1. Sobreviver a um rompimento doloroso: “Aleias escuras”, de Ivan Búnin
Em uma literatura soviética onde o sexo praticamente inexiste, este livro (no Brasil, publicado em “Contos escolhidos”, Ivan Búnin, Editora Amarilys) é considerado um erotismo pesado.
Cada conto poderia render um “Nove semana e meia de amor” com um quê de misticismo e a maravilhosa suavização irá fazê-lo sonhar com novos romances, não temer intrigas fugazes e tirar o máximo da vida!
Aliás, Búnin recebeu o prêmio Nobel de literatura, vencendo a concorrência com o principal escritor soviético de seu tempo, Maksim Górki.
2. Encontrar o sentido da vida: “A Morte de Ivan Ilitch”, de Lev Tolstói
A novela descreve em detalhes anatômicos a lenta morte de um funcionário público doente. Ele vive toda uma vida corretamente, mas sem espiritualidade, e de cara com a morte vê mentiras e hipocrisia em tudo, entendendo ter vivido em vão. O livro trata do medo da morte e do sentimento de sua proximidade.
O escritor Vladímir Nabôkov considerou este como o trabalho mais perfeito de Tolstói.
3. Aventurar-se sem sair do sofá: “A Filha do Capitão”, de Púchkin
A moral da história neste livro é que as boas ações nunca são em vão e são recompensadas cem vezes. Depois de dar seu tulup, um sobretudo de pele, a um estranho em uma tempestade de neve, Piotr Griniov, ao que parece, fez algo idiota, mas, no final das contas, esta ação salvou sua vida.
Não vamos contar o final, mas acrescentamos que esta é uma história incrível sobre amor, honra e dever, que tem como pano de fundo o período mais interessante da história russa: o do levante camponês liderado por Emelian Pugatchov, que se fez passar pelo imperador Pedro 3°.
4. Deixar de lado as séries de TV: “O Don Tranquilo”, de Mikhaíl Cholokhov
Tudo muda e vira de cabeça para baixo, quando chega a uma pacífica aldeia cossaca a Revolução Bolchevique e a Guerra Civil. Prepare-se para quatro volumes de uma leitura fascinante sobre como um marido deixa a mulher e depois retorna, como um irmão mata o outro, como as pessoas ficam divididas entre comunistas e Exército Branco, traindo umas as outras.
Cholokhov também recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Por muito tempo, porém, pesquisadores debateram a autoria de "O Don Tranquilo", considerando os outros trabalhos do autor inferiores demais a este. Mas uma avaliação especializada provou que o livro foi mesmo escrito por Cholokhov.
5. Ler na praia: “O herói do nosso tempo”, Mikhaíl Liêrmontov
Aqui tem mar, tem montanha, tem amor, tem destino e, claro, tem um enredo interessante. Grigóri Petchorin é jovem, mas já viu muito em sua vida. Ele conseguiu se cansar das convenções hipócritas da alta sociedade, decepcionou-se com as mulheres e, ao que parece, sua alma se tornou fria e não pode mais ter fortes sentimentos.
Para ter alguma emoção, ele parte para a guerra, sequestra a filha de um príncipe das montanhas arriscando um derramamento de sangue, envolve-se em negócios noturnos de contrabandistas, inicia um romance com uma nobre por tédio. Um verdadeiro enfant terrible do século retrasado!
6. Rir com gosto: “Parque cultural”, de Serguêi Dovlátov
Um homem separado busca um bico e consegue trabalho como guia em um museu dedicado ao poeta Aleksandr Púchkin em uma zona rural remota. Acontece que a maioria dos funcionários do museu são mulheres, que imediatamente começam a buscar a atenção do novato. Você com certeza rolará de rir com as piadas geniais do protagonista (mesmo que elas tenham sido pensadas na URSS) e com as figuras caricaturais que o cercam.
7. Entender que nem tudo vai mal com você: “Albergue noturno”, de Maksim Górki
Escritor proveniente do povo, o proletário Maksim Górki foi um dos primeiros a trazer às páginas da literatura soviética personagens de crianças abandonadas, miseráveis e outros elementos marginalizados.
Nesta peça, descreve-se a vida de um albergue noturno para tais tipos. Cada um deles tem uma biografia fora do comum, mas cada um também caiu no fundo do poço da sociedade.
Daí o título original em russo “Na dne”, que significa, literalmente, “No fundo”. Ela foi traduzida para o francês como “Les Bas-Fonds” e, em português, recebeu diversos nomes - “Albergue Noturno”, “Ralés”, “No Fundo”, “Os Ex-homens” e “O Submundo”.
Aliás, a peça até hoje é encenada em teatros da Rússia e da Europa com um sucesso fora de série.
8. Se você não estiver conseguindo desapegar das bugigangas – “O jardim das cerejeiras”, de Antón Tchékhov
A proprietária de terras Ranevskaia está vendendo sua propriedade e descobre que o jardim de cerejas dela será derrubado. Ela fica triste e acredita que sem o jardim a vida perderá o sentido.
Mas a questão não é o jardim: ela simplesmente não está pronta para mudanças na vida e está ligada a um passado que se foi para sempre. Inspire-se na peça lendária de Tchékhov e mude algo na vida ou, pelo menos, no guarda-roupa.
9. Tremer de medo: “Noites na granja ao pé de Dikanka” e “Mirgorod”, de Nikolai Gógol
Nestas coletâneas, contos engraçados dividem espaço com histórias de terror, por isto não recomendamos ler à noite antes de dormir “Viy”, “Noite de maio, ou a afogada” e “Um Lugar Embruxado”.
Estas histórias trazem mortos-vivos, espíritos malignos e criaturas místicas. É difícil imaginar que o autor desses contos seja o mesmo Nikolai Gógol que escreveu um dos livros mais satíricos da literatura clássica russa, "Almas mortas".
10. Apaixonar-se pela síndrome de Estocolmo: “Zuleika abre os olhos”, de Guzel Iahina
Uma jovem de uma aldeia tártara muçulmana vive sob o jugo do marido e da sogra dominadores. Eles a tratam como uma escrava. Mas então os bolcheviques chegam ao poder, o marido é morto e a ela é enviada a um campo de trabalhos forçados. Ali ela se sente mais livre que fora, descobre em si talentos ocultos e os carcereiros tornam-se pessoas próximas.
Este é o único livro do século 21 em nossa lista e, imediatamente após seu lançamento, ele foi traduzido para mais de 20 idiomas.
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