5 fatos sobre a maior igreja católica da Rússia

Viagem
ALEKSANDRA GÚZEVA
No início do século 20, havia tantos poloneses em Moscou que os católicos já não tinham locais suficientes para o culto. Para resolver a questão, eles construíram a enorme Catedral da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.

1. Acomoda 5.000 pessoas

No final do século 19 em Moscou existiam duas igrejas católicas que não podiam mais acomodar todos os católicos locais. Na cidade ortodoxa viviam cerca de 30 mil católicos, dos quais a maioria eram poloneses que trabalhavam na ferrovia Moscou-Smolensk. Foram os poloneses que arrecadaram fundos e escolheram um terreno próximo à estação ferroviária Belorússkaia para a construção da nova enorme catedral católica. Esse local estava nos arredores de Moscou, bem longe do centro e de importantes santuários ortodoxos, e a prefeitura deu luz verde para a construção do templo que poderia acomodar até 5.000 pessoas. Para efeitos de comparação, naquela época, a maior catedral ortodoxa do país, a Catedral de Cristo Salvador, acomodava pouco mais de 7.000 pessoas.

No início do século 20, o número de católicos em Moscou continuou a crescer. Em 1905, o imperador Nicolau 2º emitiu um manifesto sobre tolerância religiosa; assim, os súditos russos não tinham mais medo de aceitar a fé greco-católica, e muitos se converteram da ortodoxia.

2. Construído em estilo neogótico

O autor do projeto do templo foi o arquiteto Tomasz Bohdanowicz-Dworzecki, representante de uma antiga família nobre polonesa. Embora a prefeitura de Moscou tenha proibido o uso de decorações, torres e esculturas no projeto da Catedral, o arquiteto violou todos os regulamentos. Dworzecki se inspirou nos contornos da Abadia de Westminster em Londres e na Catedral de Milão.

Na virada dos séculos 19 e 20, o estilo pseudo-histórico estava em alta, por isso faz sentido que o arquiteto tenha se guiado pelo estilo gótico medieval — daí os arcos pontiagudos, torres altas e ornamentos crucíferos.

A construção do templo dedicado à Imaculada Conceição da Virgem Maria começou em 1899, mas foi consagrado apenas em 1911. Os trabalhos de decoração de interiores continuaram por mais cinco anos após a consagração.

3. Nos tempos soviéticos, foi usado para armazenar vegetais

A perseguição contra religiões começou imediatamente após a revolução bolchevique. Em 1937, o padre polonês Michał Cakul foi executado por espionagem, a catedral foi fechada e todos os objetos de valor, confiscados.

Durante os anos soviéticos, a catedral sobreviveu a vários incêndios; durante a Segunda Guerra Mundial, o templo ficou gravemente danificado por bombardeios. Após a guerra, as torres e pináculos foram demolidos e pouco restou da aparência original do templo.

O enorme espaço interno foi dividido em andares e escritórios independentes. O primeiro andar serviu de armazéns de vegetais, alguns andares se tornaram um dormitório e em outros funcionou uma agência de desenhos industriais.

4. É hoje a principal catedral católica de Moscou

Durante os últimos anos da URSS, quando professar religião já era novamente permitido e as igrejas começaram a ser devolvidas aos sacerdotes, a diáspora polonesa também pediu a devolução da Igreja da Imaculada Conceição. O primeiro serviço religioso dentro do templo foi realizado pelo padre polonês Tadeusz Pikus em 1990. Vários milhares de pessoas se reuniram em frente do templo para testemunhar este evento.

No entanto, a agência de desenhos industriais permaneceu em operação no templo até 1996, quando a comunidade pediu uma intervenção ao presidente Boris Iéltsin. Em 1999, a restauração do templo foi concluída. Hoje é a principal catedral católica em Moscou. As missas são realizadas em vários idiomas. Em 2021, pela primeira vez na história, um padre russo, Dmítri Novoseletski, se tornou o reitor da catedral.

No templo fica também um dos maiores órgãos de sopro da Rússia, e concertos de órgão são realizados regularmente.

5. Um pedaço do véu da Virgem Maria está guardado no novo altar

Durante a era soviética, o interior do templo foi quase destruído, muitos elementos decorativos foram perdidos e outros, jamais restaurados. Antes da revolução, o altar era uma pequena cópia da catedral, ou seja, uma composição gótica com três torres. Hoje, a parte principal do altar é uma cruz de madeira com uma figura de gesso de Cristo e figuras da Mãe de Deus e do Evangelista João nas bordas, criados pelo arquiteto Sviatoslav Zakhlióbin.

O altar contém partículas de relíquias de santos, incluindo do apóstolo André, e, ainda mais importante, uma partícula do véu da Bem-Aventurada Virgem Maria, a quem o templo é dedicado. Estas relíquias sagradas foram recebidas como presente da Catedral de Verona pelo arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz.

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