Os 10 maiores roubos de museus russos (FOTOS)

Kira Lissítskaia (Foto: Legion Media; Tiziano Vecellio)
De Répin a Rembrandt, todos estes artistas já tiveram suas obras subtraídas de coleções russas.

Frans Hals

O roubo, em 1965, de uma obra-prima do pintor holandês do século 17 Frans Hals do Museu Estatal Púchkin de Belas Artes, em Moscou, foi tão polêmico que até gerou um filme, “A devolução de São Lucas” (1970).

Duas das pinturas de Hals de sua série de retratos de evangelistas pintados na década de 1620 estavam emprestadas a Moscou: “São Lucas” e “São Mateus”.

No dia de limpeza do museu, quando ele ficava fechado ao público, o ladrão cortou a tela da moldura e só no dia seguinte o roubo foi notado.

Mas um golpe de sorte ajudou a recuperar a obra-prima. Quase seis meses após o desaparecimento de “São Lucas”, uma pessoa se aproximou de um homem bem-vestido na rua Arbat e lhe ofereceu a pintura por 100.000 rublos.

O problema é que o tal homem elegante era um agente da KGB e o ladrão, Valéri Vôlkov, um funcionário do Museu Púchkin, foi preso. Ele trabalhava como assistente de um restaurador de madeira e não tinha formação universitária, então bolou um plano para comprar um diploma em troca da pintura.

Porém o negócio não deu certo e o ladrão decidiu vender a obra-prima de Hals. Mas acabou pego.

Jean-Léon Gérôme

Jean-Léon Gérôme, “Piscina em um Harém”.

O quadro “Piscina em um Harém” (circa 1876), de Jean-Léon Gérôme, foi roubado da coleção do Museu Hermitage. Em 2001, os ladrões se aproveitaram do fato de que a sala com as pinturas do artista estava fechada à visitação e simplesmente passaram por cima da barreira de isolamento. Daí por diante foi fácil: a tela foi cortada da moldura com uma faca e levada.

Os ladrões não foram encontrados, mas, em 2006, a pintura foi deixada na recepção do escritório do Partido Comunista em Moscou. Mas os anos fora do museu deixaram sua marca na obra: a tela “Piscina em um Harém” foi danificada e imediatamente enviada para restauração. Três anos depois, ela foi devolvida às salas de exposição do museu.

Ícones religiosos e joias

Joias, ícones religiosos, itens com pedras preciosas... no geral, mais de 200 itens de museu no valor de 150 milhões de rublos desapareceram dos fundos do Museu Hermitage.

Mas seu desaparecimento só foi notado em 2006. Uma funcionária do museu, Larissa Zavádskaia, e membros de sua família foram colocados sob suspeita.

Acontece que, ao longo de muitos anos, os criminosos substituíram cuidadosamente os objetos verdadeiros por outros, menos valiosos, vendendo os originais.

Graças à ampla divulgação do crime, foi possível reaver 34 itens. Mas uma parte significativa do roubo continua perdida.

“Guitarrista Solitário”

Vassíli Perov, “Guitarrista Solitário”, 1865.

Numa noite de primavera de 1999, dois criminosos quebraram uma janela do primeiro andar do Museu Estatal Russo e roubaram o quadro “Guitarrista Solitário” (1865), de Vassíli Perov, assim como um esboço seu para o quadro “Troika”.

Ao ouvir o alarme disparar, os guardas correram atrás dos ladrões, que conseguiram escapar. No final das contas, porém, eles foram capturados e as pinturas foram descobertas em um depósito de bagagens na estação de trem Varshavsky, em São Petersburgo.

Tesouros sármatas

Phalerae de ouro.

Estes itens foram subtraídos de um museu de história local em Rostov-no-Don, em 1971. Depois de entrar furtivamente em uma sala do museu por uma janela, um ladrão quebrou a vitrine e roubou algumas phalerae (condecorações militares) de ouro usadas para adornar arreios de cavalos e encontradas no túmulo de um chefe sármata.

O criminoso não tinha nenhum apreço especial pela história antiga, apenas queria vender o metal. Nessa gana, o ladrão conseguiu derreter as phalerae e o museu perdeu para sempre esses itens preciosos de exposição da história.

“Ai-Petri. Crimeia”

Arkhip Kuindji, “Ai-Petri. Crimeia”.

Em 27 de janeiro de 2019, na Galeria Tretiakov repleta de visitantes, um ladrão roubou de sua moldura a tela “Ai-Petri, Crimeia”, de Arkhip Kuindji, e foi embora.

Os visitantes presentes pensaram que se tratasse de um funcionário da galeria que levava a pintura com autorização. Apenas uma hora e meia depois os funcionários de verdade do museu perceberam o que tinha acontecido e soaram o alarme.

O ladrão logo foi preso e a pintura foi encontrada escondida em um canteiro de obras na cidade de Odintsovo, na região de Moscou.

Rembrandt, Ticiano, Correggio e Dolci

Ticiano “Ecce Homo”.

Na manhã de 25 de abril de 1927, funcionários do Museu Púchkin chegaram ao trabalho e descobriram que pinturas desses artistas haviam desaparecido. Na noite de Páscoa, enquanto os sinos da igreja tocavam, o criminoso quebrou a janela e roubou as obras-primas.

Quando a polícia chegou ao local, foi pega de surpresa: os cacos de vidro tinham sido limpos junto com todas as possíveis pistas. Além disso, um bilhete tinha sido deixado pelo criminoso e fora tocado por várias pessoas.

A única pintura que foi rapidamente descoberta foi “A flagelação de Cristo”, de Giunta Pisano. No outono de 1931, a polícia conseguiu uma pista sobre um certo “Fedorovitch”, funcionário do Comissariado do Povo (equivalente a ministério) para Correios e Telégrafos. No passado, ele tinha sido membro de uma gangue que roubava museus em São Petersburgo.

Durante o interrogatório, ele negou tudo, mas, no final das contas, seu amigo o denunciou, já que Fedorovitch queria roubar o museu desde 1924.

Depois de roubadas, as obras-primas passaram muito tempo em caixas no subsolo e, assim, foram seriamente danificadas. A pintura de Ticiano “Ecce Homo” foi a mais castigada, porque o ladrão envolveu nela “Cristo”, de Rembrandt.

Filonov

Os investigadores sabiam há muito tempo que algo estranho estava acontecendo com as obras do artista de vanguarda Pável Filonov no Museu Estatal Russo: na década de 1980, suas obras surgiram subitamente na coleção do Centro Pompidou, em Paris, apesar de o pintor nunca ter vendido nenhuma delas para o exterior.

Além disso, as obras de Filonov ficavam em sua própria coleção, que foi doada ao Museu Russo em 1977 pela irmã do artista, Ekaterina Glebova. Então, descobriram que o Museu Russo tinha apenas cópias dessas obras.

Dúvidas sobre a autenticidade das obras de Filonov surgiram novamente em 1992, quando um desenho da artista oficialmente listado na coleção do Museu Russo chamou a atenção de uma funcionária da instituição que visitava a França. Mais uma vez, então, descobriu-se que a obra no Museu Russo era apenas uma cópia.

No final das contas, a investigação conseguiu solucionar ambos os casos e trazer à luz o grupo criminoso que retirava os originais do museu e os utilizava para criar cópias que depois eram trocadas pelos originais. No ano 2000, sete desenhos valiosos do artista foram devolvidos por Paris a São Petersburgo.

Répin, Chíchkin, Kramskoi

A busca por 16 pinturas roubadas em dezembro de 1999 do Museu da Academia Russa de Artes, em São Petersburgo, durou vários dias. Embora um alarme tenha disparado na noite do roubo, a polícia chegou e não encontrou nada suspeito – todas as fechaduras estavam fechadas e as janelas não tinham sido quebradas.

Os ladrões planejaram tudo minuciosamente, esconderam-se antes do crime em uma sala do museu e esperaram. Depois, arrombaram a fechadura do museu e cortaram as telas de suas molduras.

Assim roubaram pinturas de Répin, Kramskoi, Chrucki, Maliávin e Tropínin, em um valor que ultrapassava um milhão de dólares. Felizmente, as pinturas foram recuperadas muito rapidamente.

Levitan e outros

Para roubar o quadro “Bazar”, de Viatcheslav Bitchkov, os ladrões cortaram o teto do Museu de Arte e História de Kinechma.  

Já na cidade de Viazniki, três ladrões primeiro se esconderam em uma sala do Museu de Arte e História e, depois, vestindo máscaras, amarraram os guardas e roubaram os quadros “Floresta, Abetos”, de Chíchkin; “Pescador”, de Korôvin; e “Primeira Neve”, de Jukóvski — em um total de três milhões de dólares.

Já no Museu-Propriedade Estatal de História, Arquitetura e Arte da cidade de Plios, ladrões pintaram com spray as lentes das câmeras de segurança para impedir a visão e depois quebraram o vidro blindado com marretas para roubar cinco pinturas de Isaac Levitan.

Anos depois, elas foram recuperadas durante uma operação policial em Níjni Nôvgorod e descobriu-se que os roubos em Kinechma, Viazniki e Plios foram cometidos pela mesma gangue.

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