O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, publicou nesta quarta-feira (13) a instrução normativa que revisa o regulamento de 2009 para importação de trigo da Rússia.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luis Rangel, “a novidade é a possibilidade da entrada do produto com determinadas pragas quarentenárias (especificamente, ervas daninhas), desde que a presença seja informada pelos russos e sejam adotadas medidas contundentes de mitigação dos riscos no Brasil”.
Segundo o comunicado publicado pelo Ministério da Agricultura brasileiro, trigo russo só poderá ser destinado ao consumo, e não como semente.
Os moinhos e os portos autorizados inicialmente estão nas regiões Norte e Nordeste. O objetivo desta escolha é preservar as áreas de produção do cereal, localizadas na região Sul do país, e evitar desvios das cargas, de acordo com o comunicado do Ministério.
O Brasil já importa atualmente trigo da Argentina, dos Estados Unidos, da Ucrânia e do Canadá.
Sem ressentimento?
No dia 1° de dezembro de 2017, a Rússia proibiu o fornecimento de carne suína e bovina do Brasil devido a recorrentes detecções do hormônio ractopamina, que é proibido no país.
O Brasil era até então o maior exportador da commodity à Rússia, exportando quase US$ 1 bilhão de carne ao ano somente para este destino.
A decisão de proibir ou permitir os fornecimentos bilaterais tem contexto macroeconômico, que não está relacionado a hormônios ou ervas daninhas, de acordo com Víktor Linnik, presidente de uma das maiores fábricas de carne processada e derivados da Rússia, a holding Miratorg,
Segundo Linnik, antes da proibição da commodity brasileira pelo Kremlin, o ministro da Agricultura russo, Aleksandr Tkatchev, havia se queixado a seu homólogo brasileiro que Moscou comprava pelo menos US$ 1 bilhão em carne do país, mas este não autorizava a Rússia a exportar seus grãos e sua carne ao Brasil.