A evolução das roupas de proteção biológica do século 17 até os dias de hoje (FOTOS)

Ciência e Tecnologia
ANNA SORÔKINA
A humanidade está, há muito tempo, ciente da necessidade de proteção para evitar o contágio de pessoas próximas a pacientes, ou de contaminação química. Mas foi somente no século passado que uma solução bem-sucedida foi enfim encontrada.

Roupas que fornecem proteção em ambientes nocivos não são nenhuma invenção moderna. Ficou evidente, mesmo durante as primeiras epidemias de peste, que era melhor manter uma distância segura de qualquer pessoa infectada – e, se o distanciamento fosse impossível por necessidade profissional, no caso dos médicos, por exemplo, o contato físico deveria ser reduzido ao mínimo.

Ao longo do tempo, essa consciência evoluiu por tentativa e erro. A chamada roupa do “médico da peste” (um casaco longo de couro, luvas e máscara com “bico” longo) só surgiu no século 17. E ainda hoje esse tipo de traje está em constante evolução.

Roupas antipeste

Epidemias mortais devastaram diversos países, incluindo a Rússia, no início do século 20: tuberculose, febre tifoide, varíola e surtos de peste. Já sabia-se então que muitos vírus eram transmitidos por gotículas no ar ou muco, portanto, qualquer indivíduo que trabalhasse em áreas infectadas precisava usar roupas especiais.

Durante a última grande epidemia de peste na Manchúria (1910 e 1911), o Império Russo estabeleceu cordões sanitários na Ferrovia Oriental Chinesa para impedir sua propagação na Europa. A entrada de pessoas da Manchúria foi proibida, e os residentes da China só podiam embarcar depois de passar cinco dias em observação.

Todos os profissionais de área da saúde e equipes de desinfecção tinham que usar roupas especiais com capuzes, máscaras e luvas.

Após cada turno, todas as roupas externas eram banhadas ao ar livre com uma solução de cloreto de mercúrio ou fenol e, em seguida, lavadas em um espaço especialmente projetado. Os calçados eram desinfetados com o auxílio de uma bomba de pressão. Segundo historiadores, houve casos esporádicos de relaxamento dos procedimentos de desinfecção, depois dos quais funcionários acabaram sendo infectados e morreram.

Esse tipo de roupa é conhecido como traje antipeste, embora médicos e cientistas os usem hoje com outros agentes biológicos, como varíola, gripe aviária e coronavírus.

Os trajes consistem em um macacão (oficialmente denominado “pijama cirúrgico”), capuz, avental, óculos de proteção, máscara facial, luvas e botas de borracha – e ainda pode incluir também equipamento de respiração.

De acordo com a legislação russa, roupas desse tipo devem ser disponibilizadas não só em hospitais e ambulatórios, mas também em veículos de emergência que transportam equipes anti-infecção. Na ambulância, usa-se a versão descartável.

Atualmente, os trajes descartáveis ​​também são usados ​​ao lidar com passageiros que chegam do exterior com suspeita de coronavírus.

Eles são muito mais baratos e feitos de materiais mais simples: por exemplo, em vez de botas, há capas para calçados; e, em vez de um macacão de proteção, trata-se de uma peça com protetores de braço ou avental. Os materiais também são diferentes: o descartável é feito de materiais sintéticos, como poliéster, enquanto a versão reutilizável é de algodão resistente ou de viscose, com superfície à prova d’água.

De acordo com os regulamentos sanitários, o traje descartável deve ser embebido em desinfetante e destruído após o turno, enquanto o multiuso pode ser utilizado novamente após procedimento adequado de lavagem.

Qualquer que seja o tipo, os trajes são fabricados com o mínimo possível de costuras para impedir que os vírus penetrem nas roupas internas do usuário.

Roupas de proteção biológica e química

Os militares que trabalham em zonas de contágio não usam roupas antipeste, mas roupas antiexposição apropriadas.

Traje semelhante também foi desenvolvido no início do século 20, mas não para combater ameaças bacteriológicas, porém químicas – como o uso de gás mostarda na Primeira Guerra Mundial. No final de 1916, a Rússia contava com equipes químicas especiais no Exército, e tropas químicas de plenos poderes foram criadas em 1918 após a Revolução (hoje, são chamadas tropas de proteção química, biológica e radiológica). Já no início da Segunda Guerra Mundial, a URSS tinha roupas feitas de tecido emborrachado especial que ofereciam proteção contra o gás mostarda.

Um traje de proteção para vários tipos de ameaça – não apenas para as químicas, mas também biológicas – foi adotado pelo Exército soviético na década de 1960.

Além de macacão, capuz, luvas e máscara facial (ou respirador), o kit inclui botas de proteção, uma unidade de filtragem de ar e filtros extras para reposição.

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