Uma estepe é uma área de pastagem sem floresta. Esse tipo de vegetação cobre um enorme território no mapa da Eurásia – estendendo-se da Europa Oriental até praticamente a costa do Pacífico. Antes chamada de Grande Estepe, por onde passava a Grande Rota da Seda.
Em diferentes partes do mundo, as estepes têm nomes diferentes. Na Austrália e na África, é comumente chamada de savana; na América do Sul, de pampas; na Nova Zelândia, de campos de touceiras; e assim por diante. A estepe russa é, de fato, um fenômeno natural amplamente celebrado na cultura russa. Sua imagem tem uma conotação quase sagrada: a estepe vasta, abrangente e “comandante” é frequentemente associada à própria Rússia.
Tuvanos de Okinski (Soiots), povo nômade de criadores de gado, na Buriátia
Global Look PressNa Rússia, essas terras se estendem do Mar Negro até a região de Altai, no sul, chegando até as montanhas do Cáucaso. Uma parte da área de estepe fica na planície da Europa Oriental, e a outra, na planície da Sibéria Ocidental.
Portanto, as condições naturais na estepe russa também não são as mesmas. Existem as estepes de alta altitude do Cáucaso cobertas por gramíneas suculentas; e as estepes desérticas da Calmúquia, uma região onde é muito mais provável encontrar ervas daninhas e dunas de areia do que pastagens verdejantes.
Ao longo dos tempos, uma grande parcela das estepes russas foi destruída para se transformar em terras aráveis, campos de caça, assentamentos ou áreas de teste. As estepes virgens são raras hoje em dia, mas ainda existem.
A Estepe Tchuiskaia é uma delas. Trata-se de uma depressão entre montanhas no sudeste de Altai que se estende por 70 km de comprimento. É cercada por cordilheiras por todos os lados, o que a torna uma das mais belas estepes, mas o clima é rigoroso – é a estepe mais árida e fria das montanhas de Altai. A temperatura mais baixa registrada ali foi de -62°C.
Poucas variedades de fauna podem suportar variações extremas de temperatura (no verão, pode chegar a 31°C), por isso não há muita vida animal. Os animais grandes, por exemplo, sequer têm onde se resguardar. Muitos animais e pássaros locais estão à beira da extinção.
A Estepe Tchuiskaia é o habitat de um felino pequeno – o manul (ou gato-de Pallas), que está na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Com esse olhar muito expressivo, é o felino selvagem mais mal humorado da Rússia e absolutamente não suporta humanos.
Na primavera, a área da estepe fica coberta por vegetação vigorosa: ervas medicinais e plantas bulbosas capazes de reter a humidade e os nutrientes essenciais até à primavera seguinte. A floração das tulipas nas estepes da Calmúquia são um espetáculo à parte.
Na região de Ástrakhan, em um trecho da famosa Grande Estepe, as estepes russas estendem-se ao longo da margem esquerda do rio Volga por toda a região até chegar ao mar Cáspio. Esta estepe tem sua própria “cara” reconhecível: o solo retém calor, de modo que as temperaturas no verão podem atingir 50°C.
Os descendentes dos nômades que habitavam a estepe ainda vivem por lá: calmucos, cazaques, nogais e turcomenos.
Nos raros vilarejos da região, a população local cria ovelhas, gado, cavalos de raça e camelos. Seu orgulho particular é o camelo de duas corcundas, um dos maiores do mundo. Hoje, como há milhares de anos, o animal ainda é usado para transportar carga.
Um animal exclusivo das estepes da região de Calmúquia e Ástrakhan é o saiga, antílope de estepe com uma aparência extremamente incomum e que já existia na época dos mamutes.
A estepe de Ástrakhan também tem seu “mistério”: o Monte Bogdo, um lugar sagrado para a população local. É muito fácil identificá-lo – é a única montanha na paisagem plana e tem um tom avermelhado. Na realidade, é um monólito de sal-gema; o sal sobe gradualmente à superfície, empurrando para cima as rochas antigas (de cerca de 250-300 milhões de anos).
Atualmente, muitas estepes russas são áreas protegidas, uma vez que sua terra fértil é terreno desejável para a agricultura. Até a década de 1990, a Rússia não tinha uma única reserva natural nas estepes. A de Oremburgo foi a primeira.
Também foi decidido reintroduzir na região os cavalos-de-przewalski, uma subespécie de cavalo selvagem que acredita-se não existir mais na natureza na Rússia.
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