O Planalto Putorana é uma cordilheira gigante para além do Círculo Polar Ártico. Por ser uma das reservas mais isoladas do mundo, é de difícil acesso para uma pessoa comum. Também é famosa por suas paisagens incríveis: montanhas de topo plano pontilhadas de cachoeiras e cânions profundos.
O carneiro-das-neves de Putorana, uma subespécie da Ovis nivicola, encontrou seu lar ali. Por incrível que pareça, seus parentes mais próximos estão a mil quilômetros desta região, no norte da Iakútia.
Eremitas de paisagens rochosas
Na Rússia, os carneiros-das-neves vivem principalmente na Iakútia (os moradores locais os chamam de ‘tchubuka’), Kamtchatka, Tchukotka e Sacalina. Mais de 70.000 habitam as paisagens montanhosas da Sibéria Oriental e do Extremo Oriente da Rússia. Enquanto isso, há parentes desses carneiros selvagens vivendo na América do Norte e outras partes da Ásia.
Em quase todos os lugares, as populações de carneiros-das-neves são bastante solitárias, elas escolhem paisagens rochosas isoladas para viver. Mas, a subespécie mais incrível de carneiros selvagens foi encontrada no Planalto Putorana (ao norte da região de Krasnoiarsk). Esta é a fronteira ocidental do seu habitat, que fica a mais de mil quilômetros da população iacuta.
Os cientistas acreditam que eles chegaram à região há cerca de 12.000 anos, quando florestas começaram a surgir no norte da Sibéria Oriental, privando os animais de pastagens. Além de preferirem a paisagem rochosa do montanhoso Planalto Putorana, em caso de perigo, escondem-se nas rochas.
Na aparência, eles não diferem muito de seus parentes: atarracados, com chifres robustos e torcidos e pelo branco nas patas traseiras. Aliás, os chifres crescem ao longo da vida e, por eles, é possível distinguir um macho de uma fêmea. Os machos têm chifres grossos, enquanto os das fêmeas são finos.
Censo incerto
Os carneiros-das-neves de Putorana estão listados no Livro Vermelho da Rússia como animais em risco de extinção. Foi para preservar a subespécie que criou-se, em 1988, a Reserva Natural de Putorana. Lá é proibido caçá-los.
Ainda assim, é extremamente difícil calcular o número exato. Segundo fontes diversas, há cerca de 1.500, mas outros dizem que são até 6.000. Rebanhos de 20 carneiros são considerados grandes. O número de carneiros também é influenciado por predadores (lobos, glutões), além de outros fatores naturais.
Netos adotivos
Os cientistas também chamaram a atenção para as “tradições familiares” desses carneiros. Por exemplo, machos e fêmeas vivem separados durante a maior parte do ano. Os machos jovens possuem seus próprios rebanhos, que consistem em indivíduos aparentados entre si — irmãos, primos.
Em novembro e dezembro, acontece uma “temporada de casamentos”, e as disputas são resolvidas em “torneios”, nos quais lutam com chifres. O vencedor tem o direito de cortejar a fêmea. No final da primavera, os casais geralmente dão à luz filhos. As jovens mães formam “rebanhos maternos”, enquanto os jovens pais voltam à sua vida habitual.
Normalmente, na natureza, essas “famílias” consistem apenas de uma mãe e seus filhos. Mas, em rebanhos de carneiros-das-neves de Putorana, os cientistas também encontraram “avós” — que cuidam de seus filhos e netos e até mesmo dos netos de outros carneiros. Isto pode acontecer devido a condições mais adversas do que outros habitats de carneiros selvagens.
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