Os russos leem e conhecem os clássicos da literatura norte-americana, como contos de Edgar Allan Poe, “O apanhador no campo de centeio”, de J. D. Salinger, “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway, e “Moby Dick”, de Herman Melville, entre muitos outros. Mas, enquanto os EUA começam a esquecer um pouco de algumas obras, elas continuam vivíssimas na Rússia!
1. “As aventuras de Tom Sawyer”, Mark Twain
Mark Twain é muito conhecido nos EUA. Mas, na Rússia, quase todas as crianças leram “As aventuras de Tom Sawyer” e sua sequência, “As aventuras de Huckleberry Finn”.
O principal motivo da popularidade desses personagens norte-americanos foi a exibição do brilhante filme soviético baseado na obra por ordem do governo. Além disso, a cidade fictícia do livro de Twain se chama São Petersburgo!
Aliás, Twain foi um dos primeiros turistas norte-americanos a visitar a Rússia, e mais tarde se recordou da experiência em um livro de memórias de viagem, “A viagem dos inocentes” (1869), e no início de 1900 ele hospedou o autor proletário Maksím Górki nos EUA.
2. “As Crônicas Marcianas”, de Ray Bradbury
Norte-americanos abaixo dos 50 anos de idade podem não conhecer muito bem este escritor, mas quase todas as famílias russas têm em suas estantes “As crônicas marcianas”, de Bradbury, porque os soviéticos publicaram uma edição especial do livro.
Como os censores consideravam a literatura de ficção científica menos subversiva, esta categoria ganhava enormes tiragens – mesmo dentro de um sistema editorial de tiragens massivas como o soviético.
Além disso, houve pelo menos seis transmissões de episódios de “As Crônicas Marcianas” na União Soviética e na Rússia moderna.
Na última década, seu “Licor de dente-de-leão” ganhou uma enorme popularidade entre os jovens na Rússia, principalmente por parte dos “descolados”.
3. “O Resgate do Chefe Vermelho”, conto de O. Henry
Diversos contos deste escritor ganharam enorme popularidade, como “O Presente dos Magos”. Graças ao icônico diretor soviético Leonid Gaidai, três novelas de O. Henry ficaram muito conhecidas pelos soviéticos. Seu filme de 1962 “Dolovie liudi” (em tradução livre, “Homens de negócios” era baseado em “Os caminhos que tomamos”, “Aproxima o mundo inteiro” e “O resgate do chefe vermelho".
Como você já deve ter notado, os russos adoram aventuras baseadas em enredos históricos, algo que consideram exótico. Muitas crianças russas ainda brincam se fingindo de índios principalmente por causa de “O resgate do chefe vermelho”.
4. “O Último dos Moicanos”, de James Fenimore Cooper
A primeira tradução para russo deste livro surgiu em 1833, apenas alguns anos depois da publicação original em inglês. Ao longo dos séculos 19 e 20, a obra foi retraduzida diversas vezes.
Assim como em inglês e em português, “O Último dos Moicanos” se tornou um aforismo popular no idioma russo – significa um exemplo final, raro e único de qualquer coisa. Hoje, este livro é sugestão de leitura de verão nas escolas russas.
Mas nem cineastas soviéticos nem russos adaptaram este livro. Na URSS, a obra de Cooper escolhida para o cinema foi: “Os pioneiros”. O papel do protagonista Natty Bumppo foi o último do lendário ator soviético Andrêi Mirônov.
5. “Corações de três”, de Jack London
Você já ouviu falar de Jack London, certo? Mas os russos o conhecem muitíssimo bem. Na escola, a maioria deles lê “Caninos Brancos”, a história de um lobo durante a corrida do ouro no Alasca. Um dos primeiros filmes baseados nessa história foi filmado na União Soviética.
Outro livro popular de London foi “Corações de três”. Na verdade, o autor o escreveu tencionando fazer um roteiro de aventura para Hollywood, mas o estúdio não deu bola. Mesmo assim, “Corações de três” virou um filme extremamente popular em 1992.
6. “Matadouro Cinco”, Kurt Vonnegut
Os russos são grandes fãs de distopias e de ficção científica. Afinal de contas, foi um escritor russo do início do século 20, Evguêni Zamiátin, que inspirou tanto o “1984” de Orwell quanto “Admirável Mundo Novo”, de Huxley (leia mais sobre isto aqui!).
Assim, nossa lista inclui a obra de Vonnegut sobre o bombardeio de Dresden durante a Segunda Guerra Mundial, que ele testemunhou como prisioneiro de guerra, indo depois abrigar-se em um matadouro.
Os soviéticos tinham interesse de ler tudo sobre a Segunda Guerra Mundial, especialmente sobre a liberação de países pelo Exército Vermelho. A obra de Vonnegut foi censurada e proibida por algum tempo nos EUA, mas sempre teve uma popularidade extrema na URSS.
7. “O som e a fúria”, de William Faulkner
Durante o primeiro link de TV entre a União Soviética e os EUA, em julho de 1986, uma russa disse que se fosse aos EUA apenas uma vez, quereria visitar Oxford, nos EUA, cidade natal do escritor William Faulkner.
O apresentador norte-americano, Phil Donahue, ficou extremamente surpreso com o fato de a mulher saber onde nasceu Faulkner e até mesmo de ela conhecer o escritor, que não tinha tanta fama nos EUA.
“O som e a fúria” faz parte de todos os currículos do ensino médio de humanidades na Rússia.
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