Nova “corrida lunar” afeta programa espacial russo

Reuters
China, Rússia e EUA disputam a Lua, e foram os únicos não signatários de tratados sobre a propriedade compartilhada de toda a humanidade sobre solo lunar.

“Os Estados Unidos estão voltando à superfície da Lua. Chegaremos lá antes do que vocês pensam", escreveu o chefe da Nasa, Jim Bridenstine, em novembro passado. Logo após isso, a China enviou e aterrou uma sonda espacial no lado escuro da Lua pela primeira vez na história da humanidade.

Enquanto isso, na Rússia, o vice-chefe da agência espacial russa Roscosmos declarou cautelosamente: “Suponho que a corrida lunar já começou. Provavelmente, surgiu uma nova concorrência entre os três poderes espaciais”. O terceiro é, obviamente, a Rússia.

A agência espacial russa promete apresentar seu novo conceito para a exploração da lua até a meados de 2019.

Por que todo mundo precisa ir à Lua?

O voo para a Lua é muito caro, mas os especialistas afirmam que o investimento trará bons dividendos no futuro: o estudo da Lua é importante para a ciência básica, o satélite é considerado um porto espacial para expedições a Marte com reservas de combustível e outros recursos.

Segundo o acordo das Nações Unidas de 1979, a Lua e seus fósseis são uma "herança comum da humanidade", e ninguém pode declarar sua soberania ali.

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No entanto, nem a Rússia, nem os Estados Unidos, nem a China o ratificaram. Assim, os debates sobre os recursos da Lua são, provavelmente, apenas uma questão de tempo.

Por exemplo, há a Lua um isótopo de terras-raras hélio-3 cujas reservas no satélite da Terra podem fornecer energia à humanidade por pelo menos 250 anos.

Projetos inacabados

Segundo a agência espacial russa Roscosmos, a Rússia pretende ser o primeiro país a chegar ao Pólo Sul da Lua, onde há água congelada, e construir lá uma base. A nave espacial russa Luna-27, com equipamentos europeus a bordo, deve chegar ao Pólo já em 2020.

Soiuz MS-11.

No mesmo ano, a Rússia pretende enviar partes do segmento russo da Estação Espacial Internacional para a Lua. Elas serão usadas na década de 2030 para construir a base orbital lunar.

No entanto, segundo especialistas, a Rússia continua a enfrentar muitos problemas com o programa lunar. O lançamento da nave espacial Luna-25, que devia chagar a Lua em 2019, foi adiado para daqui a dois anos.

Técnicos no Centro de Controle Aeroespacial de Pequim.

“Estamos registrando falhas constantemente. Ainda não conseguimos finalizar a construção da nave espacial ‘Federation’ [que começou em 2009]. Temo que o projeto possa ser fechado”, diz o ex-engenheiro do Sukhoi, Vadim Lukachevitch.

“Além disso, ainda não conseguimos lançar o foguete pesado Angara A-5”, diz.

Tecnologias perdidas

Tecnologia espacial russa.

Segundo especialistas, os fracassos são causados pela perda das tecnologias de lançamento de navios espaciais interplanetários desenvolvidos na URSS. A Rússia não realizou lançamentos de foguetes interplanetários por quase 40 anos. Além disso, os especialistas soviéticos já estão aposentados ou morreram.

Segundo o desenvolvedor do foguete Angara-A5, Aleksandr Chaenko, hoje, a China alcançou o nível das tecnologias soviética e norte-americanas dos anos 1960 e 1970. Assim, Pequim tem mais possibilidades do que a Roscosmos e a Nasa, que perderam suas tecnologias.

“A falta de motivação em todos os níveis é o principal problema da Rússia. As agências recebem o financiamento necessário, mas parece que ninguém acredita que a corrida lunar seja realmente necessária”, diz Chaenko.

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