Quando Catarina 2ª subiu ao trono da Rússia, ela ordenou a criação de uma “câmara de diamantes” no Palácio de Inverno. Inicialmente, a sala servia para guardar retratos de Sua Majestade, anéis, caixinhas de rapé de joias, relógios e correntes, cabos de ouro de armas frias, louças e outros objetos valiosos. Posteriormente, a galeria de tesouros imperiais foi transferida para o Novo Hermitage e aberta ao público. Em meados do século 19, tornou-se a maior coleção de arte em joalheria acessível ao público na Rússia.
Abaixo estão as dez obras-primas mais memoráveis da “Sala de Diamante”:
Os relicários guardavam as relíquias dos santos cristãos. Este relicário em prata dourada, decorado com pedras preciosas e filigranas, representa Santo Estêvão (na tradição francesa, Etienne), o primeiro diácono da Igreja apedrejado pela sua adesão à nova religião. As relíquias eram guardadas em um livro que ele segura nas mãos.
A Cruz Processional era transportada no início da procissão litúrgica – daí o seu nome. Foi criada no final do século 13 para armazenar as partículas da cruz na qual Jesus Cristo foi crucificado. As partículas foram trazidas da Palestina pelos cruzados. O objeto é decorado com figuras escultóricas do Salvador, Madonna e Apóstolo João. A figura de Cristo é a única das três feita inteiramente de ouro. A peça é cravejada com pedras preciosas e semipreciosas, esculpidas, cinzeladas, gravadas e com esmalte cloisonné.
O caixão de prata dourada decorado com pérolas, camafeus e pedras preciosas foi trazido para a Rússia como parte do dote da princesa alemã Carlota Cristina de Brunsvique-Volfembutel — a nora de Pedro, o Grande, esposa de seu filho Aleixo e mãe do imperador Pedro 2º. Ela era descendente de sétima geração da princesa polonesa Edviges Jagelão. As pernas do objeto são feitas em forma de grifos segurando escudos com os brasões do marido de Edviges, Eleitora de Brandemburgo, e de seu pai, o rei polonês.
O formato incomum deste pingente é inspirado nas Grandes Descobertas Geográficas da época. A fuselagem da caravela é baseada em uma esmeralda colombiana de 125 quilates. O peso total dessas pedras na peça é de 190 quilates: há mais cinco incrustadas no formato da cruz na qual o navio está suspenso. Tudo isso em apenas 9,3 centímetros.
O conjunto de Anna Ioannovna (também conhecida como Ana da Rússia) consiste em 46 itens. Entre eles estão um espelho grande, muitos caixas (maiores e menores), uma bacia, bandejas, pincéis, garrafas e castiçais. E também tigelas de sopa, xícaras, bules, cafeteiras, açucareiros e outros utensílios, pois era preciso várias horas para se aprontar. Todos os itens — e são 45 quilos de ouro — se diferenciam pela qualidade de acabamento e variedade de técnicas de joalheria. Mais tarde, o conjunto foi utilizado durante o vestir das noivas da casa imperial.
Estes estojos eram usados para guardar produtos de higiene pessoal, frascos de perfume, materiais de costura e outros itens. Eram populares na Rússia no século 18 e faziam parte do arsenal feminino.
A imperatriz Elizaveta Petrovna (também conhecida, em português, como Isabel da Rússia) ganhou este estojo cravejado de diamantes do embaixador francês na Páscoa – por isso, a peça é feita em forma de ovo. É decorado com a águia russa de duas cabeças na parte inferior e o monograma de Elizaveta na parte superior. Apesar do luxo, a peça tem apenas 8,3 cm.
Três buquês de diamantes, safiras, rubis, topázios, ametistas e esmeraldas foram feitos para Isabel da Rússia por Jeremiah Pozier, um joalheiro da corte de meados do século 18. A rainha usava essas composições florais para decorar o seu penteado ou traje — elas eram fixadas ao cinto ou ao ombro.
Para as necessidades da corte, Pozier fabricava caixas de rapé, anéis, encomendas e joias. Para a coroação de Catarina 2ª, ele criou a Grande Coroa Imperial, que passou a ser usada nas cerimônias por todos os tsares russos.
A Ordem de Santo André era o maior prêmio do Império Russo. Foi criado por Pedro, o Grande, em 1698. Os cavaleiros agraciados recebiam distintivo, estrela e uma fita azul.
O emblema representa uma cruz com um apóstolo crucificado; na cruz estão as letras S-A-P-R, que significam ‘Sanctus Andreas patronus Russiae’ (do latim, “Santo André é o padroeiro da Rússia”). O sinal era utilizado perto do quadril em uma larga fita azul de seda sobre o ombro direito.
A Estrela de Santo André tem oito raios e, no centro, há um medalhão que traz o lema da Ordem: “Pela Fé e pela Fidelidade”. O item era usado no peito à esquerda, acima de outros prêmios.
Jean-Marc Nattier. “Retrato de Pedro, o Grande”, 1717.
Palácio ArkhánguelskoieEm casos especiais, o monarca poderia premiar um cavaleiro com uma encomenda incrustada de joias e diamantes. Prêmios com pedras preciosas eram mais comuns entre homens da família imperial.
A ‘Sala de Diamante’ exibe o distintivo e a estrela da coleção do grão-duque Aleksêi Aleksandrovitch, feita por volta de 1800. Ambos são decorados com joias e diamantes, rubis e esmalte.
Este conjunto luxuoso consiste em um arnês, um sabre, uma bainha dourada coberta com esmalte roxo e um ‘tcheprak’ roxo sob a sela. Mais de 16.000 diamantes foram usados para criar a peça. Foi um presente diplomático apresentado pela Turquia ao imperador russo por ocasião do Tratado de Adrianópolis, celebrado em 1829. Jamais foi usado ao fim a que se destinava.
A moldura de ouro e prata foi criada pela joalheria de Pável Ovchinnikov, um ex-servo que se tornou fornecedor da corte imperial. Ovchinnikov se especializou na fabricação de objetos de culto. Ele foi um mestre reconhecido na recriação do estilo russo antigo.
A decoração da moldura – ovos de Páscoa em miniatura – foi feita pela joalheria da corte Carl Fabergé. Os ovos são decorados com esmalte, diamantes, safiras, esmeraldas, rubis e pérolas. O ícone pertenceu à última imperatriz russa Aleksandra Feodorovna.
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