De Stálin oculto a inundações e amuletos, os segredos do metrô de São Petersburgo

Viagem
VICTORIA DREY
Fantasmas, enchentes e pássaros da sorte – confira algumas das curiosidades mais fascinantes e bizarras sobre o sistema de metrô da capital cultural russa.

Erosão natural

São Petersburgo sempre sofreu com enchentes, inundações e desmoronamentos. A erosão subterrânea mais catastrófica ocorreu em 1995, entre as estações de Ploschad Muzhestva e Lesnaya.

Os danos foram tão graves que levou quase 10 anos para concluir as obras e retomar o tráfego nesse trecho. Além disso, o desmoronamento também deixou os edifícios acima do solo destruídos. Como as águas inundaram rapidamente as estações, as portas de emergência não fecharam por completo. Todos os passageiros foram, no entanto, resgatados. Embora já houvesse ciência da possibilidade de ocorrência algo assim desde 1974, ninguém levou o assunto a sério naquele momento e nenhuma ação preventiva foi tomada.

Fantasmas do passado

Poucos sabem que algumas estações de metrô de São Petersburgo foram fechadas. Uma delas era a Dachnoye, que abriu em 1966 como uma estação de superfície. Isso era bastante estranho para a cidade por causa do clima severo. 

A Dachnoye deveria ser temporária, enquanto outras estações permanentes estavam em construção. Deixou de operar em 1977, e, mais tarde, tornou-se sede local da polícia de trânsito.

Há também as chamadas estações ‘fantasmas’, aquelas em que os trens circulam sem parar. Este é o caso da Admiralteyskaya, que por muito tempo foi a estação mais profunda da Rússia (com 89 metros).

Igrejas viram estações

A maioria das estações de metrô de São Petersburgo foram construídas na época soviética, quando a religião era reprimida, e pelo menos três igrejas ortodoxas foram demolidas para dar espaço a estações. Uma foi a Igreja do Salvador, construída na Praça Sennaya na década de 1750 e supostamente concebida por Rastrelli.

No auge da campanha antirreligiosa de Nikita Khruschov, em 1961, o templo foi destruído, e em seu lugar surgiu o saguão de entrada da estação Sennaya Ploshchad.

Recentemente, foi decidido reconstruir a igreja perto do metrô. 

Stálin oculto

Ainda sob o pano de fundo soviético, vale lembrar o impacto de Iossef Stálin no metrô de São Petersburgo.

Como o metrô foi construído rapidamente após a Segunda Guerra Mundial, cada estação deveria ter pelo menos uma imagem de um líder soviético vitorioso. No entanto, o sistema ficou pronto apenas após a morte de Stálin em 1955, e, por isso, seguiu uma campanha contra a sua memória.

Foram tirados todos os mosaicos com a imagem de Stálin, e o único baixo-relevo sobrevivente fica na estação Ploshchad Vosstaniya.

A estação Narvskaya, por sua vez, tinha um dos maiores painéis com a imagem de Stálin, mas, em 1961, o mosaico foi coberto por uma parede falsa, sem danificar a estrutura. Hoje, no entanto, não há evidência clara de que a imagem de Stálin permaneça intacta debaixo da parede. 

Olhar contemporâneo

Não só as antigas, mas algumas novas estações de metrô também são conhecidas por seu design.

Um incidente divertido aconteceu quando a estação Mezhdunarodnaya foi inaugurada em 2012. Sua decoração tem como tema Criação do Mundo e incluía um enorme mosaico com um Atlas completamente nu. Na véspera da abertura, foi decidido que a imagem poderia causar constrangimento para alguns passageiros, e, assim, a figura do Atlas foi rapidamente coberta com um manto.

A estação Bukharestskaya também tem um elemento interessante e que lhe confere significado especial. As paredes nas plataformas estão decoradas com um padrão ornamental dourado ao longo de sua extensão, e somente um olhar atento é capaz de perceber a imagem de um pequeno pássaro cantor. Esse ‘pequeno amigo’ logo se tornou um bom presságio para aqueles que o veem ao sair do trem.

Perigo de inundações

Algumas estações de metrô de São Petersburgo estão situadas em áreas propensas a inundações, entre elas a Nevsky Prospekt, a Admiralteyskaya, a Krestovsky Ostrov e a Sportivnaya. As fundações destas e de outras estações são mais altas do que as das estações comuns, o que as torna mais seguras no caso de inundações.