Curadora da exposição “Realismo Socialista. Metamorfoses. A Arte Soviética de 1927-1987”, na Galeria Tretiakóv, em Moscou, Alexandra Kharitonova seleciona os 10 nomes soviéticos que precisam ser conhecidos de todo amante das artes. Para ela, a maioria deles deixou um legado que vai muito além da mera arte de propaganda!
1. Aleksandr Labas (1900-1983)
Labas foi um artista cuja carreira abrangeu toda a arte soviética, desde a OST (“Sociedade de Pintores de Cavalete”, que retratava a nova realidade soviética por meio de métodos dos expressionistas alemães) até a arte figurativa, com fortes elementos de vanguarda. Por exemplo, sua pintura “No metrô”, por um lado, reflete seu interesse por temas industriais futuristas e, por outro, é executada com um espírito absolutamente vanguardista.
Aleksandr Labas. "Metrô", 1935.
Galeria TretiakovAleksandr Labas. "A manhã após a batalha", 1929.
Galeria Tretiakov2. Iliá Machkov (1881-1944)
Desde a vanguarda, com obras radicais e o lendário grupo de artistas de “Valete de Ouros”, até praticamente a volta ao estilo dos Velhos Mestres com a preservação do aspecto fisiológico, a arte de Machkov é incrivelmente diversa e emocionante. Ele é o criador da versão absurda e irônica da natureza-morta soviética.
Iliá Machkov. "Autorretrato com Piotr Kontchalovski."
Museu RussoIliá Machkov. "Pães soviéticos."
Museu de Volgogrado3. Aleksandr Deineka (1899-1969)
Deinéka é um dos mais importantes e famosos mestres soviéticos. Curiosamente, como artista, ele era muito diverso, mas, ao mesmo tempo, criou seu próprio estilo. Sua arte não se encaixa no conceito geralmente aceito de realismo socialista porque com cada uma de suas obras em grande escala ele trazia uma solução de vanguarda completamente nova. Além disso, apesar de se misturar com os mais altos escalões da nomenclatura soviética, ele conseguiu manter sua identidade.
Aleksandr Deineka. "Lênin passeando com crianças."
Museu Central das Forças ArmadasAleksandr Deineka. "Futebol", 1924.
deineka.ru4. Dmítri Nalbandian (1906-1993)
Nalbandian era uma figura complexa e contraditória, mas ao mesmo tempo um artista muito irônico. Ele brincava que sua carreira se estendia “de Ilítch a Ilítch” — de Vladímir Ilítch Lênin até Leonid Ilítch Brêjnev.
Dmítri Nalbandian. "A grande amizade", 1950.
ROSIZODmítri Nalbandian. "Manhã de outono no acampamento. Relaxamento." 1959
Museu de Impressionismo RussoA arte dele era como um papel de tornassol: foi justamente ele quem definiu os cânones estéticos de cada período da história da arte. Aliás, tendo trabalhado na era Stálin, ele capturou o amor do líder soviético por um minimalismo pesado, enquanto, sob Nikita Khruschov, ele efetivamente criou outro cânone, praticamente um impressionismo soviético.
5. Ekaterina Zernova (1900-1995)
Uma das artistas mulheres mais destacadas da era soviética, equiparada a Aleksandr Deineka, Zernova foi, provavelmente, a mais talentosa artista especializada no tema militarista, criando imagens de diferentes soldados que compunham o Exército Vermelho de Trabalhadores e Camponeses. Em suas pinturas, até o tanque se tornava herói de pleno direito.
Ekaterina Zernova. "Fazendeiros de kolkhozes recebem tanquistas", 1937.
ROSIZOEkaterina Zernova. "Poster da Selmachstroi", 1930.
Domínio público6. Víktor Midler (1888-1979)
Artista sutil e subestimado, na década de 1930 Midler trabalhou como curador do departamento de tendências da arte russa na Galeria Tretiakov. É autor de uma das obras de arte mais emblemáticas desse período, o quadro “Educação política a bordo de um navio de guerra”, da coleção do museu estatal e centro de exposições ROSIZO.
Víktor Midler. "Educação política a bordo do navio de guerra."
ROSIZOVíktor Midler. "Hockey no estádio Dinámo", 1948.
Museu Radischev das Artes de Saratov7. Aleksandr Laktionov (1910-1972)
Laktionov era uma figura paradoxal e um artista que já pertencia à geração seguinte. Ele foi um dos que explorou a arte dos antigos mestres, mas, ao mesmo tempo, criou suas próprias e inovadoras interpretações de tramas geralmente aceitas próximas ao surrealismo. Isso também se aplica a sua obra mais conhecida, “Carta da Frente de Batalha”. Ele também criou obras menores muito interessantes, como, por exemplo, naturezas mortas, que, como um gênero mais livre, refletiam melhor sua mistura de realismo mágico e surrealismo.
Aleksandr Laktionov. "Carta da Frente de Batalha", 1947.
Galeria TretiakovAleksandr Laktionov. "Natureza morta."
Galeria Netchitailo das Artes de Salsk8. Gueórgui Nísski (1903-1987)
A carreira de Nísski teve vários períodos de florescimento artístico. Ele começou com cenas de batalha bastante brutais, mas, depois, se tornou uma figura icônica para os artistas da geração dos anos 1960. Ele conseguiu criar seu próprio estilo, absolutamente inimitável e distinto em todos os seus elementos, e, ao mesmo tempo, permanecer uma pessoa humilde e completamente acessível.
Gueórgui Nísski. "Prtaça Púchkin", 1966-1967.
Instituto de Arte Realista RussaGueórgui Nísski. "Sobre as neves", 1964.
Instituto de Arte Realista RussaConta-se que um grupo de jovens artistas se reuniu para sair para tomar uma cerveja e Nísski, mestre famoso e consagrado, saiu correndo atrás deles gritando: "Pessoal, me espere! Levem-me com vocês!"
9. Pável Níkonov (1930)
Níkonov é provavelmente o principal representante do "estilo severo" do início dos anos 1960, em voga até os dias atuais. Ele mudou de estilo várias vezes, de pinturas multicamadas quase monocromáticas até sua própria versão de primitivismo com cores magistrais e determinada composição.
Pável Níkonov. "Mau tempo."
Museu-reserva AbramtsevoPável Níkonov. "Geólogos", 1962.
Galeria Tretiakov10. Tatiana Iablônskaia (1917-2005)
Iablônskaia é autora de duas pinturas marcantes e mais conhecida do público em geral. Suas pinturas “Manhã” e “Pão” foram reproduzidas em todos os livros escolares da era soviética, assim como em revistas e em vários pôsteres.
Tatiana Iablônskaia. "Manhã", 1954.
Galeria TretiakovTatiana Iablônskaia. "Verão", 1967.
Galeria Tretiakov“Pão” tornou-se um símbolo do tema da abundância na arte da era Stálin, enquanto “Manhã” marcava o início do degelo de Khruschov. Ao mesmo tempo, ela sempre foi uma artista muito forte e versátil, mudava de estilos e desenvolveu sua própria versão de primitivismo ao la Henri Rousseau.
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