Se você já caminhou pelas margens do famoso rio Nevá, no centro de São Petersburgo, certamente notou essas grandes colunas vermelhas. Elas ficam situadas na costa da Ilha Vassilievski e formam seu conjunto arquitetônico.
A.Savin, WikiCommons
Hoje em dia, essas colunas são uma das imagens mais populares de cartão postal, ao lado de pontes levadiças e do Palácio de Inverno. Mas o que muitos visitantes – e até locais – se perguntam é: o que elas representam? São apenas decorativas ou têm alguma função?
Um pouco de história
O imperador russo Pedro, o Grande, que fundou a cidade em 1703, não chegou a ver essas colunas; elas apareceram mais tarde, no início do século 19. Mas ele deu o primeiro passo ao criar a primeira Marinha Russa e com ela obteve grandes vitórias navais (leia mais aqui).
As conquistas da Marinha Russa reforçaram o poderio do Império Russo e geraram apreensão em todos os países que planejavam invadir o território.
Colunas da vitória
As colunas vermelhas em São Petersburgo são conhecidas como colunas rostrais. Desde os tempos antigos, e sobretudo na Roma Antiga, os arquitetos costumavam decorar colunas com troféus – proas ou aríetes dos navios derrotados, que, em latim, são chamados de ‘rostro’.
Quanto mais rostros, mais inimigos deveriam ter medo de enfrentar a Marinha. E mais pessoas teriam orgulho de seu país.
Outro exemplo conhecido de coluna rostral é o Monumento a Cristóvão Colombo em Columbus Circle, em Nova York. Também há colunas rostrais na praça dos Quinconces, na cidade francesa de Bordeaux.
Marcel René Kalt; Albert Bergonzo (CC BY-SA 4.0)
Na Rússia, existem colunas rostrais em Tsarskóie Selô, não muito distante de São Petersburgo, e são dedicadas à Batalha de Chesma em 1770, a maior vitória da Marinha Russa.
Ljubimaja Muza (CC BY-SA 3.0)
Outra coluna decora a entrada da cidade de Vladivostok.
Colunas rostrais de São Petersburgo
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São Petersburgo tem, no entanto, as colunas rostrais mais famosas do mundo. Elas foram criados de 1805 a 1810 pelo arquiteto francês Jean-François Thomas de Thomon, que estava encarregado de todo o conjunto arquitetônico da Ilha Vasilievsky – e incluiu também a construção da Bolsa de Valores de São Petersburgo. Suas obras foram baseadas no estilo neoclássico, pelo qual o imperador Aleksandr 1º tinha adoração.
Bibliothèque municipale de Nancy
Ambas as colunas petersburguenses são feitas de pedra, têm 32 metros de altura e cada uma é decorada com oito aríetes, além de âncoras e criaturas de contos de fadas: cavalos-marinhos, peixes, crocodilos. Os ‘rostros’ dos navios são, no entanto, falsos, sendo feitos de cobre.
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Na base de cada coluna há duas figuras, uma masculina e uma feminina. Elas se assemelham a deuses antigos e, de acordo com a visão do autor, simbolizam os deuses do mar e do comércio. No entanto, historiadores locais presumiram, mais tarde, que essas figuras pudessem simbolizar os rios russos: Volga, Dnieper, Nevá e Volkhov.
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As colunas estão vazias por dentro – há uma escada em espiral até o topo, que leva a enormes superfícies com lâmpadas. Este é, de fato, o objetivo principal das colunas. Elas eram preenchidas com óleo e iluminadas. Ao longo do século 19, essas duas enormes tochas serviram de farol para os navios que entravam no porto de São Petersburgo. E eram especialmente úteis durante a noite e nos dias de nevoeiro intenso.
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No entanto, era bastante caro manter esse tipo de farol. A partir do século 20, passaram a ser usados raramente e apenas em ocasiões especiais. Desde 1957, a iluminação é feita por gás e acesa em grandes eventos.
Kora27 (CC BY-SA 3.0)
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