Por que cientistas russos torturaram um cão afundando-o em líquido?

Ciência e Tecnologia
VICTÓRIA ZAVIÁLOVA
Vídeo perturbador mostra como animal sobrevive embaixo d’água com tecnologia.

Em um vídeo publicado na última semana, um cão da raça dachshung foi submerso completamente para demonstrar as possibilidades de um "fluido respirável" desenvolvido por cientistas russos. O vice-primeiro-ministro russo, Dmítri Rogozin, participou do experimento para apresentar a tecnologia ao presidente sérvio, Aleksander Vučić.

Na experiência, um líquido rico em oxigênio enche os pulmões e entra no sistema sanguíneo do animal. Segundo os cientistas, essa substância pode ajudar a tratar diversas doenças pulmonares e ajudar as pessoas no espaço. Assustado, o cachorro foi retirado do líquido ileso, mas tossindo. Os pesquisadores afirmam que os cachorros podem sobreviver até 30 minutos submersos na substância.

Após o experimento, o vice-primeiro-ministro russo decidiu adotar o dachshung, batizado de Nikolai, que se tornará o segundo cachorro da família de Rogozin.

O diretor do Fundo de Pesquisas Avançadas da Rússia, Vitali Davidov, que organizou o experimento, disse que os cientistas pretendem testar a tecnologia em seres humanos, mas primeiro será preciso superar uma "barreira psicológica", já que os voluntários terão que sufocar até que os pulmões sejam preenchidos com o fluido.

O experimento causou indignação nas redes sociais russas. O popular blogueiro @StalinGulag escreveu: "O vice-primeiro-ministro e seus colegas maltratam um pobre cachorro. Os cidadãos russos não são suficientes, agora eles não permitem nem que os cachorros vivam em paz".

Segundo o comunicado do Fundo de Pesquisas Avançadas da Rússia, o experimento foi realizado "de acordo com os padrões de tratamento ético dos animais de laboratório". "Durante o experimento, o animal respirou um líquido que continha oxigênio, que foi extraído mais tarde, depois de tossir. O cachorro está vivo e saudável”, lê-se no comunicado.

Os cientistas esperam que essa tecnologia possa ser usada para salvar pessoas em acidentes submarinos, tratar patologias pulmonares severas em recém-nascidos, e ajudar no caso de traumas cerebrais, acidentes vasculares cerebrais, cirurgias cardíacas e traumas pulmonares.

O laboratório de respiração líquida foi aberto no Instituto Izmérov, em Moscou, no início de 2017. A tecnologia será testada em ratos, hamsters e cachorros.

Na Rússia, os cientistas começaram a estudar os líquidos com oxigênio há 30 anos. O desenvolvimento mais famoso é o substituto de sangue Perftoran, que hoje é exportado para a União Europeia, China, Índia e vários países da América Latina, embora proibido nos Estados Unidos.

Para saber mais sobre o “sangue azul” russo leia o artigo sobre o Perftoran, substituto artificial de hemoglobina.