1. Pena de pássaro de fogo
Jar-ptitsa e Ivan Tsarevitch em ilustração de Ivan Bilíbin.
Domínio públicoO jar-ptitsa (“pássaro de fogo”), com seu brilho flamejante, é um dos principais personagens dos contos de fadas russos. Sua imagem é utilizada no artesanato tradicional e na arte teatral. Ele foi até o símbolo do Festival Eurovisão da Canção de 2009, que ocorreu em Moscou.
Este pássaro tem muitas habilidades mágicas, sendo a principal delas o poder de curar. É por isso que sempre há uma verdadeira caçada ao pássaro de fogo nos contos de fadas. Mas, na verdade, basta a pessoa conseguir uma de suas penas luminosas. Em alguns contos, a personagem não pode carregá-la sem luvas, porque ela pode queimar.
Além das propriedades medicinais, a pena também pode ser usada como fonte de luz e calor. E, no final das contas, ela vira ouro.
2. Água viva e água morta
Para reanimar Ivan Tsarevitch, o lobo jogou nele primeiro água morta e depois água viva. Ilustração de Ivan Bilíbin, 1899.
Domínio públicoNa maioria das mitologias, a água simboliza a vida. Mas, nos contos de fadas eslavos, a água não é apenas “viva”, mas também “morta”. E elas agem juntas para trazer a personagem de volta à vida. Primeiro, a personagem é salpicada com a água “morta” e, depois, com a “viva”.
A água morta pode selar feridas e juntar partes do corpo (afinal, os contos populares às vezes descrevem acontecimentos terríveis).
O proeminente folclorista soviético Vladímir Propp explicava que a água morta simbolizava o rito do enterro e completava o processo de morte. Depois disso, a água viva devolvia a vida à personagem. Assim, se a pessoa ferida fosse salpicada com água viva primeiro, ela abriria os olhos, mas permaneceria ferida e acabaria morrendo.
3. Gusli que se toca sozinho
Músicos de gusli em ilustração de Viktor Vasnetsov, 1899.
Galeria Estatal de Artes de PermO gusli era considerado o instrumento musical eslavo mais importante. Até os bogatires o tocavam! O nome "gusli" vem das palavras "zumbido" e "rumor". No folclore russo é frequente encontrar o gusli ou "samogudi" que tocava música sozinho, ou seja, sem um humano, e ajudava as personagens a defenderem seus inimigos.
Eles eram “ligados” apenas com um comando de voz (dizia-se apenas “Gusli, toque!”, como fazemos hoje com a “Alexa”) e todos ao seu redor dançavam sem parar.
Em uma lenda russa, um gusli assim ajuda a libertar Maria Iskúsnitsa (Maria, a Astuta) do cativeiro subaquático de um tsar. Em outra, o gusli faz um simples pastor se casar com a filha do tsar, que é conquistada por sua música.
4. Prato de prata com maçã
Sim, nos contos de fadas eslavos havia muitas menções a “gadgets” com maçãs e, realmente, eles faziam a mesma coisa que os smartphones modernos. Por exemplo, eles mostravam outras pessoas e eventos à distância.
O princípio de funcionamento era simples. A pessoa usava um comando de voz: “Maçã, role no prato de prata e mostre-me as cidades e campos” (ou qualquer outra coisa que a pessoa quisesse ver).
5. Espada Kladenets
Fragmento da pintura "Bogatires" de Victor Vasnetsov.
Museu RussoAgora vamos falar sobre os braços mágicos de um bogatir. A palavra “kladenets” tem o mesmo radical das palavras “tesouro” e “colocar”. Além disso, alguns pesquisadores observam a conexão dessa palavra com a palavra latina “gladius”, que também significa um tipo de espada.
Em algumas histórias, nota-se que essa espada é extraída pelos bogatires de montículos ou sepulturas e, assim, seu braço fica ligado ao poder sobrenatural do mundo dos mortos.
Com a ajuda dessa espada, os bogatires derrotaram Zmei Gorínitch, um feiticeiro na forma de uma cabeça enorme (em alguns contos de fadas ele é chamado de “Rei do Escudo de Fogo” ou “Tchernomor”) e outras criaturas más.
6. Toalha que serve a mesa sozinha
Esta é uma toalha de mesa que serve café da manhã, almoço, jantar e lanches sozinha, por comando de voz. Em russo, ela é chamada de “skatert-samobranka”. Esta palavra vem de “brat” (“pegar”) ou “bran”, que significa simplesmente um tecido estampado.
Na verdade, ela também tem um significado terrível. Toda a comida é retirada do mundo morto, onde não falta nada. É por isso que essa toalha de mesa é mais frequentemente usada com personagens malignos, como Baba Iaga, ou crianças capturadas por monstros.
Aliás, um “gadget” semelhante também é mencionado em antigos contos de fadas europeus.
Os escritores de ficção científica soviéticos irmãos Strugatsky, ironicamente, fizeram uma paródia de cantinas fabulosas através da imagem dessas toalhas de mesa.
7. Novelo de linha
Nos contos de fadas russos, há também um análogo do navegador GPS por meio de uma bola mágica. Quando as personagens de contos de fadas perguntavam para onde ir, geralmente respondiam: “Vá, não sei para onde”.
Depois disso, um novelo de linha as ajudava a chegar a esse lugar estranho. Quando estava rodando, mostrava o caminho certo e era muito conveniente. No entanto, isso geralmente levava ao mundo da vida após a morte, onde as crianças sequestradas eram mantidas.
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