A primeira jazida de mineração de platina na Rússia foi encontrada em 1819 perto da cidade de Iekaterinburgo, nos montes Urais. A descoberta foi acidental: os trabalhadores das minas não sabiam o que eram os grãos pretos nas rochas. O metal desconhecido pesava muito e os empresários locais criaram um uso lógico para isso: fazer balas para uso em armas. Durante vários anos, os russos na Sibéria matavam animais nas florestas com platina.
Em poucos anos, os cientistas descobriram as qualidades do novo metal e explicaram aos mineiros que se tratava de um elemento muito caro.
As reservas de platina descobertas nas três primeiras jazidas russas se revelaram enormes, e a Rússia imediatamente se tornou o principal produtor do metal. Somente em 1828, o país produziu 1,5 tonelada de platina. Para efeitos de comparação, nos países da América Latina tal quantidade de platina não foi extraída durante quase um século de trabalho.
No entanto, os russos não sabiam como usar a platina, e a experiência de outros países não ajudou. Os europeus usavam esse material para fins técnicos como, por exemplo, para criar uma variedade de equipamentos químicos. No mercado negro, esse metal teve demanda porque era frequentemente usado para criar joias falsificadas, já que a platina se funde muito facilmente com ouro. Assim, os russos começaram a usar esse metal para criar joias e bijuterias.
As fábricas dos Urais começaram a fornecer produtos de platina como, por exemplo, tinteiros, anéis, caixas de jóias e pepitas grandes à corte de São Petersburgo. Uma pepita de quatro quilos foi presenteada ao imperador Nicolau 1º. Em pouco tempo, o Estado começou a levar a platina a sério: a partir de 1826, foi introduzido um imposto sobre a produção de platina, e uma parte do metal extraído teve que ser enviada à Casa da Moeda.
O primeiro país do mundo a cunhar moedas a partir de platina
O ministro das Finanças, Egor Kánkrin, sugeriu cunhar moedas a partir desse metal precioso. Isso, segundo ele, poderia melhorar a situação financeira do país, que estava em uma crise grave após a guerra contra os franceses. Ele compartilhou sua ideia com o cientista Alexander von Humboldt, que alertou contra tal medida. As flutuações nos preços da platina e sua aparência muito simples poderiam criar ainda mais problemas. O imperador, porém, aprovou a iniciativa de Kánkrin e, em 1828, a Rússia começou a produção das moedas de platina no valor de 3, 6 e 12 rublos. Para a produção de moedas, o país gastou 15 toneladas do metal precioso, ou seja, quase a metade de todas as reservas do metal.
No entanto, em pouco tempo, as previsões do cientista Alexander von Humboldt se tornaram realidade: o custo real das “moedas de luxo” já era cinco vezes superior ao das moedas de prata. Três rublos de platina, por exemplo, custavam na verdade 36 rublos. Ao mesmo tempo, os preços da platina na Europa continuavam a crescer. Em 1845, a produção de moedas de platina foi cancelada e todas as moedas já produzidas foram retiradas de circulação.
Em 1867, a empresa inglesa Johnson, Matte and Co. comprou todas as reservas russas de platina. Assim, a Inglaterra, sem ter um único depósito do metal, se tornou o líder mundial no comércio de platina, enquanto a Rússia perdeu todo o mercado, continuando, porém, a ser o único país na história que utilizou esse metal precioso para cunhar moedas e matar animais.
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