O Russia Beyond compilou oito fatos curiosos sobre o escritor Borís Pasternak, ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1958 e autor do clássico “Doutor Jivago”.
1. Família de artistas
Borís Pasternak nasceu em uma família de artistas. Seu pai, Leonid Pasternak, era um pintor famoso, membro da Academia de Artes de São Petersburgo, e renomado especialista em ilustrações de livros, com trabalhos para Mikhaíl Lêrmontov e Lev Tolstói, que elogiava muito seus traços.
Suas obras podem ser encontradas nas coleções dnos principais museus do mundo. A mãe de Borís Pasternak, Rosalia, era uma talentosa pianista e professora de música.
2. Livro proibido
“Doutor Jivago”, de 1955, foi proibido na União Soviética por mais de 30 anos. O livro precisou ser contrabandeado para o Ocidente, onde foi publicado pela primeira vez na Itália, em 1957.
Um arquivo secreto recentemente liberado pela CIA confirmou o envolvimento da agência de inteligência americana na publicação deste romance “antissoviético”.
Em 1958, Pasternak foi premiado com o Nobel de literatura, que foi forçado a recusar por pressão das autoridades soviéticas. O prêmio foi recebido pelo filho do autor, Evguêni, em 1989.
Somente em 1988, “Doutor Jivago” foi publicado na União Soviética, na mesma revista literária que se recusou a publicá-lo no ano de sua conclusão, a “Nôvi Mir” (“Mundo Novo”.
3. Críticas de Nabokov
O famoso escritor russo-americano Vladímir Nabôkov fez duras críticas a “Doutor Jivago”, que tomou o lugar de “Lolita” nas listas de livros mais vendidos nos Estados Unidos em 1958.
Nabôkov descreveu a obra de Pasternak como “doentia, sem talento, falsa” e “absurdamente mal escrita”.
“Para mim, é um livro desajeitado e estúpido”, escreveu Nabôkov em uma carta a seu editor e amigo R. Grinberg.
4. Mulheres na vida e na arte
As personagens femininas com quem se envolve o protagonista de “Doutor Jivago” foram baseadas em pessoas reais. A personagem Tonia Gromeko, esposa de Jivago, combina características das duas mulheres de Pasternak: a primeira, a artista Evguênia Lurie, e a segunda, a pianista Zinaída Neigauz.
Já a personagem Lara também tem características das esposas do autor, mas é inspirada no último amor de Pasternak, sua amante Olga Ivinskaia.
Em 1958, Pasternak escreveu: “[Olga Ivinskaia] era Lara em meu livro... um epítome de alegria e autossacrifício”.
Em uma entrevista a um jornalista inglês em 1959, o autor disse ainda: “Em minha juventude, não havia apenas uma Lara... mas a Lara de minha velhice está escrita em meu coração com seu sangue e sua prisão”, referindo-se a Olga.
Ivinskaia foi sentenciada duas vezes à prisão por seu relacionamento com Pasternak, o que causou grande angústia no escritor. Apesar disso, ambos afirmavam ter sido felizes em seus 14 anos juntos.
5. Filme premiado
A versão cinematográfica de “Doutor Jivago”, dirigida por David Lean para os estúdios MGM, foi o segundo filme de maior faturamento em 1965, atrás apenas de “E o Vento Levou”.
Ele ganhou cinco Globos de Ouro e cinco prêmios Oscar, e é considerado o 39º maior filme americano de todos os tempos pelo American Film Institute.
6. Um amor em cartas
Pasternak teve um relacionamento amoroso vivido totalmente por cartas com Marina Tsvetáeva, uma das grandes poetas russas do século 20.
A correspondência dos escritores começou em 1922, quando Tsvetáeva vivia no exílio, e continuou até 1935.
No total, eles trocaram cerca de 200 cartas, algumas das quais nunca foram publicadas. Elas contêm conversas sobre seus trabalhos, sobre poesia e suas vidas particulares.
A troca de cartas terminou depois que se encontraram pessoalmente, em Paris, em 1935, e não viram muito em comum: Tsvetaeva mais tarde descreveria a ocasião como um “não encontro”.
7. Escritor, poeta e tradutor
Pasternak ficou famoso como tradutor, tanto quanto como escritor e poeta. Suas traduções de Schiller, Shakespeare e Goethe são consideradas obras-primas.
8. Pasternak e sua famosa datcha
Pasternak e sua família viveram em uma datcha (casa de campo russa) em um terreno em Peredelkino, no subúrbio de Moscou, por mais de 20 anos.
Em 1984, 24 anos após a morte do escritor, as autoridades russas confiscaram a casa da família do artista. Seus pertences foram jogados na rua, e familiares e amigos do autor só os salvaram com muita dificuldade.
Em 1990, após anos de pedidos, a datcha foi finalmente transformada em um museu, e os itens pessoais do escritor foram levados de volta a seu local original. Atualmente, o museu é administrado pela neta de Pasternak.