Atualmente, a energia eólica é popular no mundo todo como uma das formas mais ecológicas de gerar eletricidade. A potência das turbinas eólicas aumenta a cada ano e chega a centenas de gigawatts. Na Europa, por exemplo, os parques eólicos geram quase 16% de toda a energia, e em alguns países, como a Dinamarca, essa participação chega a 50%. Na Rússia moderna, a energia eólica não é tão comum, e sua participação na produção total de eletricidade é de apenas 1%. Há um século, porém, a ideia de usar o vento para gerar energia despertou grande entusiasmo entre os cientistas soviéticos.
Turbinas eólicas para regiões remotas
Intensificar a produção de energia elétrica foi uma das principais tarefas dos bolcheviques após a Revolução de 1917. Na época, as poucas usinas funcionavam com turfa, carvão e petróleo, e era evidente que o governo precisava encontrar uma fonte barata e abundante para aumentar drasticamente a produção de energia. Os cientistas soviéticos focaram nos estudos de energia da água e do vento.
Embora a energia hidrelétrica tenha se mostrado mais eficiente e seja usada ativamente até hoje (cerca de 20% da eletricidade da Rússia é gerada por hidrelétricas), no início, os cientistas sugeriram investir em energia eólica.
Em 1918, foi fundado em Moscou o Instituto Aero-Hidrodinâmico Central, onde foram desenvolvidas as primeiras turbinas eólicas, com capacidade de até 30 quilowatts. Para se ter ideia, hoje essa quantidade de energia seria suficiente para o funcionamento de uma geladeira durante apenas um mês.
Pequenas turbinas eólicas eram muito úteis nas fazendas, em áreas remotas da URSS e nas estações da Rota do Mar do Norte para carregar baterias, alimentar fiação de rádio e iluminar casas. No total, foram produzidos milhares de pequenos aerogeradores.
Turbinas eólicas foram desenvolvidas em outros escritórios de design também. Em 1931,na península da Crimeia, os soviéticos construíram a turbina eólica mais poderosa da época, de 100 quilowatts.
Hoje, turbinas eólicas industriais têm uma capacidade de 6 a 8 megawatts, mas há um século, 100 quilowatts era um avanço inestimável.
O peso de cada unidade na Crimeia era de 9 toneladas, e as lâminas tinham 30 metros de extensão. Essa turbina enorme foi inventada por um dos pioneiros da astronáutica, Iúri Kondratiuk, que também é famoso por calcular a trajetória de voo para a Lua.
Esse gerador na Crimeia alimentava toda a linha de bondes que ligavam as cidades de Balaklava e Sevastopol. No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial, tanto o gerador quanto a linha de bondes foram bombardeados e não puderam ser restaurados.
O principal problema dos primeiros aerogeradores era a ausência de gerador, ou seja, sem vento, a eletricidade acabava na hora. Anatóli Ufímtsev, um inventor da cidade de Kursk, tentou resolver esse problema. Em sua antiga casa, ele construiu, em 1931, um parque eólico com um disco de armazenamento de energia. A invenção de Ufimtsev iluminou sua oficina e sua casa e parte da rua. A estação continuou a funcionar após a morte do inventor, em 1936, e até mesmo durante a ocupação alemã. O gerador funcionou até 1957, e depois se tornou um dos pontos turísticos de Kursk.
Energia eólica para o socialismo
Com o desenvolvimento das ciências de energia, as deficiências dos geradores a vento tornaram-se evidentes em comparação com a energia hidrelétrica, atômica ou gás. A energia eólica, porém, continuou a ser utilizada na construção de grandes projetos no Extremo Norte e Extremo Oriente russos.
Em 1973, foi adotado um programa estatal para o desenvolvimento da energia eólica. Um dos primeiros parques eólicos surgiu no final da década de 1980 na ilha de Saaremaa (Estônia), que incluía 64 aerogeradores e fornecia energia para uma fábrica de peixe.
A empresa Vetroen produzia pequenos aerogeradores para casas chamados Camomila. Alguns desses dispositivos ainda podem ser encontrados nas zonas rurais russas até hoje. “Funciona 24 horas por dia de graça. Eleva a água a uma profundidade de até 8 metros do poço”, escreve um usuário do Camomila. Segundo ele, a principal vantagem do aerogerador é a segurança, já que não há peças inflamáveis.
Em 1989, a URSS adotou outro programa estatal, desta vez para o uso de energias alternativas, que, no entanto, não foi implementado devido à desintegração do bloco.
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