Museus russos são famosos por suas “bábuchkas da KGB” com olhares assassinos
Legion MediaO debate sobre a proibição de falar em museus veio à tona após um grupo de professores da MGU (na sigla, Universidade Estatal de Moscou) e seus alunos serem expulsos da Galeria Tretyakov, um dos mais consagrados acervos de obras de arte do mundo, durante uma excursão não acordada previamente com o espaço.
O grupo escreveu uma carta ao Ministério da Cultura russo reclamando que eles haviam sido proibidos de “trocar pontos de vista” entre si, e usuários das redes sociais imediatamente começaram a relembrar casos semelhantes.
“Meus amigos e eu decidimos passear pelas nossa galeria de fotos favorita. Havia cinco de nós. Estávamos discutindo as imagens, apontando para os vestidos e chapéus nos retratos. Os supervisores da galeria começaram a exigir que ficássemos quietos: ‘Somente guias oficiais podem realizar excursões!’.Embora tenhamos explicado que não se tratava de uma excursão e que estávamos apenas falando sobre as obras, os guardas nos disseram que não era ‘permitido’ e sugeriram que reclamássemos com a administração do local”, relatou o editor-chefe da revista “Fashionograph”, Tim Iliasov, em sua página no Facebook, sobre outro incidente também na Tretyakov.
Segundo o jornalista, ele e seus amigos continuaram a discutir até serem escoltados para fora do local por um dos guardas da segurança.
Pedido de desculpas
O museu, porém, lançou uma ofensiva de relações públicas, explicando que falar nas galerias não é proibido. A Tretyakov introduziu o credenciamento obrigatório para os guias, para que os grupos pudessem se movimentar sem gerar desconfortos.
No entanto, também pelo Facebook, a pesquisadora sênior da Galeria Tretyakov, Tatiana Goriatcheva, tentou destacar os problemas enfrentados pelos funcionários do museu, como o baixo nível cultural dos visitantes, assim como os guias não oficiais.
A publicação de Goriatcheva, que foi mais tarde deletada devido à controvérsia gerada, lamentava que guias independentes e seus seguidores tumultuem os entornos das obras “mais estimadas”, fazendo com que os guias oficiais da Tretyakov tenham que procurar desvios para manter seus grupos interessados.
“Os guias oficiais sabem como cronometrar seus passeios para evitar confrontos com outras pessoas. Mas os não oficiais não se importam. Eles fazem o que querer e podem ser bastante descorteses às vezes”, disse. Goriatcheva destacou, no entanto, que é permitido conversar dentro da galeria, e que ninguém seria expulso por fazê-lo.
A circulação do post despertou a ira dos usuários de redes sociais, segundo os quais a pesquisadora descreveu os visitantes “comuns” em termos pouco lisonjeiros.
“Devemos, de alguma forma, conciliar nossa educação universitária com as exigências do público em geral”, escreveu um dos críticos.
Para resumir a indignação on-line, a crítica de arte de São Petersburgo Anna Matveeva lembrou uma piada popular sobre o tema: “Eu odeio isso. Eu odeio quando as pessoas andam em volta do MEU museu!” Em seguida, Goriatcheva, excluiu sua publicação, e a Galeria Tretyakov pediu desculpas pelo mal-entendido.
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