Kornei Tchukóvski, o autor mais admirado pelas crianças da Rússia

Kornei Tchukóvski em seu escritório

Kornei Tchukóvski em seu escritório

Vladimir Savostyanov/TASS
Não há um adulto na Rússia que não tenha conhecido os livros de Kornei Tchukóvski durante a infância.

O mais famoso autor infantil russo, que teria completado 137 anos em março passado, continua no topo das listas de livros mais vendidos no país. Talvez o sucesso se deva ao fato de que seus livros estão imbuídos de uma inesgotável fé no triunfo do bem sobre o mal ou talvez se deva ao seu genuíno amor pelas crianças.  

Encantado pela revolução

Kornei Tchukóvski nasceu em São Petersburgo e estudou em um colégio em Odessa, de onde foi expulso por conta de suas “baixas origens” (sua mãe trabalhava como criada na casa de seu pai). O garoto então estudou por conta própria e aprendeu inglês e francês.

Em 1901 começou a escrever artigos para o jornal “Notícias de Odessa”, tornando-se correspondente em Londres dois anos depois. Tchukóvski se considerava um mau jornalista e admitia passar horas absorto em leituras no Museu Britânico em vez de acompanhar os acontecimentos da capital inglesa. Ele retornou à Rússia durante a revolução de 1905 e começou a publicar uma revista satírica que o levou à prisão, da qual saiu com o esforço de seu advogado.

Dedicou-se à tradução de expoentes da literatura de língua inglesa, como Mark Twain e Oscar Wilde, mas tornou-se realmente conhecido como autor de poemas e contos para crianças. Foi um dos primeiros autores a escrever para crianças pequenas, entre dois e três anos de idade.

Kornei Tchukóvski lê suas histórias durante a Semana do Livro Infantil de Moscou. Foto: Alexander Batanov/TASS Kornei Tchukóvski lê suas histórias durante a Semana do Livro Infantil de Moscou. Foto: Alexander Batanov/TASS

Ele acreditava que o objetivo de suas histórias era, acima de tudo, “cultivar a humanidade nas crianças - essa maravilhosa habilidade de se preocupar com as desgraças de outras pessoas, de se alegrar com suas alegrias e de experimentar o destino de outras pessoas como seu próprio”.

Problemas com os soviéticos

Na década de 1930, Tchukóvski foi alvo de uma campanha de ódio iniciada por Nadejda Krúpskaia, esposa de Vladímir Lênin, que considerava as histórias do escritor inadequadas para os padrões pedagógicos soviéticos. O autor foi profundamente afetado por essa oposição e passou um longo tempo sem escrever depois desse episódio.

Para alguns leitores, o personagem principal de um de seus livros, “Tarakánische” (A Barata Monstro), é uma alusão a Iossif Stálin. A história fala sobre “um terrível gigante, uma barata ruiva com um grande bigode, que aparece no reino animal e começa a intimidar a todos, exigindo que lhe dessem pequenos animais para jantar”.

Muitas coisas desagradavam Tchukóvski na sociedade soviética, e o escritor lutou para defender outros autores e intelectuais das injustiças e perseguições do regime.

Principais trabalhos

Mais tarde, o escritor dedicou-se a recontar as histórias da Bíblia para crianças, mas o projeto se tornou muito difícil devido à postura anti-religiosa do Estado soviético. A primeira parte do projeto, que se tornou o livro “A Torre de Babel e Outras Lendas Antigas”, foi destruída pelas autoridades e só se tornou acessível para os leitores em 1990.

Sempre seguido pelas crianças, o autor começou a passar cada vez mais tempo na colônia de escritores de Peredélkino, próximo a Moscou. Ali, abriu com seus próprios recursos uma biblioteca infantil, que permanece em funcionamento até hoje.

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