Áreas de visitação vedada
Vamos começar com o arroz com feijão: simplesmente “chegar chegando” ao Planalto Putorana ou à Tchukotka é impossível. Os meios de transporte funcionam direitinho para lá: aviões voam, navios atravessam o Oceano Ártico.
O único detalhe é que você não poderá sair desses veículos se não tiver permissão para visitar esses territórios - e algumas companhias aéreas sequer venderão passagens para lá sem este documento de antemão.
Acontece que na Rússia existem cidades e até regiões inteiras cuja visita é vedada a estrangeiros. E isto não acontece apenas em áreas de fronteira ou cidades industriais e militares fechadas: é quase impossível entrar por acaso nesses locais.
A lista de territórios de visitação vedada também inclui regiões do Extremo Norte de encher os olhos onde se pode admirar a natureza selvagem da Rússia.
Entre elas, estão:
- Península de Taimír (que inclui a cidade de Norilsk e o famoso Planalto Putorana);
- Região Autônoma de Tchukotka, cuja capital é a cidade de Anadir. Os principais cartões-postais ali são a Ilha de Wrangel, a Aleia das Baleias, a Terra de Francisco José, o Parque Nacional “Beringuia” e o Cabo Dejnióv.
- A maior parte do Kamtchátka - inclusive o vulcão Kliutchevskáia Sôpka.
E isto não é tudo: há lugares assim em 18 regiões russas (a lista completa em russo está disponível aqui), que se estendem desde o exclave russo na Europa de Kaliningrado até o Extremo Oriente do país.
Assim, mesmo que o estrangeiro não precise de visto para a Rússia (no caso de ser um brasileiro visitando o país a turismo, por exemplo, ou se entrar no país de navio em um navio de cruzeiro, quando tem a possibilidade de permanecer na Rússia por três dias), ele necessitará permissão para visitar esses territórios.
Como obter a permissão especial
Se estiver indo a trabalho ou para visitar parentes, a permissão de entrada precisará ser feita por seu anfitrião no escritório local do FSB (da sigla em russo, “Serviço de Segurança Federal”, órgão que substituiu a KGB) ou na prefeitura da cidade.
Seu anfitrião deverá encontrá-lo no aeroporto ou na estação de trem e certificar-se de que você não deixe as região "permitida".
Por exemplo, se for a Norilsk a trabalho e quiser visitar o Planalto Putorana como turista ou quiser ir da capital, Anadir, até o Parque Beringuia, precisará ir aos escritórios dessas reservas e conseguir uma premissão de entrada como turista.
Mas se você for somente um turista, é melhor entrar em contato com uma agência de viagens russa que ofereça passeios para a região. Geralmente, só as agências de viagens autorizadas poderão providenciar a entrada de turistas estrangeiros.
É preciso planejar a viagem com antecedência: leva pelo menos um mês para emitir a permissão e, em alguns casos, demora até seis meses, segundo profissionais do setor de turismo.
"Nos últimos cinco ou seis anos, tem havido um aumento do interesse dos estrangeiros vindos da Alemanha, Suíça, Itália, Noruega, Grécia e Polônia. Mas a dificuldade está no fato de darem ou não a permissão às véspera da viagem, e isso deixa as pessoas nervosas”, conta Anna Scheller, da agência Saianring.
E se eu chegar sem permissão?
Mesmo que, por acaso, você consiga comprar passagens e embarcar, quando você chegar ao local, provavelmente, não será liberado terá que retornar.
No início dos anos 2000, alguns estrangeiros foram deportados às custas das companhias aéreas que lhes venderam passagens sem verificar se os compradores tinham permissões para entrar no local.
Por isto, hoje é improvável que alguém possa simplesmente comprar passagens e embarcar para estas regiões.
Além disto, o voo de volta em muitas cidades do norte pode demorar bastante. Bastante mesmo. E pode ser, inclusive, que na data do voo não haja poltronas disponíveis.
Além disso, o infrator deve pagar à Federação da Rússia uma multa que varia de dois a dez mil rublos (entre US$ 30 e US$ 100), dependendo do local onde ele for parar, e terá problemas na próxima vez que tentar obter um visto para o país.
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