A expansão global do covid-19 já teve impacto negativo sobre o setor turístico da Rússia, de acordo com Maia Lomidze, diretora da Associação de Operadores Turísticos da Rússia (ATOR, na sigla em russo). “A queda da demanda é registrada em todos os destinos, mesmo dentro da Rússia. As perspectivas não são positivas, o vírus está afetando todos os segmentos do mercado”, declarou Lomidze.
Os setores com queda mais expressiva são o turismo infantil e o de negócios.
Até o momento foram registrados apenas 28 casos de coronavírus na Rússia. No entanto, como medida de precaução, a emissão de vistos para cidadãos chineses foi suspensa, e cidadãos russos foram aconselhados a não viajar para países que apresentam o maior número de infectados, como China, Irã, Itália e Coreia do Sul.
Sem capital chinês
Segundo o comunicado do sistema de pagamentos Alipay, devido às medidas restritivas, os gastos de chineses na Rússia caíram quase 80% em fevereiro de 2020.
A proibição de viagens da China levou a uma diminuição drástica no número e volume de transações em cinco segmentos do mercado consumidor: fast-food, supermercados, restaurantes, hotéis e boutiques, destacou a diretora do departamento de compras do Russian Standard Bank, Inna Emelianova, ao jornal RBC.
De acordo com as estatísticas do Russian Standard Bank, em fevereiro de 2020, o número de pagamentos pelo sistema Alipay na Rússia caiu 84% em relação a 2019.
Outro banco russo, VTB, também confirma a queda drástica de pagamentos por sistemas utilizados predominantemente por cidadãos da China: o número de pagamentos por cartões dos bancos chineses na Rússia diminuiu 40% em janeiro e fevereiro de 2020, em comparação com a média do ano passado, informa o RBC.
Segundo a ATOR, em 2019, a Rússia recebeu cerca de 5 milhões de turistas chineses.
Perspectivas para indústria do turismo
No total, segundo a Associação de Operadores Turísticos da Rússia, as perdas financeiras diretas das medidas restritivas serão por volta de 450 milhões de rublos, ou cerca de US$ 6,25 milhões. A entidade já enviou uma solicitação ao governo russo de compensação por perdas de operadores turísticos devido ao coronavírus.
O diretor executivo da associação Mundo sem Fronteiras, responsável pelo desenvolvimento do turismo russo-chinês, Aleksandr Agámov, afirmou ao RBC que é “muito difícil” prever a gravidade das perdas futuras do setor turístico russo.
“Os participantes do mercado ainda avaliam apenas o período de três ou quatro meses. As empresas que não diversificarem seus negócios e cujas atividades estão diretamente ligadas com turistas chineses serão as primeiras a serem afetadas.”
Impulso do turismo doméstico
Apesar da declaração da ATOR, as agências de viagens registram o crescimento de demanda por viagens dentro da Rússia, segundo a agência Interfax.
O diretor da agência de viagens Rôzovi Slon, Aleksandr Mkrtchan, garante que a queda das vendas de viagens para o exterior é compensada pelo turismo doméstico. “Cerca de 40% das nossas vendas são viagens pela Rússia [...] Os destinos mais populares são a região de Krasnodar e a Crimeia”, disse Mkrtchan à Interfax.
A agência turística Inturist também confirma a queda da demanda por viagens para o exterior e o crescimento do turismo interno. No entanto, para o diretor executivo da agência, Serguêi Toltchin, as mudanças se devem principalmente à queda drástica do rublo em relação às moedas estrangeiras.
De acordo com o diretor da agência Delfin, Serguêi Romáchkin, a demanda por viagens na Rússia já cresceu 20% em comparação com fevereiro de 2019. “O crescimento começou no início de fevereiro, mas ainda é difícil confirmar a ligação direta com o coronavírus”, arrematou Romáchkin.
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