Foto: Lori / Legion Media
Os arranhões nos braços e mãos dos feirantes dizem tudo que eu preciso saber: é estação de frutas silvestres na Rússia! Uma explosão de cores toma conta de toda cidade: frutas vermelhas, azuis, roxas, quase negras, e até mesmo algumas raras amarelas enchem bacias de plástico e cestas caseiras de palha nas banquinhas de frutas e verduras. É aquela época do ano de comer um quilo inteiro de cerejas em vez de jantar!
Para os anglo-saxões, a estação de frutas silvestres é sinônimo de tortas e bolinhos. Os europeus ocidentais encaram a temporada como uma oportunidade de fabricar lindíssimos doces e sorvetes picantes. Já os russos aproveitam a estação de uma maneira mais simples. Consomem o máximo de frutas silvestres possível, sejam frescos ou no onipresente pudim de verão, chamado kissel, enquanto trabalham contra o relógio para produzir a famosa “penicilina russa”: os valiosos potes de geleia que preservam a doçura e o frescor do verão por todo o inverno.
O kissel, um primo eslávico do manjar é possivelmente o mais antigo registro da sobremesa russa, e certamente o único a ganhar uma menção nas Crônicas de Nestor – desempenhando um papel fundamental na salvação de uma cidade sitiada no século 10. O kissel aparece na culinária do Europa Setentrional e no Leste Europeu tanto como sopa ou pudim, e assume uma consistência mais grossa com adição de fécula de batata. A diferença está na quantidade de água adicionada. As frutas silvestres frescas conferem ao kissel não só seu sabor picante, mas também o nome: a origem vem da palavra russa “kísli”, cujo significado é “azedo”. O pudim é especialmente popular entre as crianças, talvez porque sua cor vibrante é tão atraente quanto seu sabor de frutas frescas. Pode ser preparado com quase qualquer tipo de fruta silvestre e, por esse motivo, tem papel de destaque entre as sobremesas de verão até o finalzinho de agosto.
Utensílios:
Pode ser feito numa forma grande, pirex simples ou até mesmo diversas forminhas de pudim. De tão atraente o resultado por causa das cores, os utensílios de vidro causam melhor impressão. É também possível servir o kissel em pequenas taças de vinho, decorando com um camada de chantili e algumas frutinhas no topo. Independente de como quiser apresentá-lo, não é muito difícil agradar com o kissel!
Ingredientes:
• 500 ml (2 xícaras) de frutas silvestres frescas, lavadas e sem casca
• 1-1/4 litros (5 xícaras) de água
• 45-60 ml (3-4 colheres de sopa) de açúcar
• 60 ml (4 colheres de sopa) de licor forte, do tipo Grand Marnier
• 60 ml (4 colheres de sopa) de fécula de batata
Modo de preparo:
Leve as frutas silvestres e um litro (4 xícaras) de água à fervura. Reduza o fogo e deixe cozinhar até que as frutas comecem a desmanchar (cerca de 15 minutos).
Deixe esfriar até que atinja uma temperatura morna. Peneire as frutas silvestres, usando a ponta de colher para extrair o máximo de suco possível.
Misture as frutas silvestres, o licor e o líquido extraído, em uma panela com açúcar. Experimente a mistura para dosar a quantidade de açúcar, acrescentando mais conforme necessário. Leve à fervura e, em seguida, mexa em fogo médio. Reduza o fogo e cozinhe até que o açúcar se dissolva por completo (aproximadamente 3 minutos).
Em uma tigela, misture a fécula de batata com o restante de água, tomando cuidado para não empelotar. É hora então de misturar todos os ingredientes até que assuma uma consistência mais grossa.
Tire do fogo e deixe esfriar em temperatura ambiente. Coloque na(s) forma(s) e deixe na geladeira até o dia seguinte.
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