A primeira animação soviética a receber um prêmio internacional foi “A Canção da Alegria”. Em um festival em Veneza em 1947, este desenho animado de conto de fadas de Mstislav Paschenko recebeu uma menção honrosa dos jurados. Desde então, os animadores soviéticos e russos receberam centenas de prêmios dos mais prestigiados circuitos.”. Dois deles, segundo especialistas, são até considerados os melhores da história. Curiosamente, ambos foram filmados pelo mesmo diretor soviético.
O primeiro sucesso global da animação soviética veio com a adaptação do conto de fadas de Hans Christian Andersen ‘A Rainha da Neve’. Este é o nono longa-metragem do estúdio moscovita Soyuzmultfilm.
‘A Rainha da Neve’ não apenas acumulou uma tonelada de prêmios (em Veneza e Cannes), mas também teve grande distribuição internacional – dos EUA ao Japão. Em 2003, uma pesquisa entre profissionais da indústria realizada no festival de animação Laputa, em Tóquio, colocou ‘A Rainha da Neve’ em 17º lugar na lista dos 150 Melhores Filmes de Animação da História — à frente de “O Estranho Mundo de Jack”, de Tim Burton (26º lugar), e ‘A Viagem de Chihiro’, de Hayao Miyazaki (29º lugar). Aliás, segundo Miyazaki, foi o filme de Atamanov que solidificou seu desejo de se tornar animador.
Antes de se tornar diretor, Khitruk trabalhou por anos como cartunista – dando vida a personagens de filmes de outros diretores. Um de seus melhores papéis é o da entidade mítica Ole Lukøje de ‘A Rainha da Neve’.
Desde a sua estreia, com a ‘A História de um Crime’ (1962), Khitruk tornou-se um dos diretores mais brilhantes da URSS e rapidamente conquistou reconhecimento global. Em ‘A Ilha’, uma parábola anticapitalista com um Robinson Crusoé moderno, rendeu-lhe a Palma de Ouro na categoria curta-metragem de animação em Cannes, entre outros prêmios.
O primeiro lugar no já citado Top 150 formulado em Tóquio foi ocupado por ‘Ouriço no Nevoeiro’, de Iúri Norstein – a odisseia sobre um ouriço que viaja através da neblina até seu amigo, um urso.
Embora com apenas 10 minutos, este filme exigiu esforços titânicos.
‘Ouriço’ foi filmado em um cenário de animação multicamada usando a técnica de animação de recorte. Isso significa que cada personagem e alguns elementos de fundo eram compostos por diversas peças que precisavam ser movidas manualmente, aos poucos, para criar a ilusão de movimento. Esta animação coleciona prêmios em festivais: de Teerã a Melbourne e Chicago.
Antes do ranking de Tóquio, foi realizado em Los Angeles outro levantamento entre profissionais da área. Na pesquisa de 1984, o primeiro lugar ficou com outro filme de Norstein: ‘O Conto dos Contos’ é uma viagem por labirintos da memória do diretor, filmada com a mesma técnica de animação de recorte.
No entanto, esta vitória só foi amplamente anunciada na terra natal de Norstein no final da década, durante a perestroika. Fato é que esta pesquisa foi realizada dentro do programa cultural dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que a URSS ignorou em resposta ao boicote dos EUA às Olimpíadas de Moscou em 1980. Tal como outros filmes de Norstein, ‘O Conto’ tem uma infinidade de prêmios — de festivais em Ottawa, Lille, Oberhausen e mais.
Garri Bardin começou a carreira como dublador, depois se tornou roteirista de animação, e depois diretor – criou várias animações, como, por exemplo, o musical animado ‘O Navio Voador’ (1979), que foi incrivelmente popular na URSS. Mas o verdadeiro sucesso veio para Bardin quando ele começou a dar vida a materiais menos óbvios, como cordas, fósforos…
Em ‘Fioritures’, uma parábola satírica sobre a loucura do autoisolamento, todos os personagens são feitos de arame. Por este filme, Bardin recebeu a Palma de Ouro em Cannes.
Este é mais uma musical animado de Bardin — desta vez, feito com argila. O famoso conto de fadas é recontado no espírito da perestroika, quando caiu a chamada Cortina de Ferro. Chapeuzinho Vermelho, que mora na União Soviética, vai até a casa da avó em Paris e conhece não apenas o Lobo Cinza, mas também os três porquinhos e os sete anões dos filmes da Disney.
Este trabalho rendeu ao realizador uma série de prêmios de prestígio, incluindo o grande prêmio do chamado ‘Cannes da Animação’ – Festival de Cinema de Animação de Annecy, também na França.
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