Os 5 melhores filmes soviéticos sobre as Guerras Napoleônicas

Cultura
BORIS EGOROV
Mais de 50 anos se passaram desde o lançamento do épico “Guerra e Paz”, mas suas cenas de batalha ainda tiram o fôlego.

1. Kutuzov (1943)

Este filme retrata os acontecimentos da Guerra Patriótica de 1812, quando o Grande Armée de Napoleão invadiu o Império Russo. No centro da narrativa está a figura do marechal-de-campo Mikhail Kutuzov, comandante-chefe das tropas russas.

As filmagens decorreram no auge da Segunda Guerra Mundial, em 1943. O Exército Vermelho já tinha começado a expulsar a Wehrmacht de seu território — e não é por acaso que, em ‘Kutuzov’, foi dada especial atenção à expulsão dos franceses da Rússia.

Apesar da difícil situação em que se encontrava a URSS na época, as filmagens foram abordadas de forma minuciosa. Cidades em chamas, colunas de infantaria em marcha, salvas de artilharia e ataques arrojados – os espectadores puderam conferir tudo isso nas telonas.

A Balada dos Cavaleiros (1962)

Verão de 1812, início da guerra contra Napoleão. A jovem Chura Azarova, de 17 anos, sonha em lutar contra o inimigo. Como não há lugar para mulheres no front, ela se disfarça com uniforme de hussardos e, fingindo ser homem, dirige-se ao serviço militar.

Acredita-se que Chura tenha sido inspirada na “donzela da cavalaria” Nadejda Durova, que participou de ações militares se passando por cavaleiro Aleksandr Aleksandrov. Quando a verdade veio à tona, o tsar Alexandre 1º permitiu que ela continuasse no exército com seu nome verdadeiro.

A comédia “A Balada dos Cavaleiros” não pôde ser exibida nos cinemas por muito tempo. Os burocratas acreditavam que o filme zombava dos feitos galantes dos heróis da Guerra Patriótica. Os cineastas, porém, conseguiram convencê-los de que o longa, de fato, glorificava os hussardos.

As cenas de inverno foram filmadas em abril, quando a neve já havia derretido. Os cineastas tiveram que usar grande quantidade de giz, tinta branca, serragem e naftalina, o que causou reações alérgicas na equipe.

Como as filmagens ocorreram em um ambiente confortável na região de Moscou, os atores que interpretavam os hussardos comiam bem, dormiam bastante, passavam tempo ao ar livre e não se pareciam em nada com cavaleiros exaustos por uma guerra contra um inimigo excepcional. Quando o chefe do estúdio Mosfilm, Ivan Piriev, viu o material bruto, ele teria ficado indignado: “Onde você encontrou aquelas fuças feias e rechonchudas?”, disse.

Guerra e Paz (1965-1967)

Este épico em quatro partes baseado no romance homônimo de Lev Tolstói cobre os eventos da Guerra da Terceira Coligação contra os franceses, incluindo a Batalha de Austerlitz em 1805 e a campanha russa de 1812.

As cenas de batalha foram reproduzidos em enorme escala. Três mil soldados do Exército soviético foram recrutados para filmar as cenas da Batalha de Krasnoi, e 15 mil foram levados para a Batalha de Borodinó — além de 950 cavaleiros de um regimento de cavalaria especialmente formado.

Mais de quatro dezenas de empresas estiveram envolvidas na fabricação de uniformes, equipamentos e armas militares autênticos, enquanto 58 museus disponibilizaram suas coleções de objetos únicos da época.

Vinte e três toneladas de explosivos, 40.000 litros de querosene, 2.000 simuladores de explosão e 15.000 granadas de fumaça foram usados apenas para o “combate” em Borodinó.

O diretor do filme, Serguêi Bondartchuk, queria precisão extrema em sua abordagem ao filmar a ação militar. “É capaz que o próprio Kutuzov não tenha planejado a Batalha de Borodinó com tantos detalhes quanto Bondartchuk”, brincou seu colega, o diretor Gueórgui Danelia. “Quantos mapas e cartas estavam diante dele durante o trabalho no filme e a quantos documentos militares históricos ele obteve acesso!”

Em 1969, ‘Guerra e Paz’ ganhou um Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e, um ano depois, o produtor italiano Dino De Laurentiis convidou Bondartchuk para dirigir o grande blockbuster histórico “Waterloo”.

Waterloo (1970)

O filme sobre a última grande batalha de Napoleão foi uma coprodução soviético-italiana. As filmagens aconteceram na Ucrânia Ocidental e o Exército soviético, assim como no já citado ‘Guerra e Paz’, colocou 15 mil soldados à disposição do diretor.

Bondartchuk provou mais uma vez ser um mestre único na criação de um cenário de batalha arrebatador. Ele praticamente orquestrou uma reconstituição minuto a minuto da Batalha de Waterloo. O diretor se concentrou em cada detalhe. Por exemplo, fez com que todos os esquadrões de cavalaria britânicos montassem cavalos de uma determinada cor; os animas entraram em ação mediante um sinal, conforme a iluminação.

Além disso, devido à iluminação favorável, Bondartchuk foi capaz de filmar um ataque de cavalaria às 2 da tarde, quando os cavalos eram normalmente alimentados e era praticamente impossível arrancá-los dali. Para a irritação do diretor, o consultor de cinema, o tenente-general Ivan Oslikovski, gesticulava impotente com as mãos, observando: “Posso dizer às pessoas e aos soldados o que fazer, mas como faço para dar ordens aos animais?”.

Apesar da escala luxuosa e do elenco estelar (Rod Steiger, Christopher Plummer e Orson Welles), “Waterloo” foi um fracasso total de bilheteria. Após este fiasco, Stanley Kubrick foi forçado a abandonar às pressas o seu ambicioso projeto também dedicado à vida de Napoleão.

O Esquadrão de Hussardos Voadores (1981)

Este filme conta a história de um famoso protagonista da Guerra Patriótica de 1812 – o oficial e poeta Denis Davidov, que comandou um dos destacamentos partidários “voadores”. Compostos por hussardos e cossacos, esses destacamentos realizaram ousados ataques de cavalaria na retaguarda do Grande Armée de Napoleão, cortando efetivamente as suas comunicações e incutindo medo nos corações dos franceses e de seus aliados.

“O Esquadrão de Hussardos Voadores” foi um dos principais lançamentos cinematográficos soviéticos do início dos anos 1980. Foi visto por mais de 23 milhões de espectadores no cinema.

“As paisagens são filmadas de forma impressionante no filme – os bosques congelados ao estilo de Verescháguin, os campos de inverno sem fim, os riachos brilhando ao sol, as estradas perdidas em matagais densos ou desaparecendo no horizonte”, escreveu o crítico de cinema soviético Iúri Tiurin. “Nas melhores cenas do filme, o espírito de luta nacional de 1812 ganha vida na tela”, acrescentou.

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