O nome original da pintura mais famosa de Kazimir Malevich não é na verdade ‘Quadrado Negro Supremacista’. Mas isso não é nada perto das informações peculiares abaixo.
Na verdade, o quadrado negro de Malevich não é um quadrado: nenhum dos lados é paralelo ao outro nem com a estrutura da pintura. Tecnicamente, é apenas um retângulo.
E não é preto. Malevich usou uma solução especial de tintas, na qual não havia uma única preta. Digamos que o nome da pintura não corresponde exatamente à realidade.
O ‘Quadrado Negro Supremacista’ foi originalmente criado por Malevich em 1913, como parte do projeto de uma cortina de palco para a ópera futurista/cubofuturista ‘Vitória sobre o Sol’. Na época, o artista não atribuiu nenhuma importância à data real da criação da pintura. O ‘Quadrado Negro’ foi pintado pela primeira vez em 1915 para ‘A Última Exposição Futurista de Pinturas 0,10’, que ocorreu em Petrogrado de 19 de dezembro de 1915 a 17 de janeiro de 1916. O ‘Quadrado Negro’ foi criado entre outras pinturas supremacistas, mas Malevich ainda pintou “1913” na parte de trás da tela de 1915, enfatizando que o trabalho havia sido originalmente idealizado em 1913, apenas pintado em 1915.
Quando exibido pela primeira vez em 1915, o ‘Quadrado Negro Supremacista’ foi apresentado com outras duas “formas supremacistas principais” – ‘Círculo Negro’ e ‘Cruz Negra’, que são menos conhecidos que o ‘Quadrado Negro’.
Durante a fluoroscopia da pintura original realizada em 2015, foi feita uma importante descoberta. Antes de o ‘Quadrado Negro’, a tela em que está pintado trazia duas imagens. A primeira era uma composição cubofuturista; e a segunda, pintada sobre a primeira, era uma composição supremacista. Foi sobre elas que Malevich pintou o ‘Quadrado Negro’.
Além disso, os peritos foram capazes de ler uma inscrição a lápis. “A inscrição é feita a lápis preto sobre uma camada seca de branco, consiste em três palavras e é lida por nós como ‘a batalha dos negros’, presumivelmente ‘à noite’”, explica a pesquisadora Ekaterina Vorônina.
A inscrição descoberta foi feita pelo próprio Malevich, argumentam os grafólogos. Nela, ele se refere provavelmente à primeira pintura totalmente negra que Malevich nunca viu, mas aparentemente ouviu falar: ‘Combat de nègres pendant la nuit’ (‘Batalha dos Negros a Noite’), pintado em 1882 por Paul Bilhaud – que não era pintor, mas um dramaturgo e libretista. A ‘Batalha dos Negros a Noite’ é apenas uma tela totalmente preta. Desaparecida desde 1882, esta pintura foi encontrada em 2018 em uma coleção particular.
Mas a pintura de Bilhaud também não foi a primeira – o médico e ocultista inglês Robert Fludd publicou a imagem “Escuridão” em seu livro de 1617 sobre a origem e a estrutura do cosmos; e o ilustrador francês Bertall lançou ‘Vue de La Hogue (effet de nuit)’ em 1843.
Kazimir Malevich criou várias repetições autorais do ‘Quadrado Negro’. Atualmente, existem quatro variantes que diferem em padrão, textura e cor:
O primeiro ‘Quadrado Preto’ foi criado em 1915 e exibido na exposição ‘0.10’. Está armazenado na Galeria Tretiakov. A tela tem 79,5 por 79,5 centímetros.
O segundo ‘Quadrado Preto’, de 106 por 106 cm, foi criado em 1923 para ser exibido na Bienal de Veneza. É mantido no Museu Russo.
A terceira tela, criada em 1929, foi pintada por Malevich para sua exposição pessoal na Galeria Tretiakov. É uma cópia exata do original (também com 79,5 cm de cada lado).
O quarto ‘Quadrado Negro’ é o mais misterioso. Foi pintado em 1932 e mede 53,5 por 53,5 cm. Era desconhecido até 1993, quando surgiu em Samara – uma pessoa cujo nome não foi revelado o levou a um banco como garantia de empréstimo. A pintura não foi recuperada e acabou sendo vendida ao oligarca Vladímir Potánin, que a doou ao Hermitage, onde reside.
O ‘Quadrado Vermelho’, chamado ‘Realismo Pictórico de uma Camponesa em Duas Dimensões’, foi pintado por Malevich em 1915 para a mesma exposição em que ‘Quadrado Negro’ foi exposto pela primeira vez.
O ‘Quadrado Branco’, chamado ‘Branco sobre Branco’, foi feito em 1918. É pintado em dois tons próximos de branco. O fundo da pintura tem um tom levemente quente, com uma fração de ocre. Já o quadrado é pintado com um tom azulado frio.
Sobre as três obras, o artista escreveu: “Os três quadrados suprematistas são o estabelecimento de certas visões e construção de mundo: preto como símbolo de economia, vermelho como símbolo de revolução e branco como pura ação”.
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