Pedro, o Grande, foi o primeiro governante russo a introduzir no país a moda do paisagismo no sentido moderno da palavra. Antes disso, os jardins eram predominantemente utilitários, para colheita (um jardim desse tipo sobreviveu no parque em Kolomenskoie, por exemplo). Mas não havia parques para passear. O imperador trouxe da Europa não apenas a ideia de parques como lazer, mas também paisagistas que pudessem criá-los. Os parques maiores em estilos inglês e francês apareceram primeiro em São Petersburgo e depois em outras cidades. Veja onde mais encontrá-los:
Cerca de 40 km a sudoeste de São Petersburgo fica um dos lugares mais populares e visitados da região — o Palácio de Gatchina, que foi construído na década de 1790 e está cercado por um grande parque.
Assim como outros parques ingleses, pode às vezes parecer um tanto sombrio, e o visitante não sabe o que o espera. Também chamado de jardins irregulares, parecem criados pela própria natureza, embora certamente tenham sido dispostos conforme um plano estrito.
Inside the Eagle Pavilion in Gatchina.
Vadim Razumov/WikipediaO Jardim Inglês da propriedade de Gatchina inclui lagos com ilhas, caminhos arborizados e labirintos. Todos estão intrinsecamente interconectados e complementados por estruturas diversas. Por exemplo, existe uma gruta conhecida como Eco na qual cada som reverbera repetidamente. O Pavilhão da Águia é uma rotunda em uma das ilhas com uma águia de mármore e o monograma do Imperador Paulo 1º.
Mas o poço de água octogonal aberto, em forma de piscina no meio de uma clareira arborizada, é definitivamente o ponto mais curioso.
Ao longo da margem do rio Fontanka, no terreno da propriedade Gavrila Derjávin, pode-se passear pelo Jardim Polonês, criado no final do século 18. O local possui o nome da catedral católica próxima, que era a igreja da comunidade polonesa na época de sua construção.
O Jardim Polonês combina canteiros de flores tradicionais e arbustos ornamentais com hortas, conferindo um aspecto rústico à área da propriedade. Além disso, há também um Teatro Verde ao ar livre onde acontecem apresentações durante o verão.
Em contraste com os ingleses, os parques franceses têm uma estrutura regular. O exemplo mais marcante de parque nesse estilo na Rússia é o Peterhof, ao sul de São Petersburgo, inspirado em Versalhes. O único parque em estilo francês em Moscou pode ser encontrado na propriedade Kuskovo, que data de meados do século 18.
Ali, o projeto original sobreviveu com suas esculturas de mármore simetricamente dispostas, obeliscos e pavilhões, além de um sistema de abastecimento de água composto por lagoas e canais. A parte oriental da propriedade exibe um jardim inglês que contrasta com o parque francês.
A segunda metade do século 19 foi um período marcado pelo entusiasmo pela cultura oriental. Um pequeno jardim chinês apareceu em Peterhof em 1866, próximo ao terraço do Palácio Monplaisir, às margens do Golfo da Finlândia. De acordo com a cultura chinesa, um jardim é mais do que apenas um jardim — é uma ajuda visual para interagir com a natureza.
Neste há um grande número de relevos, colinas, rochas, lagoas e terraços criados artificialmente; bem no meio do Jardim Chinês de Peterhof fica uma gruta com fonte e cascata, conhecida como Rakovina (concha), com riachos atravessados por pontes em miniatura.
Não se sabe muito sobre a história, uma vez que o jardim foi abandonado durante quase meio século e só acabou restaurado na década de 1950.
Um dos maiores parques chineses fora da China está localizado não muito longe da estação de metrô Botanichesky Sad (Jardim Botânico) em Moscou. O jardim paisagístico de Huamin foi inaugurado no início de maio de 2023 perto do centro empresarial homônimo. O parque é composto por três zonas: miradouros tradicionais com espelho de água ao centro, trilhas para passeio através de um bosque e área de serviços.
Logo na entrada, os visitantes passam sob um arco com seres místicos de lendas e lanternas chinesas. Não muito longe dali há um monumento ao filósofo chinês Confúcio. Pela área estão espalhados gazebos e pavilhões, onde podem ser realizadas cerimônias e eventos diversos.
O Jardim Botânico da Academia Russa de Ciências abriga um jardim criado na década de 1980, conforme um projeto do arquiteto paisagista japonês Ken Nakajima. Os jardins japoneses são toda uma construção filosófica – um universo em miniatura. A composição do parque japonês em Moscou é organizada de forma a exibir todas as estações do ano. Cerca de 70 tipos de plantas crescem na área, algumas trazidas do Japão. Claro que não podem faltar a sakura (flor de cerejeira) e o rododendro japonês.
O Jardim Botânico de São Petersburgo também tem seu Jardim Japonês. Surgiu em 2010 como resultado de um projeto conjunto de especialistas russos e japoneses. Conta com um pavilhão, um jardim de pedras com uma miniatura do Monte Fuji e um lago habitado por um kappa (figura aquática do folclore japonês). O jardim só pode ser visitado com agendamento.
Neste primeiro semestre de 2023, os moradores de Krasnodar ganharam um novo local para caminhadas: o Jardim Japonês. Situado dentro do Parque de Krasnodar, estende-se por uma área de 7,5 hectares, com 12.000 árvores e arbustos, enquanto 3,5 km de caminhos percorrem o jardim.
Os visitantes entram por um portão com esculturas decorativas.
Um dos recantos mais pitorescos é um jardim de pedras com diversas plantas e formas arquitetônicas. Os padrões ondulados simbolizam água corrente e as rochas remetem às montanhas.
Perto dali existe a chamada lagoa seca, onde foram colocadas pedras em forma de lago, mas sem água. O jardim também tem pavilhões tradicionais.
A cidade de Pskov, no oeste da Rússia, é geminada com a finlandesa Kuopio, em homenagem à qual um parque foi construído em 1991 - para marcar 25 anos de relações amistosas. O Parque Finlandês fica bem no centro de Pskov, às margens do rio, não muito longe do Kremlin local.
Ali ainda se encontram as ruínas de um antigo moinho de água do século 16 e de uma fábrica de curtumes do século 17.
Esta ilha artificial no centro de São Petersburgo é hoje um dos pontos mais elegantes da cidade. A Nova Holanda é tão antiga quanto a própria capital do norte. O nome lembra o fato de que o tsar Pedro 1º construiu a Frota do Norte nas margens do rio Neva e convidou construtores navais holandeses para a capital para tal finalidade. Tanto é que armazéns de madeira para embarcação ainda podem ser encontrados. Hoje em dia, é um parque e espaço público com exemplares proeminentes de arquitetura industrial.
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