Rosneft congela projeto Solimões no Brasil

Economia
DMÍTRI GOLUB
Petrolífera russa se vê obrigada a cortar gastos devido ao novo acordo da OPEP+.

A maior petrolífera estatal russa Rosneft anunciou o fechamento temporário do Solimões, seu principal projeto no Brasil. Segundo o vice-presidente Pável Fiódorov, a empresa teve que congelar quase todos os seus projetos em fase inicial devido ao acordo da OPEP+, que obriga o país a diminuir a produção diária de petróleo.

“Nos últimos anos, foi realizada a exploração sísmica 2D/3D das jazidas [da Bacia do Solimões], bem como a perfuração de quatro poços. Devido à atualização do programa de investimentos da empresa, nas condições do acordo OPEP+, foi decidido otimizar o trabalho no projeto”, explicou o representante da Rosneft, acrescentando que a empresa “cumprirá todos os termos dos contratos de licença”.

O diretor-executivo da Rosneft, Ígor Sêtchin, já havia declarado que, devido ao estado dramático do mercado de petróleo, a Rosneft seria obrigada a otimizar parte de suas despesas para reduzir os gastos a 750 bilhões de rublos (US$ 10,3 bilhões) em 2020.  No ano passado, a empresa investiu, no total, 950 bilhões de rublos (US$ 13 bilhões).

Em meio a redução de despesas, a petrolífera pretende desacelerar os novos projeto, de longo prazo e de alto risco; reduzir os custos de manutenção, atendimento aos requisitos de segurança industrial e eliminação de riscos ambientais; e adiar os projetos menos lucrativos e de curto prazo para, assim, aumentar a taxa marginal de retorno para os diversos tipos de projetos.

Rosneft no Amazonas

No Brasil, a petrolífera vinha desenvolvendo o projeto de exploração e produção de hidrocarbonetos na bacia do rio Solimões, no estado do Amazonas. A Rosneft adquiriu 13 locais licenciados com uma área total de cerca de 32,6 mil km quadrados.

De acordo com estimativas da consultoria DeGolyer e MacNaughton, as jazidas brasileiras contêm recursos de cerca de 60 bilhões de metros cúbicos de gás.

No entanto, os recursos potenciais de petróleo e condensado podem totalizar 57 milhões de toneladas, e de gás natural, 176 bilhões de metros cúbicos.

Em junho de 2019, a subsidiária da Rosneft no país, Rosneft Brasil, e o governo do Amazonas assinaram um acordo, segundo o qual o projeto Solimões receberia incentivos fiscais e medidas para apoiar a construção da infraestrutura necessária.

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