Palácio dos Terems, o mais solene do Kremlin

Legion Media
A primeira residência de pedra dos monarcas russos no Kremlin de Moscou ainda surpreende com sua decoração luxuosa e arquitetura bem pensada.

No território do Kremlin de Moscou há um palácio construído para o primeiro monarca da dinastia Romanov, o tsar Mikhail Fiódorovitch, também conhecido como Miguel da Rússia em português. O nome dessa residência, Palácio dos Terems, se deve ao fato de que sua arquitetura é inspirada nos tradicionais terems russos em madeira. Terem é um casarão de madeira com uma silhueta fantasiosa, decoração esculpida e telhado de duas águas.

Vistas de Moscou e seus arredores. Palácio dos Terems no Kremlin de Moscou, por G. Quarenghi, 1797.

O palácio, porém, foi o primeiro edifício de tijolos no Kremlin. Sua construção se deu entre 1635 e 1637 graças a Bajen Ogurtsov, Trefil Charutin, Antip Konstantinov e Larion Uchakov. Inicialmente, era destinada aos filhos de Miguel, mas ele mesmo decidiu viver lá.

O Palácio dos Terems se tornou o edifício residencial mais alto da cidade — um arranha-céu da época. Pela fachada, lembra uma pirâmide com plataformas para caminhada: quanto mais alto, menor é o andar em área.

As paredes exteriores, ricamente decoradas, foram pintadas em vermelho, amarelo e laranja. As molduras brancas das janelas artisticamente esculpidas receberam entalhes vermelhos.

O palácio tem cinco andares. A água, as velas e os legumes em conserva ficavam armazenados no térreo. O primeiro andar era ocupado pelos ateliers da tsarina, onde eram confeccionados os vestuários da família real. O segundo andar compreendia uma sala de banhos, assim como uma torre de água. No terceiro estavam localizados os aposentos do tsar, um quarto de dormir, uma sala de orações, a sala do trono e o gabinete do imperador. Frente a este encontrava-se uma caixa destinada a receber petições. Os quartos aqui foram projetados para que os visitantes curiosos na sala de entrada para o terceiro andar não pudessem ver o que estava acontecendo em outros cômodos. No último andar havia uma sala de jogos para os filhos do monarca, e era possível acessá-la apenas através dos aposentos do tsar.

Os tsares costumavam trabalhar sem sair do Palácio dos Terems. Aqui foram anunciados decretos e recebidos embaixadores de outros Estados, aconteceram reuniões da Duma (Parlamento) e assinados documentos. Uma das mais belas salas do palácio é o chamado Salão de Ouro, que servia como gabinete do tsar. Esta sala recebeu tal nome em função do revestimento das paredes e abóbadas: uma cobertura contínua de couro pintado com figuras de animais e plantas em cor dourada. No mesmo espaço, também estava o trono, onde eram, muitas vezes, recebidos altos funcionários de Estado e boiardos.

O Palácio dos Terems serviu de residência dos tsares até ao final do século 17, quando a capital da Rússia foi transferida de Moscou para São Petersburgo. Em 1701, o palácio foi gravemente danificado por um incêndio. Durante a Guerra contra a França de 1812, foi ocupado pelo quartel-general de Napoleão, que não se importou em preservar este monumento arquitetônico. Como resultado, os inestimáveis interiores históricos foram destruídos.

O palácio acabou sendo restaurado em meados do século 19, Os murais foram recriados pelo artista Fiódor Sólntsev, os quartos foram novamente decorados com motivos florais dourados.

Atualmente, o Palácio dos Terems, assim como os outros edifícios do complexo do Grande Palácio do Kremlin, faz parte da residência oficial do presidente da Rússia.

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