5 joias arquitetônicas do “Gaudí russo”

Mansão Morózov, desenhada por Fiódor Chekhtel.

Mansão Morózov, desenhada por Fiódor Chekhtel.

Vladimir D'Ar
Originalidade extrema e um certo nível de loucura: eis os traços que unem o arquiteto espanhol Antoni Gaudí e seu par russo, Fiódor Chekhtel.

Fiódor Chekhtel (também grafado Schechtel), a estrela mais brilhante da cena art nouveau de Moscou no início do século 20, admitiu ter acompanhado o trabalho de Antoni Gaudí com grande interesse.

Os arquitetos se conheciam bem e às vezes se reuniam para trocar ideias. Gaudí era quase 20 anos mais velho e, sem dúvida, exerceu influência sobre Chekhtel.

E onde é que se podem encontrar os edifícios mais marcantes do "Gaudí Russo", que continuam a surpreender turistas do mundo todo na Rússia?

1. Mansão Riabuchinski

Esta é uma das criações mais originais de Moscou. Originalmente construída sob encomenda do banqueiro SP Riabuchinski, a casa, por ironia do destino, tornou-se a última morada do escritor soviético Maksim Górki.

A escadaria, semelhante a ondas, mantém-se como principal destaque interno da casa, e o tema subaquático continua no estilo das paredes, decorações no teto, janelas, portas, maçanetas e vitrais.

Alguns visitantes dizem que a escadaria recorda a da Casa Batllo, de Gaudí, em Barcelona.

Escadaria da Casa Batllo.
  1. Mansão Morózov

Esta elegante mansão, que hoje funciona como casa de recepção do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, foi um dos primeiros edifícios projetados por Chekhtel.

Milionário russo  que encomendou a casa, Savva Morózov - que se formou na Universidade de Cambridge - queria que a mansão fosse construída no estilo neogótico inglês.

Exceto por este pedido, Chekhtel estava completamente livre para projetar a casa como quisesse, e o fez em colaboração com o pintor russo Mikhaíl Vrúbel. Juntos, eles pensaram em todos os detalhes do interior, criando uma atmosfera única e luxuosa.

O mais surpreendente é que a Chekhtel projetou e construiu a mansão sem ter estudado formalmente arquitetura. Ele foi forçado a deixar a Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura para cuidar de sua mãe doente.

Mais tarde, trabalhou em diversas oficinas de arquitetura, livros ilustrados e desenhou decorações de teatro.

Assim, foi um grande momento quando Morózov o convidou a trabalhar no projeto. Naquela época, a Chekhtel já havia construído a dátcha (casa de campo) de Morózov às margens do rio Kirjatch. O arquiteto finalmente se formou aos 35 anos, recebendo diploma de engenheiro civil.

3. Estação Iaroslávski de Moscou

A estação Iaroslávski ligava Moscou ao Mar Branco e às províncias do norte da Rússia, por isso Chekhtel escolheu um novo estilo russo para o projeto.

No edifício, soluções arquitetônicas complexas são combinadas com design simples. Como resultado, ele mais parece um palácio de conto de fadas russo que uma estação ferroviária.

As janelas, os frisos de mosaico verde e os ornamentos florais também mostram o amor do arquiteto pelo estilo art nouveau. Não esqueça de prestar atenção aos baixos-relevos com motivos de animais dentro do edifício.

4. Teatro de Arte de Moscou

Conhecedor e devoto do teatro Chekhtel adiou outros projetos para poder reconstruir o antigo prédio do Teatro de Arte de Moscou.

Ele projetou pessoalmente tudo, inclusive os móveis, o esquema de cores e até mesmo a direção da iluminação para criar um mundo especial.

Chekhtel foi o criador da famosa cortina cor de azeitona do teatro, que tinha motivo de ondas e a imagem de uma gaivota voando sobre algumas ondas. Este continua a ser o eterno emblema do Teatro de Arte de Moscou.

  1. Tipografia Levenson

Um dos prédios de tipografia mais originais da Rússia, o Levenson é uma mistura de estilos gótico e art nouveau.

A torre do edifício é decorada com um ornamento de cardo em estuque, que ressalta o estilo art nouveau com seus motivos de plantas. A grande escadaria da casa e o vidro da porta também retratam as formas e linhas graciosas deste estilo.

A gráfica ficou instalada no prédio até 1917. Ela foi nacionalizada posteriormente pelo governo soviético e transformada em gráfica estatal.

Após a Revolução de 1917, Chekhtel tentou se adaptar a uma nova vida, mas realizou poucos projetos significantes. Em 1918, sua mansão foi nacionalizada e, junto com sua família, ele foi forçado a alugar um apartamento atrás do outro.

O genial arquiteto que construiu mansões para milionários russos morreu na pobreza e sem ter uma casa própria.

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