Olga Rozánova nasceu na pequena cidade de Melenki, em Vladimir, e passou a infância na antiga capital dessa região russa. Aos 20 anos mudou-se para Moscou para estudar pintura. Na Escola de Arte de Konstantin Iuon e Nikolai Ulianov, ela ficou amiga de outra futura artista de vanguarda russa, Liubov Popova. “Retrato de uma mulher” é um dos primeiros trabalhos de Rozánova durante os anos de aprendizagem.
Em busca de um estilo próprio, Rozánova fazia muitos experimentos; suas primeiras paisagens foram criadas no estilo fauvista, com detalhes em cores vivas. Céu azul, telhados verdes e azuis, a fachada vermelha do ginásio feminino da cidade de Melenki e árvores monocromáticas — foi assim que ela retratou um cantinho em sua cidade natal.
Em 1908, Moscou sediou a primeira grande exposição de impressionistas fora da França. Os russos tiveram a oportunidade de conhecer mais de 250 obras de Pissarro, Degas, Cézanne e Toulouse-Lautrec. Entre as pinturas estava “O Café à Noite” de Van Gogh, que foi adquirida pelo filantropo russo Ivan Morozov. Impressionada com essa obra, Rozánova criou a sua pintura “Café”, uma homenagem ao seu novo ídolo Van Gogh.
Em 1911, Rozánova voltou aos estudos e entrou na escola de arte Zvantsev, em São Petersburgo. Em pouco tempo tornou-se membro da primeira grande associação de artistas de vanguarda russa, “A União da Juventude”. O colecionador e filantropo Lévki Jeverjeev, que apoiou o movimento, adquiriu o seu quadro “Café”. Paralelamente, a artista conheceu Kazimir Malevich, Pável Filonov e o poeta e artista Aleksêi Krutchionikh, com quem iniciou um romance. Ele até usou “Café” como ilustração em seu livro “Reclamaremos”, no qual se referiu a Rozánova como a “primeira artista de Petrogrado".
Junto com Krutchionikh, Rozánova participou da criação de 18 livros, com ilustrações e linogravuras, inclusive para o “Livro Abstruso”. Acredita-se que Rozánova retratou seus colegas artistas de vanguarda: Aleksandra Ekster como a Rainha de Ouros, Natália Gontcharova como a Rainha de Espadas, Malevich como o Rei de Ouros e Krutchionikh como o Valete de Copas.
Em 1914, a artista foi para Roma, onde, a convite do “pai” do futurismo, Filippo Tomaso Marinetti, participou da primeira Exposição Internacional Futurista. Nessa época, ela pintou o quadro “Incêdio na Cidade”, onde retratou edifícios, pontes e veículos em movimento.
Para um dos livros de Krutchionikh, Rozánova criou uma série de colagens, os chamados adesivos abstrusos, utilizando diversas combinações de cores. O poeta ficou encantado e disse que “a linguagem abstrusa dá as mãos à pintura abstrusa”. Talvez, um dos primeiros a ver essas obras tenha sido Malevich, que naquela época morava ao lado do poeta. Mais tarde, Rozánova disse que havia emprestado de Malevich suas ideias de obras com “elementos primários de imagem”. “Os meus adesivos são todo suprematismo: uma combinação de planos, linhas, discos e absolutamente nenhum objeto real”, escreveu.
Em dezembro de 1915, foi inaugurada em Petrogrado a mostra “A Última Exposição Futurista de Pintura ‘0.10’” que foi um manifesto do suprematismo. Foi então que o público viu o “Quadrado Negro” de Malevich pela primeira vez. Rozánova também participou da exposição com pinturas e montagens. Combinações de cores e formas, diferentes texturas de objetos, palavras intercaladas — ela tentou observar e traduzir os objetos mais comuns de uma nova maneira.
Rozánova também escreveu poemas e sempre se interessou pelas cores. Ela criou o seu próprio movimento artístico, intitulado "tsvetopis", ou seja, “pintura colorida”, no qual dava máxima atenção ao colorismo e à “coloração transformada”.
Ela passou o primeiro ano após a revolução em trabalho constante: bordou faixas para o feriado do trabalhador em Moscou e desenvolveu decorações para as celebrações do primeiro aniversário da Revolução de Outubro. Nesta época, Rozánova criou uma de suas obras mais famosas, “Faixa Verde”. Não é por acaso que a pintura tem um segundo nome — “Luz difusa”: esse feixe verde sobre um fundo branco brilhante parece vibrar e perder os contornos.
No final do outono de 1918, a artista adoeceu repentinamente com difteria e, em 7 de novembro, morreu em um hospital na capital russa.
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