Universidade russa conclui testes clínicos de vacina contra coronavírus

Ciência e Tecnologia
NIKOLAI CHEVTCHENKO
Voluntários que participaram dos ensaios não apresentaram efeitos colaterais graves. Composto, que foi considerado seguro, passará por avaliação de eficácia.

A Primeira Universidade Médica do Estado de Moscou, também conhecida como Universidade Setchenov, anunciou no domingo (12) a conclusão dos testes de uma vacina contra coronavírus desenvolvida na Rússia. O anúncio foi feito por Vadim Tarasov, diretor do Instituto de Medicina Translacional e Biotecnologia.

A vacina foi originalmente criada no Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, nomeado em homenagem a N. F. Gamaleia, em conjunto com o Ministério da Defesa da Rússia. No entanto, os ensaios clínicos foram conduzidos na Primeira Universidade Médica.

Segurança comprovada

A nova vacina para coronavírus foi testada em 38 voluntários. Os ensaios clínicos começaram em 18 de junho: durante a primeira fase, os cientistas testaram os voluntários quanto à ausência de infecção por coronavírus e garantir que nenhum deles já tivesse os anticorpos. Depois de terem recebido os resultados negativos, os cientistas isolaram os voluntários por duas semanas.

Durante a segunda fase, os voluntários foram divididos em dois grupos: os indivíduos do primeiro grupo receberam uma dose única da nova vacina, enquanto os participantes do segundo grupo receberam uma dose dupla da mesma substância.

Segundo os responsáveis pelo ensaio, alguns voluntários apresentaram febre alta nos primeiros dias após a vacinação. No entanto, apesar desse efeito colateral no início, todos os voluntários demonstraram boas condições de saúde.

“Os ensaios foram bem-sucedidos. Eles confirmaram a segurança da vacina. Ela apresenta a mesma segurança das vacinas existentes no mercado. Essa fase foi um sucesso”, disse Aleksandr Lukachev, diretor do Instituto de Parasitologia Médica e de Doenças Tropicais e Transmitidas por Vetores, da Universidade Setchenov.

Os cientistas relataram, porém, que o isolamento necessário dos voluntários afetou sua condição psicológica, o que resultou em conflitos e estresse emocional. Psicólogos tiveram que intervir para aliviar a pressão sobre os indivíduos do estudo.

A Primeira Universidade Médica não se pronunciou sobre o assunto.

Vacinação gratuita

A fase seguinte de ensaios clínicos, que tem o objetivo de testar a eficácia da nova vacina, deverá ser concluída até 28 de julho.

A estimativa é que o medicamento comece a ser produzido em massa no início de setembro de 2020. O processo exige uma certificação prévia pelas autoridades médicas russas; no entanto, os cientistas preveem que isso não deve demorar mais do que alguns dias e, portanto, será concluído no início de agosto.

Por outro lado, os desenvolvedores não acreditam que a substância estará à venda em farmácias em um futuro próximo. “Espero que o governo obtenha a vacina e a distribua entre hospitais para vacinação gratuita”, diz Aleksandr Ginzburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa.  O especialista também demonstrou esperança de que empresas privadas participem da produção da vacina a partir do início de setembro.

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