O sistema russo de retaliação nuclear mais assustador de todos os tempos; veja fotos

Ciência e Tecnologia
NIKOLAI LITÔVKIN
"Perimetro" pode lançar centenas de ogivas nucleares rumo ao inimigo sem participação humana.

As Forças Armadas russas têm 700 portadores de armas nucleares, entre eles, bombardeiros estratégicos, submarinos nucleares e silos com mísseis balísticos intercontinentais.

Diversos desses lançadores podem operar de forma autônoma e atacar alvos inimigos mesmo se todo o território do país for destruído em um ataque nuclear.

Como funciona o sistema "Perimetro"?

O 'Perímetro', apelidado nos Estados Unidos e na Europa de "Dead Hand" ("Mão Morta", em português), é um sistema automático de ataque nuclear de retaliação.

Se o território da Rússia for atingido por armas nucleares, o sistema lançará automaticamente mísseis nucleares sobre território do inimigo.

Por que o sistema foi criado?

No início da Guerra Fria, o comando militar da URSS declarou que apenas um míssil nuclear poderia destruir todos os postos de comando das instalações nucleares soviéticas.

Além disso, os novos meios de guerra radioeletrônicos também potencialmente poderiam bloquear os canais de controle das forças nucleares estratégicas.

Devido a isso, os militares precisavam de um plano confiável para garantir um ataque de retaliação de todos os silos de mísseis intercontinentais com ogivas nucleares.

Os engenheiros soviéticos criaram um míssil balístico intercontinental que seria usado como um posto de comando, que, após o lançamento, acionaria todos os outros silos com armas nucleares no território soviético.

O míssil foi instalado em um silo especial que pode resistir a um ataque nuclear direto com coordenadas de voo pré-instaladas.

A arma foi criada na base de um míssil balístico intercontinental UR-100N, também conhecido como SS-19 ‘Stiletto’ nos países da Otan. Os engenheiros criaram uma nova ogiva equipada com um poderoso equipamento de rádio.

A construção começou em meados da década de 1970 e, no final da década, o protótipo foi enviado para testes militares. Os primeiros testes mostraram que o míssil é capaz de voar 4.500 quilômetros a uma altitude de 4.000 metros e enviar sinais de rádio para outros objetos durante o voo.

No início dos anos 1980, o comando militar realizou "testes de batalha" para avaliar o trabalho do silo e o lançamento do míssil nuclear.

Em novembro de 1984, o míssil foi lançado do território da Bielorrússia e conseguiu transmitir um comando de lançamento a um silo perto de Baikonur, no Cazaquistão. O míssil R-36M (SS-18 ‘Satan’, na codificação da Otan) atingiu com sucesso seu alvo de teste no Extremo Oriente russo.

Assim, a nova arma provou ser capaz de cobrir todo o território soviético, enquanto enviava comandos operacionais ao longo de seu caminho para outros mísseis balísticos intercontinentais.

Em 1985, o sistema foi adotado pelos militares e está em serviço até hoje.

"Perimetro" hoje

Atualmente, o sistema "Perimetro" consiste não apenas de mísseis, mas também de radares e satélites que reúnem informações no espaço. O sistema analisa constantemente uma ampla gama de parâmetros, entre eles, atividades sísmicas, níveis de radiação, dados dos sistemas de alerta de mísseis.

“O sistema passou por várias modificações. A Rússia integrou seus novos meios de inteligência radioeletrônica, entre eles, radares da classe Vorônej, que podem detectar lançamentos de mísseis a até 7.000 quilômetros de distância", diz o diretor de desenvolvimento da Fundação para a Promoção de Tecnologias do Século XXI, Ivan Konovalov.

"Além disso, os engenheiros modificaram sua ogiva para resistir a novos meios de guerra eletrônica que poderiam interceptar os sinais de rádio”, diz.

Segundo ele, os militares pretendem criar mísseis hipersônicos que serão incluídos no sistema "Perimetro". Essas armas poderão voar a uma velocidade de até 7 quilômetros por segundo.

“Esses novos mísseis serão adotados simultaneamente com os mísseis intercontinentais da classe Sarmat, ou seja, em meados de anos 2020", completou Konovalov.

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