Polícia russa mostra veia artística ao imortalizar heróis e recriar zonas de conflito

Cultura
ALEKSANDRA GÚZEVA
Grupo especial do Ministério do Interior se encarrega de produzir obras que retratem o trabalho e as glórias do corpo policial na Rússia.

Em 1969, o Ministério do Interior (MVD, na sigla em russo) abriu um departamento incomum em sua estrutura: o Estúdio dos Artistas. O grupo foi encarregado de fazer pinturas que capturassem o trabalho policial e que visassem a educar o pessoal do ministério. Hoje, alguns desses artistas da época soviética ainda estão trabalhando; um deles, por exemplo, é Iliás Araslanov, que assina a obra acima.

Além de retratar acontecimentos relacionados ao trabalho – como a detenção de criminosos perigosos, juramentos e cerimônias de aposentadoria – esses artistas pintam retratos de personalidades, como generais condecorados e jovens heróis.

O estúdio opera há quase 50 anos e, atualmente, seus trabalhos são artefatos históricos exibidos em gabinetes da polícia e do ministério, bem como em museus. Em 2014, também foi realizada uma exposição dessas obras no Museu de Arte Moderna de Moscou, que foi aclamada por críticos do mundo da arte e elogiada por visitantes.

A história mais recente do estúdio começou em 1991, quando o jovem artista Oleg Leonov tornou-se seu diretor. Leonov formou o Instituto de Arte Surikov, em Moscou, estudando com Iliá Glazunov, que era um dos principais retratistas da época.

“Nós documentamos aquela época”, disse Leonov ao Russia Beyond. “Às vezes, as pessoas até choram em nossas exposições: trazendo flores para os retratos de generais, ou discutindo se eram boas pessoas.”

Esses artistas geralmente fazem plantão em campo, inclusive em zonas de conflito onde tropas internas estão sendo mobilizadas: Nagorno-Karabakh (1990); Tchetchênia (1999, 2000, 2006, 2008); Ossétia do Norte (1993, 1994, 1995 e 2004); e Budenovsk, em 1995. As obras pintadas refletem o heroísmo e a tragédia de batalhas.

A pintura acima de Leonov, “Entre batalhas”, apresenta um jovem que foi convocado pelas tropas e serviu por um ano como cozinheiro. No final do serviço, poderia ter voltado para casa e para sua família, mas quis continuar servindo a pátria. Então, ele permaneceu com as tropas internas e foi enviado para uma zona de conflito, onde acabou sendo morto dois anos depois. Esta obra foi criada pouco antes de sua morte.

Neste ano, o Ministério do Interior celebra o 300º aniversário da força policial - em 1718, Pedro, o Grande, assinou um decreto que deu origem ao corpo. Antes disso, autoridades locais e prefeitos tentavam de tudo para manter a ordem pública. Nos últimos cinco anos, com a ajuda de historiadores, o Estúdio vem recriando retratos e cenas dos séculos 18 e 19 com atenção a detalhes, incluindo uniformes e heráldica.

Atualmente, as obras de arte criadas pelo grupo de policiais podem ser apreciadas em museus por toda a Rússia e penduradas nas paredes dos gabinetes ministeriais.

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