mudasse ou se as entregas fossem irregulares.
1. Joias de Carl Fabergé
Peter Carl Fabergé, um joalheiro russo de origem franco-dinamarquesa, é conhecido em todo o mundo. Por mais de 30 anos, ele criou os famosos ovos de Páscoa que Alexandre 3º e depois Nicolau 2º presentearam às esposas.
A empresa Fabergé fabricava uma variedade de joias para a família imperial: cinzeiros, cigarreiras, vasos, molduras de ícones preciosos, xícaras, caixas e outros itens de luxo.
2. Objetos esmaltados de Pável Ovchinnikov
A história deste joalheiro é única. Ele era um camponês servo de príncipes nobres, que viram talento nele e o enviaram para estudar fabricação de joias. Os negócios de Ovchinnikov correram tão bem que ele conseguiu comprar a própria liberdade e abrir uma fábrica.
Seus produtos esmaltados — conjuntos, saleiros, vasos, carteiras — agradaram o futuro imperador Alexandre 3º. Como resultado, a empresa de Ovchinnikov foi fornecedora da corte imperial russa por mais de 40 anos.
3. Relógios de Paul Buhre
Desde 1899 até a Revolução de 1917, a casa comercial de Paul Buhre foi praticamente a única empresa que forneceu relógios para a casa imperial.
Durante esse período, a relojoaria produziu milhares de relógios de bolso, de parede, de viagem e outros tipos de relógios de luxo.
4. Confeitaria de Aleksêi Abrikosov
A empresa chamada “Parceria de fabricantes e comerciantes de A. I. Abrikosov e filhos” foi uma das principais fabricantes de chocolate no Império Russo.
Abrikosov foi o primeiro na Rússia a cobrir frutas secas com chocolate. Ele também produzia caramelos, biscoitos e outros doces. O magnata da confeitaria possuía uma fábrica e várias lojas em Moscou e, em 1899, tornou-se Fornecedor da Corte de Sua Majestade Imperial.
Após a revolução, a fábrica de Abrikosov foi nacionalizada e renomeada como empresa de confeitaria Babaevsky, que funciona até hoje.
5. Confeitaria de Theodor von Einem
Em meados do século 19, o confeiteiro alemão Ferdinand Theodor von Einem abriu uma fábrica em Moscou. Lá produzia açúcar em pedra, caramelos, chocolates, biscoitos e outros produtos de confeitaria. Os seus doces eram sobretudo apreciados pela ala feminina da família imperial.
Apesar dos sucessos e medalhas em feiras internacionais, a empresa Einem recebeu o título oficial de fornecedora imperial apenas em 1913, após a morte de seu criador. Depois da revolução, a fábrica também acabou sendo nacionalizada e renomeada para “Krásni Oktiabr” (“Outubro Vermelho”).
6. Biscoitos de Adolphe Siou
O francês Adolphe Siou era fabricante de perfumes, mas ficou famoso como dono de fábricas de confeitaria. Suas lojas foram abertas em todas as grandes cidades do Império Russo.
A variedade de produtos de confeitaria era enorme para a época: biscoitos, cacau, caramelo, marmelada, waffles, pão de gengibre e muito mais. Em 1913, por ocasião do 300º aniversário da dinastia Romanov, a empresa produziu o seu produto mais famoso: os biscoitos “Iubiléinoie” (Jubileu) e, enfim, recebeu o título de fornecedora da corte imperial. Durante a época soviética, esta fábrica, assim como as outras, foi nacionalizada e renomeada para “Bolchevique”, que continuou a produzir biscoitos, populares na Rússia até hoje.
7. Perfumes de Alphonse Rallet
O perfumista francês abriu sua empresa Rallet — especializada em perfumes, pós para o rosto, batons e sabonetes — em Moscou em 1843 e, em um período de doze anos, tornou-se fornecedor da corte imperial. No frasco do perfume “A. Rallet e Cº” estava estampada a águia de duas cabeças do Império Russo.
Mais tarde, o perfumista desta empresa, Ernest Beaux, criou o famoso Chanel No. 5 para Coco Chanel. Acredita-se que ele tenha usado como base o perfume “Buquê de Catarina”, criado para o tricentenário da Casa Romanov.
8. Bebidas alcoólicas de Piotr Smirnov
A marca de vodca Smirnoff, que é hoje conhecida no mundo todo, foi inventada no exílio por Vladímir Smirnov, filho do principal produtor do Império Russo, Piotr Smirnov, apelidado de “o rei da vodca”.
A fábrica de Smirnov produzia vodca, vinhos e licores. Em 1886, Smirnov tornou-se fornecedor da corte imperial. Ele tinha praticamente o monopólio do fornecimento de vinhos para igrejas e mosteiros ortodoxos russos.
9. Vinhos dos comerciantes Eliseev
Os Eliseev eram uma dinastia mercantil. Desde o início do século 19, tinham diversas lojas em São Petersburgo e comercializavam produtos importados: vinho, café, chá, arroz, queijo e outros.
Em 1857, os filhos do fundador estabeleceram a casa comercial “Irmãos Eliseev”. Eles compraram vinho no exterior, mas o fermentavam e engarrafavam na Rússia. Também possuíam uma adega na Ilha de Vassiliev, em São Petersburgo, que era considerada uma das melhores da Europa. Os vinhos fermentados pelos Eliseev receberam vários prêmios internacionais. Estes comerciantes se tornaram fornecedores da corte em 1874.
10. Espumantes de Lev Golítsin
O príncipe Golítsin foi o pioneiro na produção de vinhos espumantes na Rússia. Seu análogo de champanhe foi apreciado inclusive pelos franceses na Exposição Mundial de Paris em 1889. Na Crimeia e na costa do Mar Negro, Golítsin estabeceu a indústria vinícola do zero, plantou diversas variedades de uvas e construiu uma vinícola subterrânea com um sistema de túneis.
Seu espumante foi servido na coroação de Nicolau 2º, em 1896, após a qual Golítsin se tornou o fornecedor da corte imperial. Atualmente, produz-se na Rússia o espumante sob a marca “Lev Golítsin”, em memória do principal enólogo russo. A receita original ainda é seguida à risca.
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