Rússia modernizará sistema antimíssil Tor

Ciência e Tecnologia
NIKOLAI LITÔVKIN
Objetivo é criar “fortaleza flutuante” com mísseis capazes de abater todo tipo de alvo aéreo sobre a água, inclusive drones e mísseis de cruzeiro.

A Rússia realizará uma profunda modernização do sistema de mísseis antiaéreos de curto alcance Tor, de acordo com a empresa Almaz-Antey, cujas subsidiárias são responsáveis por sua produção.

Os projetistas pretendem "melhorar radicalmente as principais características do produto, tanto de combate, como operacionais”, lê-se no comunicado da empresa.

Segundo especialistas militares, um dos objetivos principais é tornar o sistema mais eficaz contra veículos aéreos não tripulados (VANTs). Assim, o armamento receberá entre 8 e 16 projéteis especializados e um novo radar para detectar alvos aéreos de pequenas dimensões.

“Os projéteis atuais são muito caros para destruir drones. Assim, a empresa está trabalhando na criação de novos mísseis baratos e pequenos", explica o diretor de desenvolvimento da Fundação para a Promoção de Tecnologias do Século XXI, Ivan Konovalov.

O editor-chefe do jornal "Crítica Militar Independente", Dmítri Safonov, concorda que o comando militar russo precisa de um sistema antiaéreo eficaz contra drones.

“Abater drones foi uma das tarefas essenciais dos últimos exercícios militares russos 'Zapad 2021'. Durante os exercícios, os sistemas Pantsir-M1 tinham que executar essa tarefa, mas o comando militar afirmou que outros sistemas de defesa aérea de curto alcance, entre eles o Tor-M2, também devem ser capazes de eliminar esses alvos”, diz Safonov.

A principal diferença entre o Tor-M2 e o Pantsir-M1 é que o primeiro tem lagartas e o segundo, rodas. O Tor-M2 foi inicialmente criado para apoiar e defender exércitos em marcha, pois as lagartas permitem superar todos os tipos de obstáculos naturais: fossos, árvores caídas etc.

“Durante os exercícios, o Tor-M2 ficou na linha de frente com as forças de infantaria, enquanto o Pantsir-M2 teve que ficar para trás, porque não consegue atravessar uma floresta", diz Safonov.

Assim, o exército não tem sistemas antiaéreos na primeira linha de defesa que possam derrubar pequenos alvos aéreos com bombas a bordo.

Solução modular

Segundo especialistas militares, a nova versão do Tor será modular, ou seja, as lagartas e o módulo superior com mísseis não serão mais integrados. O lançador de mísseis, com um radar dentro, poderá ser montado em qualquer superfície.

“O Ministério da Defesa já testou o Tor em um dos navios de combate mais recentes. Eles colocaram o módulo superior do Tor em uma plataforma de pouso de helicóptero. Os militares parecem ter ficado satisfeitos com os resultados desse experimento”, disse Safonov.

O diretor de desenvolvimento da Fundação para a Promoção de Tecnologias do Século XXI, Ivan Konovalov, relembra que não existem análogos estrangeiros do sistema de defesa aérea Tor-M2.

“O Tor-M2 pode atirar em alvos ao seu redor, a 360 graus, enquanto seus análogos, como o Patriot dos Estados Unidos, por exemplo, só conseguem detectar alvos em um ângulo de 180 graus”, diz Konovalov.

Segundo ele, o Patriot tem, porém, um alcance maior, de até 180 km, enquanto o Tor-M2 só pode atingir alvos a até 16 km de distância.

“O Tor tem mais mobilidade. Ele pode derrubar alvos em movimento, enquanto o Patriot precisa parar e se preparar para o combate", completou.

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