Estes buracos GIGANTES estão aparecendo aos montes na Sibéria. Mas por quê?

Ciência e Tecnologia
NIKOLAI CHEVTCHENKO
Segundo cientistas, crateras aparecem aleatoriamente e é difícil prever a localização da próxima “explosão”. Mas, pelo menos, eles já entendem como o processo ocorre.

Quando uma cavidade gigante – que vista de cima parece um buraco levando ao centro da Terra – foi descoberta pela primeira vez em 2013 na península de Iamal, no deserto da tundra siberiana, começaram a pipocar especulações sobre suas origens.

As pessoas atribuíram o objeto misterioso à atividade secreta dos militares, ao impacto de um meteorito e até mesmo à aterrissagem de um OVNI. Embora os cientistas, ao contrário dos moradores locais, tenham se abstido de atribuir as origens dos buracos a atividades paranormais ou extraterrestres, eles ficaram perplexos.

“Quando meus colegas ouviram falar de todos os destroços presentes a centenas de metros da cratera, eles não conseguiram acreditar que era [causado por] um processo natural. [Alguns] pensaram que talvez fosse um meteorito, um evento tecnogênico, ou testes de armas. Houve todo tipo de pensamento antes de determinarmos que era causado por um processo natural”, diz Evguêni Tchuvilin, pesquisador principal do Centro de Recuperação de Hidrocarbonetos do Instituto de Ciência e Tecnologia de Skôlkovo, que visitou o local de uma cratera descoberta no último verão.

Fruto de explosão

Evguêni Tchuvilin concluiu recentemente uma expedição que buscava medir o buraco recém-formado no permafrost siberiano.

O novo buraco, acidentalmente descoberto no verão de 2020 por uma equipe de TV russa sobrevoando a tundra siberiana, tinha 30 metros de profundidade e 20 metros de largura. Um observador casual pode se surpreender que uma cratera com tais proporções tenha sido descoberta “acidentalmente”, mas a maioria dos buracos do mesmo tipo na área são de fato descobertos involuntariamente, seja por pastores locais ou pesquisadores em expedições não relacionadas às crateras.

Os cientistas usam imagens de satélite para obter estimativas aproximadas do número desses buracos na área. “De acordo com o professor [Vassíli] Bogoiavlenski [do Instituto de Pesquisa de Petróleo e Gás da Academia Russa de Ciências], que usa fotos de satélite para manter estatísticas, a cratera recém-descoberta foi marcada como [a] décima sétima”, disse Tchuvilin.

Os pesquisadores têm um entendimento comum de como os buracos aparecem. Essencialmente, essas crateras se formam quando uma quantidade substancial de metano preenche enormes cavidades naturais sob a superfície da terra e explode, devido a uma faísca gerada pelo atrito das rochas.

As mudanças climáticas também poderiam contribuir para o crescente número de explosões na área, acreditam os cientistas. Com o aumento da temperatura média na região, a camada de permafrost deixa de ser tão robusta quanto antes e em certos lugares cede diante da pressão de dentro da terra. A superfície da terra se deforma à medida que uma colina se forma pela pressão abaixo da superfície e, em seguida, uma explosão repentina liberta grande energia que destrói a camada.

Prevendo a próxima

Embora os cientistas tenham uma compreensão desse processo único, eles acham difícil prever as futuras explosões – uma deficiência que pode ser potencialmente cara. Embora a área marcada pelas últimas explosões seja em grande parte desabitada, há infraestrutura de extração de gás e pequenas comunidades locais nos entornos.

A ciência está explorando a possibilidade de que um dia seja possível localizar as futuras explosões observando as pistas que a área apresenta. “[Cientistas] que estudaram imagens de satélite descobriram que antes de uma cratera ser formada, surge rapidamente [na superfície] uma colina. A colina cresce até que alguns indicadores sejam ultrapassados ​​e então explode. Elas se formam principalmente em áreas de difícil acesso e é difícil observar o ciclo completo”, explica Tchuvilin.

Para aumentar a previsibilidade, cientistas precisam coletar mais amostras do solo e executar testes para validar os modelos existentes – um processo que é complicado pelo fato de que as crateras estudadas rapidamente se transformam em lagos à medida que as águas subterrâneas os preenchem após as explosões.

Empresas de extração de gás cujo infraestrutura está presente na área são, no entanto, potenciais aliadas dos cientistas. Como as explosões aleatórias representam perigo para a infraestrutura cara, é do seu interesse ajudar a promover a causa dos cientistas.

“Os hidratos de gás (HG) são potenciais fontes de energia, contendo significativamente mais recursos de gás em comparação com campos convencionais. O HG representa um perigo para a exploração e produção de campos de hidrocarbonetos”, lê-se em um artigo de pesquisa na revista “Geoscience”, no qual um dos primeiros modelos projetados para prever as futuras explosões foi delineado.

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