A trama se passa em uma terra fictícia. O ex-marinheiro Longren vive perto do mar com a sua filha, Assol, e agora ganha dinheiro vendendo os navios de brinquedo que ele mesmo fabrica.
A situação deles é dramática, pois a mãe de Assol faleceu quando a menina tinha apenas três meses de idade.
Em sua própria aldeia, Longren e Assol são considerados estranhos e acabam sendo intimidados pelos vizinhos. Eles culpam Longren por não salvar um taverneiro quando ele estava se afogando. O que eles não sabem é que Longren culpa o próprio taverneiro pela morte da mãe de Assol.
Naquela época, Longren estava trabalhando em alto-mar; sua mulher ficou doente e relutantemente pediu dinheiro ao taverneiro. Mas ele disse que só lhe daria a ajuda após uma noite com ela. Ela recusou e morreu logo depois.
Os moradores também não gostam da jovem Assol, pois a acham estranha. Para piorar, enquanto Assol carregava brinquedos feitos por seu pai, ela conhece um velho, que lhe diz que, um dia, um príncipe encantador chegará em um navio com velas escarlates e a levará para seu principado.
Assol prontamente acredita nele e começa a sonhar com esse dia. Porém, a pobre garota é ridicularizada por acreditar no conto, gerando outra onda de bullying e risadas dos vizinhos.
Até que, um dia, um jovem de uma família rica chamado Gray chega àquela vila em seu navio pessoal e se depara com uma bela adormecida — Assol. Na vila, ele ouve os rumores sobre ela e a história sobre as velas escarlates.
É então que Gray muda suas velas brancas para escarlates e retorna à costa onde fica a casa de Assol. Ele a pede casamento e a convida para ir com ele à sua terra das maravilhas.
Todos os moradores ficam chocados quando isso acontece. Assol, por sua vez, fica muito feliz, e o casal parte a bordo do navio levando também Longren.
É de se surpreender que uma história tão fictícia com nomes de personagens não russos e cenários não russos tenha sido escrita por um autor russo.
O sobrenome verdadeiro de Aleksandr Grin era Grinévski e ele foi exilado na época tsarista por participar de movimentos revolucionários.
Grin adotou um pseudônimo e escapou da realidade ao criar um mundo fictício totalmente novo, embora ainda semelhante ao nosso. Na verdade, muitos escritores soviéticos copiaram essa ideia depois dele, causando também um boom de ficção científica. Dessa forma, era mais fácil driblar a censura, pois os censores não tinham queixas sobre contos de fadas.
O próprio Grin definiu o gênero literário como um “romance extravagante”. Os críticos elogiaram a obra por todo o seu simbolismo e neorromantismo.
‘Velas Escarlates’ foi transportado para as telonas diversas vezes, porém, a adaptação mais icônica é o filme de 1961 de Aleksandr Ptuchko, no qual a bela atriz Anastassia Vertínskaia interpreta Assol.
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