Única instalação de arte na Lua faz homenagem a cosmonautas mortos

NASA; Vasily Malyshev, Vladislav Kivrin/Sputnik
No início dos anos 1970, uma escultura foi levada à Lua para relembrar 14 exploradores do espaço que fizeram história.

1º de agosto de 1971, costa sudeste do Mare Imbrium (do latim, Mar das Chuvas). O comandante da Apollo 15, David Scott, coloca uma escultura de alumínio na superfície empoeirada de uma pequena cratera ao lado de uma sonda lunar estacionada. Na época, a Lua havia se tornado o maior espaço de exposição do universo.

A escultura de um homem deitado de bruços, intitulada “Astronauta caído” é até agora a única instalação de arte na Lua. Com apenas sete centímetros de altura, a figura não tem gênero nem raça. Foi feita pelo artista belga Paul van Hoeydonck, e David Scott a levou no bolso de seu traje espacial e a colocou no gelado solo lunar. Perto dali, deixou uma placa com os nomes gravados de oito nomes norte-americanos e seis soviéticos que fizeram grandes contribuições para a exploração espacial, mas que já não estavam mais entre nós.

Theodore Freeman, Charles Bassett, Elliot C, Gus Grissom, Roger Chaffee, Edward White, Edward Givens e Clifton Williams são alguns dos norte-americanos homenageados.

Mas quem eram os soviéticos?

Vladimir Komarov

Vladímir Komarov

Sua morte foi a primeira no espaço. Komarov era o capitão da espaçonave Soyuz 1, que foi lançada em órbita em abril de 1967. Ele deveria empreender uma missão única: acoplar, pela primeira vez, duas naves espaciais (logo depois dele, a tripulação da Soyuz-2 partiu rumo à órbita). Mas nem tudo saiu conforme o planejado.

Um dos painéis solares não abriu, e o comando para posicionar a nave em direção ao Sol falhou, pois a comunicação por ondas curtas não funcionou. Ficou claro que a missão havia sido um fracasso e a tripulação teria que retornar.

Na fase final da descida, porém, ocorreu uma falha fatal: as correias do paraquedas se torceram e o módulo de descida da Soyuz 1 caiu no chão a uma velocidade de cerca de 60 metros por segundo, explodindo. Mais tarde, os projetistas admitiram que a Soyuz estava incompleta e que o cosmonauta não deveria ter sido enviado ao espaço. Nenhum dos três lançamentos de teste não tripulados havia sido perfeito.

Iúri Gagárin

Iúri Gagárin

Iúri Gagárin foi o primeiro homem na história a voar para o espaço. Seu voo lendário, em 12 de abril de 1961, embora exaustivo e difícil (há muito escondido pela propaganda estatal), foi uma vitória inquestionável para a humanidade.

Depois disso, Gagárin não voou mais para o espaço. Ele se tornou vice-diretor do Centro de Treinamento de Cosmonautas e comandante da equipe de cosmonautas soviética. Em 1966, foi nomeado suplente de Komarov. Sabe-se que Serguêi Korolev, considerado o pai do programa espacial soviético, prometera a Gagárin a cadeira de piloto principal da Soyuz 1, mas a morte de Korolev mudou os planos. Komarov voou na Soyuz – e morreu tragicamente.

Gagárin morreu dois anos depois, em 1968, durante um voo de treinamento a bordo de um MiG-15UTI. Até hoje não há consenso sobre a causa da morte. Uma das versões, apresentada pelo cosmonauta Aleksêi Leónov, sugere que a tragédia ocorreu após o avião ser atingido por um caça. Em outra, o avião teria colidido com um balão meteorológico. 

Pável Beliáiev

Pável Beliáiev

Graças a Beliáiev é que a primeira caminhada espacial se tornou realidade. Em março de 1965, o cosmonauta foi lançado em órbita com o copiloto Aleksêi Leónov. Beliáiev estava no comando da nave, enquanto a missão de Leónov era ir ao espaço.

Houve várias situações de emergência no espaço. Primeiro, o traje espacial de Leónov inflou e ele não pôde retornar à nave por algum tempo. Na fase final da missão, o sistema de controle da nave falhou, impossibilitando o pouso automático. Beliáiev teve que guiar a nave manualmente, algo que ninguém jamais fez em voos espaciais tripulados. A tripulação desembarcou e ninguém ficou ferido graças à habilidade do piloto.

Beliáiev não morreu no espaço ou durante o treinamento. Aconteceu em 1970, após uma operação, vítima de peritonite purulenta (inflamação decorrente de infecção no peritônio).

Gueórgui Dobrovolski, Viktor Patsáiev, Vladislav Vólkov

Gueórgui Dobrovolski, Viktor Patsáiev, Vladislav Vólkov

Quatro anos após a morte de Vladimir Komarov, uma tripulação de três cosmonautas – Gueórgui Dobrovolski, Viktor Patsáiev, Vladislav Vólkov – partiu para o espaço. Em junho de 1971, eles atracaram com sucesso a primeira espaçonave do mundo à estação orbital Salyut-1 e receberam a ordem de voltar para casa.

Ao contrário do voo de Komarov, a missão em si decorreu sem problemas – até o momento em que, na fase de descida, a 150 km da Terra, a comunicação via rádio com os cosmonautas foi subitamente interrompida. O módulo de descida com a tripulação continuou sua rota, entrou na atmosfera e pousou na área programada. No entanto, quando a equipe de resgate chegou ao local, todos os cosmonautas estavam mortos dentro da cápsula.

Investigações posteriores revelaram que a válvula de ventilação, responsável por equalizar a pressão dentro da cápsula com a da tripulação, abriu a uma altitude de 150 km, embora normalmente abra a uma altitude de apenas 4 km. A tripulação tentou consertar o “vazamento”, mas após 40 minutos a pressão diminuiu e os astronautas perderam a consciência. Sua morte foi uma das mais trágicas da cosmonáutica soviética, e também a última. Nenhum cosmonauta soviético ou russo morreu em voo desde 1971.

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