PIB russo despencará em 2020

Economia
DMÍTRI GOLUB
Como na maior parte do mundo, economia do país será afetada gravemente pela pandemia do coronavírus. As perdas, porém, dependerão também dos preços do petróleo e das medidas de apoio estatais.

Devido à pandemia do coronavírus e, por conseguinte, às rigorosas medidas restritivas impostas, o Produto Interno Bruto da Rússia poderá cair entre 1,18% e 5,6% em 2020, segundo estudo do Centro de Pesquisas Estratégicas da Rússia.

Segundo o estudo, o volume da queda dependerá principalmente das medidas de apoio governamental.

"Ao tratar dos efeitos e das consequências, é muito importante compreender as características da crise de 2020. Os principais fatores são o choque da procura do setor real da economia e a queda drástica da procura externa. Assim, as medidas de apoio governamental que estimulam o consumo final são hoje mais importantes do que nunca. Elas podem impactar significativamente a economia e ajustar a taxa de crescimento do PIB", disse um analista do CSR à agência de notícias russa Tass.

Segundo os cálculos do centro de pesquisas, as atuais expectativas econômicas são de, em 2020, o PIB pode cair 5,6% sem medidas financeiras de apoio estatal; 4,58% com medidas de apoio estatal no valor de 300 bilhões de rublos (R$ 207 milhões); ou 1,18% com medidas de apoio estatal no valor de 1,4 trilhões de rublos (R$ 960 milhões).

De acordo com os economistas, a maioria das empresas russas espera queda de cerca de 19% na procura de bens e serviços. Essa levará a uma queda de 22% das receitas e de 20% dos lucros. Essa dinâmica negativa dos indicadores financeiros e econômicos obriga os empresários a otimizar os custos, reduzir o número de funcionários em cerca de 13% e os salários em cerca de 14%, afirmam os economistas russos.

Além disso, segundo o centro, a crise de preços de petróleo atual difere muito das crises de 2009 e 2015: em 2009, o preço do petróleo caiu 55% enquanto o preço do dólar subiu 45%; em 2015, o preço do petróleo caiu 50% e o dólar subiu 64%; mas em 2020, no final de março, a queda do preço do petróleo foi de 77%, enquanto o dólar subiu apenas 20%, o que não permite compensar sequer parcialmente as receitas de exportação em rublos.

Apoio estatal

Ainda de acordo com o estudo, os empresários russos esperam medidas de apoio fiscais e não fiscais. Entre as medidas não fiscais, estão os subsídios para o pagamento de salários por seis meses, férias semestrais para pagamento de juros, subsídios dos custos de aluguel e assistência financeira para empresas afetadas economicamente pelo coronavírus.

Entre as medidas fiscais, figura, em primeiro lugar, a de anulação do IVA para os próximos seis meses.

"Cerca de 28% das empresas russas correm risco de ir à falência. Os maiores riscos são observados entre as empresas comerciais e de serviços, no setor dos transportes e no setor imobiliário e da construção", disse o analista do centro de pesquisas à Tass. Segundo ele, as medidas de apoio estatal devem ser concentradas nesses setores.

Inflação

Segundo os economistas, a diminuição da procura pode travar a aceleração dos preços, mas, por outro lado, a inevitável desvalorização do rublo levará a um aumento dos preços ao consumidor.

"Hoje, as empresas esperam uma inflação de 11%, mas essa expectativa diminuirá devido à queda da procura por bens e serviços e à diminuição dos rendimentos reais da população", completou o analista.

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